Porque você nunca deveria “pular” um dia nas suas promessas

Sempre que prometer para si mesmo cumprir uma tarefa diariamente, nunca deixe que um dia passe em branco; a menos que queira lidar com uma bola de neve

Samuel de Almeida
Desen
5 min readJan 5, 2018

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Quando estamos motivados por uma ideia, temos a sensação de que o nosso plano é perfeito — nada pode dar errado, e somos capazes de lidar com o que vier pela frente.

Mas a motivação não é um recurso inesgotável; em certos dias, simplesmente não podemos encontrá-la em lugar algum. São nesses dias que as tentações podem se tornar mais atraentes do que dar seguimento ao plano.

Pense em uma prática que você vem tentando, ou deseja tentar, manter diariamente. Como estamos no Medium, escrever é o exemplo mais evidente. Então a decisão é essa: a partir de hoje, eu vou escrever todos os dias.

Na primeira semana, você se sai muito bem. Várias ideias que tem guardado há muito tempo começam a ir para o papel, os textos fluem sem muita dificuldade, e você pensa até mesmo em aumentar o desafio. Se eu continuar assim por um mês, vou aumentar para dois textos por dia!

Mas a segunda semana aos poucos se transforma em uma adversária mais dura do que a primeira. Você até consegue manter a meta sob controle — todos os dias um texto novo sai de sua mente, ainda que com um pouco mais de esforço do que antes.

Chega então a terceira semana e logo no primeiro dia você não sabe mais sobre o que escrever. Vai ler um pouco, em busca de inspiração, e depois de algum tempo, encontra uma frase no texto de alguém que causa uma reflexão mais profunda, a partir da qual consegue executar o compromisso do dia.

Na terça-feira, precisa ir no médico, justo na hora em que separou para escrever. Chegando em casa já tarde da noite, você tenta manter o desafio de pé, mesmo com o cansaço pedindo que o corpo se deite.

É nessa hora que surgem a maioria dos textos sobre o quanto é difícil criar um texto (o que é perfeitamente normal e válido — é provável que todo escritor já tenha vivido esse momento de escrever sobre não conseguir escrever).

Quarta-feira surge então com o maior adversário até o momento, aquele pensamento vacilão que sempre tenta nos pegar desprevenidos. Eu tenho me esforçado tanto, pesquisei quando não tinha ideias, ontem escrevi até morrendo de sono, acho que dá pra tirar uma folga só hoje.

Ok, os tempos que eu usei são bem ilustrativos, as coisas podem acontecer mais rápido ou mais devagar do que isso; e dependendo da situação, podemos acabar desistindo antes mesmo de chegar até esse ponto, ou superá-lo para ser derrotado por outra dificuldade mais à frente.

O fato é que, em determinado momento, a nossa corrente de dias seguidos mantendo um hábito se quebra. Por si só, isso não significa o fim do mundo. É provável que ninguém vai te perguntar onde está o texto de hoje.

Isso parece uma boa notícia, mas é a pior situação possível.

Quando pulamos um dia na promessa, e nada acontece, a mensagem é a pior possível: se você pular novamente, nada vai acontecer. Então na semana seguinte deixamos de escrever duas vezes. E na época de algum feriadão paramos na quarta para só voltar na segunda. A partir daí, surge uma sensação cada vez mais forte de que talvez o nosso hábito realmente nem seja tão importante, afinal.

Acho que é melhor eu parar de uma vez.

Essa crescente é muito comum; sempre que prometemos realizar uma tarefa todos os dias e por algum motivo pulamos um deles, as coisas podem evoluir até o ponto em que você nem vai mais se importar com ela; e provavelmente não terá a menor ideia de como a sua motivação imparável se transformou em um desânimo completo.

Por isso, planeje muito bem o que fazer sempre que surgir um obstáculo no caminho do seu hábito — quando houver mais compromissos que o normal em um dia, qual será sua atitude para manter ele em andamento? E quando a voz do só hoje não faz falta surgir, o que você vai responder? Se prepare, pois manter um hábito é uma batalha — não com as circunstâncias externas, mas com a sua própria mente.

Mas e se um dia eu realmente não tiver a menor chance de executar o meu hábito?

Essa pergunta é muito válida, e a resposta (que eu tenho) para ela é muito delicada. É preciso encontrar alguma forma de mostrar para si mesmo que, sim, o dia em que você ‘pulou’ o seu hábito fez falta e o mundo, de alguma forma, deixou de girar um pouquinho. Mas ao mesmo tempo, você não deve se punir com alguma atitude negativa, ou mesmo com o sentimento de culpa, quando isso acontecer.

Eis o porque da resposta ser delicada; afinal, como criar a sensação de que o dia sem realizar essa tarefa foi um dia “perdido”, sem criar um sentimento de culpa com relação à isso?

Uma solução que, apesar de parecer engraçada (e até mesmo um pouco constrangedora, agora que eu estou contando) tem sido muito útil, é a de criar um personagem que se importa com a realização ou não da minha tarefa.

Leumas, meu oposto, é também meu primeiro leitor. Todos os dias¹ Leumas confere as minhas pastas do Drive para ter certeza de que eu escrevi, e se não encontrar nada novo, deixa uma pequena nota na minha escrivaninha mental, avisando que a falta de textos não passou batida. Leumas não julga se os escritos foram bons ou ruins, e também não me culpa por não ter escrito, ele simplesmente diz “Olá, Samuel, vi que você não escreveu ontem. Por favor, não deixe que isso aconteça novamente. Boa sorte hoje.”

É uma solução com aparência infantil? Sim. Tem pouca lógica, já que Leumas é na verdade uma parte de mim mesmo? Sim. Mas mesmo assim, ela funciona? Com certeza! Toda vez que ele deixa o bilhete mental, eu me lembro que cumprir o hábito é fundamental e importante para pelo menos uma pessoa, e isso já é motivo suficiente para não permitir que ele se perca.

Importante esclarecer que, na verdade, o meu objetivo não é escrever todos os dias, aepnas de segunda à sexta. Acabo escrevendo algo nos finais de semana, mas essa zona está fora da minha promessa.

Acredito que isso seja perfeitamente aceitável, e você pode fazer o mesmo — ou definir ainda menos dias nos quais irá executar o seu hábito. Pode ser apenas nas quartas e sextas, ou só aos fins de semana, por exemplo.

A quantidade de dias em que você assume o compromisso tem menos importância do que o fato de que, nos dias determinados, o compromisso seja realizado!

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Samuel de Almeida
Desen

Aquela bio com uma crise existencial por não saber me definir.