Onde todos são estudantes, todos também são professores

Samuel de Almeida
Desen
Published in
3 min readJan 8, 2018

Salas de aula são um dos ambientes onde eu sinto mais dificuldade para aprender algum assunto de forma mais profunda.

Acredito que o formato tradicional de “um que sabe” ensinando muitos que não sabem cria mais limites do que caminhos para o aprendizado, afinal estamos aprendendo aquilo que o professor sabe — e que na maioria das vezes é só uma visão sobre um assunto — como se fosse a verdade incontestável.

Há pouco espaço para a contestação de ideias; quando um aluno já estudou o assunto por outro ponto de vista e tenta trazê-lo para a sala, surge a “justificativa” de que é preciso avançar com o conteúdo, e não dá tempo de discutir.

Obviamente, alguns professores fazem um esforço para quebrar esse ritmo e criar um espaço onde ideias, além de serem transmitidas, também podem ser questionadas e criadas — você deve lembrar de algum, ou quem sabe você mesmo cumpre esse papel em algum lugar — mas o modelo, o padrão, é aquele onde um fala, e todos escutam.

Um outro ambiente onde o aprendizado pode acontecer de uma maneira muito mais fluída, com diversidade de visões, e também muito mais rápida, é aquele em que os estudantes se comprometem (mesmo que de forma interna, no próprio pensamento) com um objetivo comum, e aprendem juntos como alcançá-lo.

É assim que eu vejo o Medium, por exemplo. Muitas das pessoas que estão aqui tem o objetivo de escrever melhor, ou simplesmente escrever com uma certa consistência, e ainda que estejamos em momentos diferentes (alguns escrevem há anos, outros estão começando, e a maioria está em algum ponto no meio desse caminho) nenhum de nós é aquele que deve ser seguido.

Cheguei aqui com o objetivo de escrever um texto por semana, e fui bombardeado com tantos conteúdos, de tantas vozes diferentes, que em três meses eu já estou escrevendo dois por dia. E o mais interessante dessa experiência é que muito pouco do que li foi sobre o ato de escrever.

O Medium é uma oportunidade diária de aprender através da prática; ver o que os outros criam, descobrir o que eu gosto e não gosto, entender como outros escritores conseguem usar seus textos para abrir conversas, receber avaliações através de comentários e aplausos nos meus próprios textos.

Claro, quantidade não significa qualidade, e dois textos por dia não se traduzem em dois textos bons por dia. Mas escrever apenas uma vez por semana também não é garantia de um bom conteúdo. A questão é que, por probabilidades, se eu tentar várias vezes, é mais fácil ter pelo menos um resultado bom do que tentando apenas uma.

Acredito que existam “plataformas” assim para a maior parte das coisas que desejamos aprender. Talvez seja um grupo no Facebook, os comentários em um canal no YouTube, ou até mesmo um grupo de pessoas que você conhece pessoalmente.

A existência de um professor também não é algo objetivamente negativo, mas na figura de um facilitador do conhecimento, que mostra caminhos possíveis, expõe suas próprias limitações e demonstra ser também alguém que está aprendendo, ele se torna muito mais útil para o grupo do que sendo aquele que detém a verdade.

Se você quer acelerar o seu aprendizado sobre uma determinada habilidade, talvez um curso padrão não seja a melhor ideia. Você pode buscar (ou quem sabe criar?) um espaço de aprendizado coletivo, onde todos erram, aprendem, acertam e ensinam juntos.

Oi! Se você gostou desse texto, lembre de clicar nas palminhas — de uma até 50 vezes — quanto mais você clicar, maiores serão as chances de que outras pessoas também possam encontrar esse post (e também me mostra o quanto você gostou dele, então eu posso escrever mais sobre o assunto!).

👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏

Fique à vontade para usar o espaço dos comentários, para concordar, acrescentar algo, ou até discordar completamente do que eu disse!

--

--

Samuel de Almeida
Desen
Editor for

Aquela bio com uma crise existencial por não saber me definir.