Como melhorar nossa design sprint?
Sexta-feira, 10:00am, ContaAzul Headquarters. Terminei meu protótipo no último minuto, e enquanto o time sentava a mesa para fazer a planning eu estava montando o protótipo navegável com as telas que eu havia acabado de finalizar.
“Ufa, deu tempo…”
Não, não deu tempo, o time teve dificuldades para pontuar porque encontramos quebras e caminhos que não foram pensados. Mudei todo o fluxo na noite anterior pois entendi que do jeito que estava não traria o resultado esperado. Desde então tenho refletido o que pode ser feito para isso não se repetir, como chegar na melhor experiência o quanto antes e ter tempo para refinar o protótipo cobrindo os caminhos da melhor forma possível.
Planejamento inteligente
Revendo a design sprint me veio um paralelo com a sprint feita pelos times que utilizam a metodologia Scrum. Em algum momento já paramos para pontuar tarefas de Design? Por mais que a pontuação seja algo subjetivo, ela é um conceito que vai sendo refinado pelo tempo e a experiência.
Notei que um dos times do ContaAzul fez algo parecido nesse último trimestre, eles planejaram as tarefas categorizando em P, M e G. Após uma rápida conversa entendi que não chegaram a um consenso exato do que seria isso, sendo assim, gostaria de apresentar uma proposta baseada na nossa design sprint de dez dias:
Tarefa Pequena (P)
Resolução de pequenos problemas como: Inclusão de novos campos, melhorias de mensagens e pequenos gaps no produto.
Duração: Dois dias e meio
Tarefa Média (M)
Melhoria de um fluxo ou uma nova funcionalidade menos complexa.
Duração: Cinco dias
Tarefa Grande (G)
Desenho de uma nova funcionalidade que pode mudar a percepção de nossos usuários sobre nós.
Duração: Dez dias
Desta forma um UX em apenas um trimestre é capaz de:
– Resolver 24 gaps ou…
– Fazer 12 melhorias relevantes ou…
– Criar 6 novas funcionalidades
Desta forma o roadmap fica maleável, e PO+UX conseguem mudar rapidamente a estratégia apenas movendo os blocos e reorganizando as semanas.
Refinando tarefas de UX
Outra possível solução seria otimizar e refinar os processos da nossa sprint, identifiquei quatro deles e fiz algumas considerações.
1. Entendimento do problema
O quadro branco pode ser muito útil, e os times começaram a ver valor nisso. Chamar os integrantes, levar ao quadro e desenhar até ter certeza de que foi entendido exatamente onde o problema começa e onde ele termina. Uma dica valiosa é chamar um QA para estas dinâmicas, eles possuem uma tremenda habilidade de transformar a bagunça em fluxograma.
Além do entendimento do fluxo, é muito importante levantar números para ajudar na tomada de decisão. Caso não exista ninguém responsável somente para dados quantitativos em sua empresa, peça ajuda a alguém em seu time, mas seja sucinto e pontual nas dúvidas quantitativas para não atrapalhar o andamento das tarefas desta pessoa. E antes de pedir algo verifique se este dado já não está disponível nas ferramentas de métricas como Mixpanel ou mesmo no Analytics.
2. Guideline visual
Temos o UI-Kit e ele é uma mão na roda para montar as telas, mas notei que passamos uma boa parte do processo pensando no encaixe de determinado elemento na página. Prototipei uma maneira mais rápida de fazer isso e explorar rapidamente as possibilidades, a idéia é ter os componentes impressos criar composições diferentes de maneira rápida:
Após finalizado fica muito mais rápido migrar o aprendizado que tiver na versão impressa para um protótipo navegável.
3. Colhendo feedbacks
Aqui é possível se aproveitar dos dados quantitativos levantados na etapa de entendimento do problema, os usuários identificados como impactados pela solução que está sendo trabalhada são os mesmos que podem ser usados para testar o protótipo. Os feedbacks serão com certeza mais relevantes do que simplesmente escolher um usuário aleatório.
4. Lançamento, Storytelling, Marketing
Este ponto era um problema até pouco tempo atrás, até que decidimos implantar o tão comentado Intercom. Com ele, em poucos minutos é possível criar uma comunicação direcionada para um grupo específico de nossos clientes. Com recursos poderosos a ferramenta me fez entender o que significa empowerment em seu melhor sentido, já que posso fazer com ele o que antes teria um custo enorme por depender da equipe de engenharia.
Além disso o Intercom possibilita o usuário opinar sobre a mensagem que recebeu de três diferentes maneiras:
– Indicando com thumbs up e thumbs down
– Emojis de gostei, neutro e não gostei
– Escrevendo sua opinião
Outro ponto interessante é poder entrar em contato somente com os usuários que não gostaram da funcionalidade e entender o que ficou faltando para eles.
Bônus: Medindo o sucesso
De que adianta melhorar os processos e não saber o quanto foram relevantes para o resultado final? Podemos continuar aprendendo sempre com o que alteramos no produto, é possível saber facilmente se uma métrica de uso baixou ou subiu após trabalhamos em determinada funcionalidade:
Cabe principalmente ao UX decidir os pontos de contato a serem medidos, faz parte do job description garantir que o engajamento das funcionalidades aumente. E se baixar, talvez não signifique que falhamos, mas sim que a forma de se realizar aquela tarefa pode ter mudado e precisamos nos atualizar para a métrica voltar a subir.
Para finalizar deixo uma citação que li recentemente em uma revista:
Se você não mede algo, como sabe que precisa ser melhorado?
- Armen Ovanessoff, Época Negócios Ago/15