ENTREVISTA — 13

"Meu maior objetivo é me tornar especialista em acessibilidade” — Ana Cuentro

Marina Meireles
Design Centro
Published in
14 min readOct 6, 2021

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Primeira designer de produto surda a trabalhar no QuintoAndar, ela pavimenta caminhos para cursos e processos de trabalho inclusivos na comunidade de UX

"Pra quem não me conhece, eu tenho deficiência auditiva". Apesar do breve contexto dado pela designer pernambucana Ana Cuentro, ela é bem mais do que a sua deficiência. Com duas graduações no currículo, Ana tem criado novas formas de conviver, trabalhar e estudar com pessoas que precisam de intérpretes, legendas ou outro tipo de recurso de acessibilidade para trabalhar ou estudar.

Não há como romantizar uma história em que, ao longo de todos os capítulos vividos até então, foi preciso ter empenho redobrado para conseguir ter acesso ao conhecimento. "Tive que me esforçar muito mais na minha vida, nas faculdades, nos trabalhos, porque sempre há pesquisas que não são acessíveis pra uma pessoa surda", conta.

Nesse contexto, o interesse pelo design acabou trazendo até Ana a possibilidade de ir além e fazer a diferença — não só para si mesma, mas para uma comunidade inteira.

Os ventos da mudança começaram a soprar a partir de um e-mail: para fazer um curso na área de UX que tinha ganho em um sorteio, ela conseguiu acompanhamento de um intérprete depois de um "oi, tudo bem? Eu sou surda, como posso acompanhar?". A mensagem, segundo Ana, acabou fazendo com que o intérprete se consolidasse no quadro fixo de pessoas que trabalham na escola de UX em que estudou.

Já no trabalho, o esforço duplo que precisou fazer para participar de entrevistas rendeu a criação de um manual para que pessoas com deficiência auditiva já tenham diretrizes de como é possível passar pelo mesmo processo sem enfrentar as mesmas dificuldades que ela encontrou.

Balançando a bandeira da acessibilidade por onde passa, Ana também faz parte do projeto Deficiência Tech, para trazer mais Pessoas Com Deficiência (PCDs) para a comunidade do design e para que todas as pessoas, com ou sem deficiência, possam usufruir de produtos mais justos e acessíveis. Os desafios são diários, mas também são sementes de barulho plantadas para um amanhã mais justo para quem está habituado a conviver com o silêncio.

Como foi a sua entrada no design digital?

Foi uma trajetória bem comprida. Fiz duas faculdades. A primeira tem a ver com expressão gráfica, na verdade, foi uma licenciatura. Eu sou professora de geometria, mas não faço nada dessa área. Só me formei na UFPE e acabou-se. Mas isso trouxe conhecimentos gráficos, noções de 3D, e isso me ajudou bastante.

Ao mesmo tempo, fiz uma outra faculdade de design gráfico na Unibratec, que na verdade é tecnologia em design gráfico, um curso menorzinho. Entrei porque era uma área que eu queria muito. Que eu não conseguia entrar na UFPE porque era super concorrido. No primeiro semestre, eu consegui o primeiro estágio, que era um pouquinho de design gráfico, redes sociais e animação.

Pra quem não me conhece, eu tenho deficiência auditiva, mas faço parte de uma família de ouvintes. Eu sou a única surda. [Nesse estágio], entrei pra criar laços com a cultura surda e fui aprendendo sobre acessibilidade. É meio estranho pensar “você é PCD e nunca estudou sobre acessibilidade?”, aí fui estudando um pouco, cada vez mais.

Aí apareceu uma oportunidade pra trabalhar no Cesar. “Que nome é esse? Parece o nome de uma pessoa"… Eu não sabia que o Cesar era uma empresa tão renomada, que tinha tantos clientes, mas fui lá tentar uma vaga PCD. “Vamos lá ver no que vai dar”.

A minha cabeça abriu muito mais depois que eu entrei no Cesar, eu sou uma pessoa totalmente diferente [hoje]. Eu não sabia o que eu ia fazer, mas eu entrei como designer de interface.

Não tinha uma noção do que era experiência, conversar com as pessoas, entender a jornada do usuário. Eu meio que caí de paraquedas. Nos primeiros meses eu ainda não tinha time e fiquei ao lado de uma gerente, fiquei ao lado dela fazendo apresentações.

Fui mostrando minha capacidade e me chamaram para trabalhar no time da Samsung, quando eu conheci uma galera de DEV, de QA. Foi muito massa, comecei a trabalhar bastante, comecei a usar o Sketch.

Intercâmbio sem sair do país

Estava querendo aumentar o conhecimento que eu tinha em acessibilidade. Fui pra Porto Alegre em 2018, que lá tinha um Workshop sobre acessibilidade digital com Marcelo Sales. Achei muito legal. Foi ótimo, fui me aprofundar bastante sobre como usar monitor de tela… Mas estava com receio de participar porque a sinopse falava em aprender a usar leitor de tela.

Mas aí mandei um email, perguntei como isso ia funcionar pra mim, uma pessoa com deficiência auditiva. "Como eu vou entender as dificuldades de uma pessoa com deficiência visual?" Isso pegou Marcelo de surpresa, porque ele não esperava ter uma aluna surda.

Normalmente eu espero a resposta da pessoa “infelizmente eu não sei resolver, me desculpa”, mas não foi o caso, ele tentou resolver. Foi bem bacana do lado dele.

Eu também ganhei um sorteio de um curso da Mergo de UX intensivo. Estava mais uma vez com receio e mandei um e-mail para Edu Agni: “Oi, tudo bem, eu sou surda, como posso acompanhar? Consigo fazer leitura labial se você ficar olhando pra mim, mas se tiver intérprete seria bom, mas é um recurso muito mais caro", e ele respondeu. “Me dá um tempinho que eu vou resolver”.

Ele conseguiu um intérprete, ele estava na mesa como se estivesse comigo. Era um escambo, porque ele ia participar também. Eu não me sentia uma pessoa diferente, foi ótimo. Isso tornou o curso natural e eu gostei bastante. Atualmente, Lucas foi oficializado como intérprete na Mergo.

Voltei pra Recife querendo explorar mais, estudar mais depois das duas semanas em São Paulo. Eu nunca tinha saído de Recife por tanto tempo para estudar, e pareceu que eu tinha saído pra fazer intercâmbio.

“Constrangimento positivo: uma reflexão sobre hábitos e acessibilidade” na #DEXCONF19 — Foto: Edu Agni

Quando você decidiu se especializar em design voltado para acessibilidade?

Foi depois da faculdade. Eu aprendi Libras em uma cadeira obrigatória da licenciatura. Depois, fiz uma pós-graduação em Libras com o mesmo objetivo de utilizar mais a cultura surda.

E depois fui descobrindo a falta de acessibilidade quando eu estava no Cesar. Comecei com pequenos passos, a ajeitar contrastes, mas não sabia como seria a experiência das pessoas. E são essas pequenas coisas, mas eu achava que não era suficiente. “Com quem posso conversar, como posso descobrir, tirar dúvidas?"

Infelizmente, a acessibilidade não é um tema facilmente discutido nas faculdades. O que eu aprendi mais foi sobre ergonomia, que tem a ver, mas faz parte, mas o máximo que aprendi foi sobre contraste.

Ainda estou estudando pra caramba. Todo dia aprendo uma coisa diferente e estou gostando muito, estou me divertindo mais. Estou menos designer de interfaces, estou mais interessada em documentar. Eu não gostava muito, mas agora estou gostando bastante. A ideia foi amadurecendo e eu queria compartilhar os conhecimentos com todo mundo, porque muita gente ainda não sabe [sobre acessibilidade].

O que é o QuintoAndar e como é o seu trabalho lá?

É uma startup gigantesca que trabalha com serviços imobiliários. Oferecer o processo de morar muito mais fácil, digital. Não ter dor de cabeça com imobiliária, que é muito mais tradicional. Atualmente sou designer de produto, e também trabalho na frente da acessibilidade.

A ideia é antiga, mas a gente teve várias dificuldades por causa da pandemia, a falta de priorização. Mas isso mudou um pouco pra mim, porque falei que eu queria me especializar em acessibilidade. Hoje consigo trabalhar 100% com isso e estou bem feliz.

Como são divididos os designers no Quinto Andar?

Atualmente sou do time de Design de Sistemas, estava trabalhando como designer de produto, para melhorar os componentes e a falta de acessibilidade.

O nosso OKR é melhorar os componentes para que a gente consiga fazer mais próximo da identidade, ou fazer uma transição. Eu pensei: “Se a gente tem vários componentes, mas a documentação não está completa, a gente precisa começar desde o comecinho”, porque ninguém pensa em trazer a acessibilidade desde o começo, na etapa de discovery. Muita gente deixa pro final, e é claro que vai dar merda.

Consegui convencer e atualmente estou trabalhando com todas as documentações. São 50 componentes, mas estou chegando lá.

Estou fazendo uma pequenas auditoria nos componentes. Se estão rodando legal, em quais fluxos estão sendo utilizados, se o leitor está entendendo.

A gente não tem um time focado em acessibilidade, então é diferente. Estou pensando em tentar criar um time, mas preciso bolar uma estratégia. Estou criando a documentação sobre acessibilidade e deixando no Figma.

Eu trabalho junto com um colega designer de produto, que é mais focado em designer de sistemas. A gente parece aqueles irmãos gêmeos que trabalham bem juntos. Ninguém barra a gente.

Existem outros perfis de designers presentes no Quinto Andar?

Há pouco tempo, éramos só designers de produto, mas a gente começou a abrir mais um pouquinho. Agora a gente tem Research Ops, também tem uma galera de UX writing. A gente tem principal, tem managers, um bocado de pessoas diferentes, tudo bem organizado.

Quais as ações e atividades que vocês costumam fazer no dia a dia para que a procuração com acessibilidade seja mais intensiva? Como isso acontece na rodada de testes e pesquisas?

Eu tive uma pequena experiência com pesquisas. Foi totalmente diferente, porque era um time bem maior e o produto tem um fluxo muito grande, por onde passam um monte de usuários, então a responsabilidade era muito maior. Surgiu a necessidade de fazer pesquisas para entender se a pessoa conseguia diferenciar e-mails de imóveis, ou outro mais específico. A gente também queria saber sobre a qualidade dos e-mails.

Foi a minha primeira vez de criar um produto de pesquisa. Fiquei com medo porque é muito diferente, precisava documentar muito e eu não tinha muita experiência. Comecei a preparar a etapa de documentação, os roteiros, e na parte de recrutamento, que é bem diferente, consegui recrutar pessoas interessadas pra conversar com a gente e infelizmente tinha que ser online, não presencial. Foi um esquema bem diferente.

Deu certo, eu recrutei, mas não conseguiria participar porque na época ainda eu não sabia que tinham métodos de conversa, de adaptação. Para isso, precisei recrutar internamente designers pra fazer a entrevista, então o trabalho foi redobrado para mim.

Foi uma experiência bem ruim para mim enquanto pessoa designer surda, porque foi mais pesado, e me senti meio "nossa"… Sou a primeira designer surda no QuintoAndar, então foi um grande aprendizado. Depois disso, criamos um guia de trabalho para pessoas surdas na área de design, pra ninguém passar por isso, ninguém merece.

Em outras pesquisas, a gente queria pesquisar com pessoas com deficiência sobre morar numa casa. O que você sente falta na casa, no site, no app.

Conseguimos uma pessoa autista, foi bem legal. Essa pesquisa foi presencial e fez uma grande diferença pra mim, porque eu conseguia conversar com a pessoa, eu consigo fazer leitura labial. Também conseguimos uma pessoa com paralisia cerebral e mobilidade reduzida, que andava de cadeira de rodas.

Foi bem interessante, bem legal, porque a gente não sabia que a janela… Precisa ter um tipo de janela. A pessoa só consegue arrastar a de correr ao invés da de empurrar, porque não tem muita força nos braços.

E a gente pensava como incluir essas características dentro do nosso produto, tipo aquele imóvel que tem uma listagem: tem escada? Tem rampa? E foi bem interessante.

Como é feita a tradução do que a pessoa vai encontrar naquela casa ou prédio para o que está sendo visto no aplicativo?

É bem difícil, porque é preciso descobrir quais são aquelas necessidades da pessoa com deficiência, mas infelizmente a diversidade é tão grande que o produto precisa ser "universal", porque a pessoa pode ter uma dificuldade pra tal coisa que uma pessoa com a mesma deficiência pode não ter. Eu, por exemplo, tenho deficiência auditiva e consigo falar, mas tem gente que não consegue. Eu uso aparelho e consigo ouvir, mas o que eu quero mostrar com isso é que existem variações nas dificuldades. E isso dificulta mais ainda o nosso trabalho.

Comecei a estudar um pouco sobre design inclusivo, design universal, que também é outro tema que as pessoas estão conversando muito. Parece uma droga viciante, eu não consigo parar de estudar.

A gente tenta absorver o máximo de informações de como podemos pelo menos amenizar essas dificuldades, como a gente pode melhorar, porque os imóveis que já estão prontos têm diferenciais, têm características diferentes. Por exemplo: os tamanhos, a entrada da garagem. Esse é outro trabalho difícil pra gente, porque tem que tentar filtrar quais são os tipos. A gente tem casa, apartamento, studio, sobrado, mas ainda existem coisas mais diferentes que a gente não consegue imaginar o que poderia ser melhor, mais fácil.

As pessoas proprietárias, as pessoas que moram, precisam detalhar o que tem nessa casa. Mas essas pessoas não têm uma noção de que essas informações podem ajudar pessoas com deficiência.

Pra fazer adaptação é muito caro. Você também não sabe se pode modificar, precisa conversar com o proprietário, pra saber se pode reformar ou não.

Não é todo mundo que tem o privilégio de fazer reforma. Para quem não sabe, as pessoas com deficiência têm um custo de vida muito maior do que as pessoas que não têm deficiência. É um trabalho muito difícil. Mas não vou parar, não.

E a gente conseguiu criar uma pesquisa nova, com pessoas com deficiência, mas pra pessoas proprietárias e inquilinas. A gente quer entender melhor.

Nosso produto não tem aquele perfil, aquele campo, de pessoa com deficiência, de qual é sua deficiência. Eu não estava nessa época,

A gente conseguiu algumas pessoas interessadas em conversar com a gente. Estou bem animada. Terminamos a etapa de pesquisa e o próximo passo seria fazer recrutamento. Tá tudo pronto e a gente precisa de um tempinho pra fazer isso acontecer, porque entrevista leva muito tempo.

“Constrangimento positivo: uma reflexão sobre hábitos e acessibilidade” na #DEXCONF19 — Foto: Edu Agni

Quais são os seus objetivos a médio e longo prazo? Você pretende continuar num perfil mais generalista ou existe uma área do design que você deseja mergulhar com mais gosto?

Meu maior objetivo é me tornar especialista em acessibilidade, ser uma pessoa certificada. Existem certificações lá fora, mas é um pouco difícil pra estudar inglês e eu preciso de tempo pra estudar. Eu também tenho vontade de fazer mestrado, mas não consigo achar algumas faculdades porque tenho o medo de chegar lá e não ter pessoas que entendam bem de acessibilidade. Fico com receio, esperando alguém fazer primeiro e conversar com essa pessoa.

Eu gosto muito de ter perfil generalista porque acho muito importante, pelo menos no começo da carreira, porque depois você vai procurar se é isso mesmo que você quer.

Você tem que entender como funcionam as conversas nas pesquisas, com o PM, como funciona a estratégia. De maneira geral você já tem uma experiência. "Beleza, você quer ser principal, continuar sendo generalista ou quer se especificar em alguma coisa?" No meu caso, é a acessibilidade.

Só que, mais uma vez, é difícil criar uma área de acessibilidade. A gente conseguiu abrir para pesquisa, a gente conseguiu ter UX writing, e eu quero ter acessibilidade também. A gente tem pessoas especialistas, só que poucas. Estou tentando ser a primeira pessoa e é um trabalho grande pela frente.

Hoje, dentro do Quinto Andar, existem métodos para os designers trabalharem de um jeito mais uniforme ou isso depende do contexto de cada time e da própria atuação do designer?

A gente tem vários times dentro do QuintoAndar. É muito difícil a gente definir nesse processo um mesmo método, porque cada time tem a ver com esse tema… Tem um produto com corretores, então a experiência é diferente. E tem outro trabalho com a conversa entre proprietária e inquilina. São vários comportamentos diferentes. É muita coisa diferente, eu não sei explicar muito bem. Tem gente que trabalha mais com fluxo, com interface. E também tem a ver com as metas da empresa.

A atuação vai depender de como cada designer está entendendo o contexto, né?

A gente quer muito colaborar com outros designers, eles marcam critiques. A pessoa tá travada com aquele projeto e precisa de ajuda, aí ele explica como funciona, mostra as telas, a gente monta vários post-its, escreve um bocado de coisa, pergunta por que está assim. Depois de cada post-it, tem um tempo pra pessoa responsável pelo projeto ler, tirar as dúvidas. Isso é bem legal, porque a pessoa vai começar a pensar no que não tinha pensado antes. São essas ideias que podem ajudar a mudar um pouco a experiência. É uma experiência bem massa.

Sobre a sua atuação na Deficiência Tech: o que é essa iniciativa, quais as ações que vocês promovem e como tem sido a sua atuação nessa comunidade?

A gente está querendo melhorar, lutar, na verdade, porque a gente não consegue ver tantas pessoas com deficiência trabalhando na área de tecnologia. São pouquíssimas pessoas. Se a gente parar pra pensar, tem um dado que diz que apenas 1% de pessoas na faculdade têm deficiência.

E aí [o Deficiência Tech] é uma comunidade sem fins lucrativos, porque a gente está se voluntariando. Não é fácil, não é todo mundo que consegue. Tem várias frentes, e uma das minhas, que eu estou terminando de finalizar um curso de primeiros passos em UX. Além disso, a gente precisa deixar o curso bem acessível, tem que ter audiodescrição, legenda, janela de intérprete. Não é fácil, leva um tempo. Tem uns 4 meses que estou fazendo.

Eu mesma estou legendando, porque a gente não tem dinheiro. O máximo que a gente pode pagar é um intérprete, porque não é qualquer pessoa que pode traduzir.

Aí a gente espera contribuir para o aprendizado dessas pessoas. A gente também tem contato com as empresas para abrir espaços de aprendizado, conversas com pessoas com deficiência. Recentemente a gente teve o Autismo Tech, que a gente chamou um monte de pessoas autistas pra saber como funcionam as empresas de tecnologia.

Eu acho muito importante ter mais representatividade, porque a gente não tem muito isso. Quando eu entrei no meu primeiro estágio, eu conheci uma designer surda que só falava Libras. Na época eu não sabia falar Libras direito. Essa mulher é de São Paulo e tinha viajado para Recife para participar de uma conferência. Eu fiquei “caraca, se ela consegue fazer isso, eu também consigo”.

Aí foi que eu percebi a representatividade surda. Todo mundo deveria ter coragem de fazer a mesma coisa. Eu também tive coragem de ir para São Paulo e fazer um curso. Todo mundo é capaz de fazer qualquer coisa. Não importa que você tenha uma limitação, você pode fazer.

Eu tive várias dificuldades, oportunidades que perdi pela falta de acessibilidade, porque os lugares não se adaptaram. Infelizmente é uma realidade que existe em muitos lugares, porque as pessoas achavam que não existiam pessoas com deficiência, mas atualmente as pessoas com deficiência estão começando a aparecer cada vez mais no Instagram, no YouTube. Espero que as empresas abracem essa diversidade, recebendo um monte de gente diferente.

Sobre o curso, o foco vai ser em acessibilidade ou vai ser geral?

O curso era mais pra UX mesmo. Tem um pouco de acessibilidade, claro, experiência. É misturado, porque quem fala são pessoas com deficiência. É uma visão um pouco diferente, porque é uma pessoa com deficiência ensinando para pessoas com deficiência.

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