Como perpetuar a cultura de UX Writing dentro da empresa

Ludmila Rocha
Conta Azul Design
Published in
5 min readNov 21, 2019
Homens e mulheres, alguns de pé e outros sentados, ao redor de uma mesa preta cheia de post-its
Imagem: Pessoas da Conta Azul Design participando de dinâmica

Este tema surge frequentemente em conversas com colegas UX writers e designers: como fazer a cultura de UX Writing pegar numa empresa. Ou seja, como incentivar as pessoas a usarem os padrões e as boas práticas de escrita propostos.

A minha resposta para isso, como para a maioria das coisas da vida é: não tem receita. Tudo é contexto. Não ajudei muito, né? Vou explicar melhor…

Só você sabe como é a sua empresa, como são as pessoas da sua empresa e as ações que pode propor para influenciar a cultura existente. Então, o que funciona e engaja em uma instituição, não necessariamente funcionará em outra. Mas sempre pode gerar boas ideias…

Outro ponto é que modificar a cultura existente é e sempre será um trabalho de formiguinha. Se prepare para isso! Por mais favorável que seja o seu cenário, você provavelmente terá que batalhar para fazer os padrões e as boas práticas de escrita serem lembrados e disseminados na sua empresa.

E se a liderança (principalmente) não estiver comprometida em fazer a coisa acontecer, em levar conteúdo para a esfera estratégica do negócio, o processo de integração de Writing no ambiente organizacional será ainda mais lento.

Aí você pode estar se perguntando: “Mas por qual motivo, Deus, as pessoas simplesmente não seguem o que é proposto?”. Vou eu mesma bancar a advogada do “diabo”…rs: porque elas têm muitas coisas com que se preocupar. São muitos entregáveis — e no meio deles muitas outras metodologias, regras, recomendações — especialmente em empresas de Tecnologia.

Desse modo, muitas vezes é mais fácil deixar alguns padrões de lado (os que envolvem conteúdo tendem a ser os primeiros) ou recorrer diretamente a quem os criou em vez de acessar um guia.

Como fizemos na Conta Azul

Aqui na firma os primeiros a terem acesso ao Guia de Redação foram os product designers, que deram sugestões especialmente sobre arquitetura de informação e taxonomia.

Após ajustes iniciais, começamos — eu, especialista em UX Writing, juntamente com a equipe de Design Ops — a pensar em possíveis ações de divulgação interna e, posteriormente, externa. Então realizamos:

Workshops de capacitação

Pessoas sentadas numa mesa, lado a lado, com seus laptops
Imagem: Workshop de Boas Práticas de Escrita ministrado para o time de Design

Ministramos workshops sobre temas ligados a Comunicação para diversas áreas da empresa: Design, Marketing, Produto, Engenharia e Operação.

Durante esses minicursos, incentivamos a prática da leitura, da escrita, abordamos gramática, usabilidade e aproveitamos, claro, para divulgar o Guia de Redação.

Cartilhas

Criamos também algumas cartilhas, espécie de guias de redação pocket, direcionadas a públicos específicos dentro da empresa. Confeccionamos um material só sobre mensagens instrucionais e de erro para front-ends, por exemplo, um sobre storytelling, outro sobre escrita para blogs, etc.

Via de regra, as mensagens para o produto são escritas ou revisadas por designers. Mas, eventualmente, os fronts acabam escrevendo diretamente na tela, por isso sentimos necessidade de capacitá-los.

Lideranças

Na Conta Azul, priorizamos que os coordenadores de Design sejam um primeiro filtro antes das pessoas conferirem os padrões de escrita comigo. Para isso funcionar adequadamente, no entanto, eles precisam estar inteirados sobre nossas recomendações e boas práticas.

Como percebemos que havia um déficit em relação a isso, atualmente estamos tocando ações de capacitação de Writing e de System específicas para líderes.

Divulgação por meios de comunicação e em eventos

Divulgamos o guia ininterruptamente numa TV fixa no nosso lounge, a qual todas as pessoas da empresa têm acesso.

Também passamos a falar sobre o material durante a imersão de novos colaboradores (semana na qual novos funcionários entendem como funciona a Conta Azul), e em eventos internos e externos dos quais participamos.

Hangouts

Tela de laptop em primeiro plano, com o título da apresentação do Hangout aparecendo, e as participantes do encontro sorrindo
Imagem: Bastidores do Hangout de UX Writing

Realizamos um Hangout especialmente sobre UX Writing, divulgado interna e externamente, para fortalecer a nossa cultura de escrita e trocar ideias com pessoas do mercado. Teve grande adesão, foi incrível!

Comunidade

Além disso, passamos a divulgar o guia entre colegas das comunidades de Design/Writing, os incentivando a consumirem o material e a darem sugestões de coisas a manter e a modificar. Para a nossa satisfação, não raro recebemos feedback de pessoas de todo o Brasil.

Home do Guia de Redação da Conta Azul, com ilustração da Cami, assistente virtual da CA
Imagem: Página inicial do Guia de Redação da Conta Azul

Parcerias

Colegas que ministram cursos de UX Writing também têm sido fundamentais para ajudar neste trabalho de divulgação. Como o nosso guia é um dos únicos do tipo no Brasil, abertos à comunidade, viramos case. o/

Boca em boca

Claro que também nos valemos da mais antiga das formas de divulgação, mas não menos importante: a de boca em boca. Um colaborador que entra comenta com o outro, que mostra para o outro e assim infinitamente…

Perseverança

Esta é uma dica básica, ligada ao tal trabalho de formiguinha sobre o qual falei lá no início, e que não poderia faltar. Para o hábito de acessar o Guia de Redação não se perder, não respondo simplesmente um questionamento sobre algum padrão/recomendação que chega até mim.

Como também tenho projetos paralelos para tocar em Ops, ficaria inviável parar toda hora o meu trabalho para tirar dúvidas — além de criar gargalos. Então, sempre que possível, mando o link do guia para a pessoa que perguntou e indico em qual capítulo ela provavelmente encontrará a informação que precisa.

Afinal, construímos o guia e temos uma pessoa focada em UX Writing na empresa para firmar padrões de escrita, escalar processos mas, acima de tudo, para melhorar as experiências dos nossos clientes internos e externos. E um dia de cada vez evoluímos nisso.

E a sua empresa, já tem padrões de comunicação claros? O que vocês têm feito para disseminar isso por aí? Conta para a gente nos comentários. ;)

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