Dica 5 — Como documentamos discoveries na Conta Azul

Ludmila Rocha
Conta Azul Design
Published in
4 min readDec 20, 2019
#PraCegoVer: Gardim olhando para post-its coloridos pregados sobre um vidro com a mão no queixo / Créditos: Valdemar Júnior (@vjrfotografia)

Quem vai dar a letra hoje é o nosso product designer Rodrigo Gardim. Ele tem 32 anos, é paulistano e formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie.

Gardim começou a trabalhar com Design motivado pela parte criativa da coisa: ele gostava de fazer grafite na adolescência. A partir daí, passou a utilizar ferramentas como o Photoshop e fazer jobs para agências de São Paulo. Desde então, já empreendeu — teve a própria startup de Tecnologia — e atuou como designer em grandes empresas como Cielo e Centauro.

A dica do Gardim hoje é sobre documentação de discoveries:

“Aqui na Conta Azul decidimos usar o Confluence para documentar nossas discoveries (etapa da descoberta e de construção de uma solução). Antes não usávamos uma ferramenta de documentação específica, compilávamos tudo no Drive, do Google. O problema é que o Drive não é tão eficiente do ponto de vista de encontrabilidade das informações e de padronização.

Uma vantagem interessante é que o Confluence conversa com o Jira, uma ferramenta de gerenciamento de projetos que também utilizamos aqui, o que ajuda bastante no dia a dia. Mas algumas outras boas alternativas de ferramentas para documentação seriam: Notion, Basecamp, Dropbox Paper e Airtable.

Antes de falar sobre como documentamos discoveries, no entanto, é necessário explicar por que fazer isso.

A documentação é importante em função da gestão do conhecimento. Todos os dias pessoas entram e saem de empresas, tiram férias, licenças, então quem chega precisa ter um ramp up e acesso facilitado às informações. Não podemos ficar reféns do conhecimento tácito, que é o que está somente na cabeça de cada um.

Questionamentos pré-discovery

Ao iniciar uma discovery, é importante responder algumas perguntas. A primeira delas é: qual problema estamos tentando resolver naquela etapa?

A segunda, é o que determina o sucesso da nossa solução e o que seria um indicador de fracasso? Além de que forma poderemos acompanhar isso — via dados, utilizando quais indicadores.

Precisamos — designer e product owner (PO) — definir sucesso e fracasso para que o time de Desenvolvimento saiba o que será necessário trackear. E, também, para conseguirmos verificar se uma versão proposta será suficiente, se precisaremos de um plano de contenção, etc.

Outro questionamento é: Por que estamos fazendo determinada coisa agora? Ou seja, porque resolvemos priorizar isso? Normalmente, ligaremos essa escolha a métricas da empresa e verificaremos o que entregaremos de valor para o usuário no curto e no médio prazos.

Feito isso, podemos iniciar a discovery e começar a pensar também em documentação. Em relação a documentação, devemos determinar:

O que documentar?

Acredito que tudo o que for possível. Todos os insumos colhidos podem ser úteis para o desenvolvimento e para atualizações futuras do produto.

Como documentar?

Uma estrutura de tópicos que costumamos usar na Conta Azul é:

  • Pessoas envolvidas (imagem 1);
  • Objetivo da discovery;
  • Planejamento da discovery (imagem 2);
  • Execução da discovery — e neste ponto gostamos de agrupar pelos momentos do Diamante duplo:
  • Descoberta;
  • Definição;
  • Desenvolvimento;
  • Entrega;
  • Entregáveis;
  • Encerramento da discovery.

Lembrando que tudo é contextual, então funcionalidades e momentos específicos podem não passar por todos estes tópicos ou serem inseridos novos.

Imagem 1: Tabela com a especialidade e nome das pessoas envolvidas numa discovery (arquivo pessoal)
Imagem 2: Tabela com o percurso de evolução de uma discovery (arquivo pessoal)

Quanto mais detalhes uma documentação tiver, mais rica será para quem a consultar na sequência. Por isso, acrescentamos à documentação benchmarkings realizados junto a outras empresas, fluxos de navegação, protótipos, formulários de pesquisa, artefatos de testes e entrevistas.

Essa riqueza de informações ajuda quem lê a documentação a entender porque algumas decisões foram tomadas. E dá a essa pessoa sugestões de coisas para revisitar, repensar ou evoluir depois.

Outro ponto é aproveitar o que as ferramentas de documentação oferecem. O Confluence, por exemplo, permite a criação de templates, aí criamos um específico para discoveries, que é utilizado por todos os times. Então, o mais importante na ferramenta escolhida — independente de qual for — é que ela forneça a assistência que o seu contexto necessita.

A padronização também deve ser considerada. Quanto mais próximos os times estiverem do mesmo padrão, mais fácil será para entender e para encontrar as coisas depois.

Também é importante contar a história da discovery de maneira simples, evitando termos muito técnicos, e tentar deixar tudo bem visual (usar imagens, fluxos).

Isso porque a documentação servirá para apoiar diversos times, entre eles: Desenvolvimento, Atendimento, Marketing, que têm diferentes níveis de maturidade e de conhecimento sobre o produto.

Para facilitar, uma coisa que eu sempre faço é colocar, já no início da documentação, uma tabela com uma espécie de status daquela entrega. Esse resumão permite a qualquer pessoa descontextualizada entender, rapidamente, o andamento do projeto.

Imagem: Tabela com o status da entrega, acrescentada por Gardim já no início das apresentações

Quando documentar?

Cada um tem um timing. Para mim, funciona bem documentar em tempo real. Acho mais fácil do que começar do zero, só após a conclusão da discovery. Depois a gente acaba não lembrando de tudo, perde detalhes. Mas, claro, veja o que é melhor para você e no seu contexto.”

Por hoje é só isso tuuuudo! E você, como documenta discoveries na sua empresa? Conta para a gente nos comentários! Gostou desta dica? Não esquece de 👏.

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