Virei júnior e agora?

Micael Ilieff
Design VML Tech
6 min readOct 2, 2023

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Leitor, este texto vai compartilhar com você a visão de alguém que está começando a carreira e tentando entender o seu papel dentro da empresa (e no mundo).

O Início

Antes de contar um pouco da minha história, gostaria de compartilhar o momento atual da minha carreira, e assim, ao longo do texto irei compartilhando minhas dificuldades e momentos de glória.

Oi, sou o Micael, tenho 22 anos e estudo Design Digital na UFPEL. Atualmente, trabalho como designer de produto júnior na Wunderman Thompson Technology Brasil (nome grande, não é?). Aqui na WTT, o papel do Designer de Produto engloba desde a concepção até a materialização do produto digital. O nosso escopo inclui exploração, construção das interfaces, prototipação, entre outros.

Minha história começa em abril de 2021, quando entrei para o time de produtos como estagiário. Meu primeiro projeto era voltado para uso interno, ou seja, meu cliente era a própria WTT. Como estagiário, compreendi que era minha responsabilidade permanecer atento e receptivo ao máximo para absorver conhecimento. Estar disposto a observar, interagir e aprender é fundamental, pois isso não apenas contribui para que você se torne um excelente profissional, mas também uma pessoa excepcional.

Estar disposto a aprender é algo básico, convenhamos. Até mesmo Michelangelo aos 87 anos disse ainda estar aprendendo, quem somo nós na fila do pão?

Meu primeiro projeto, denominado WT Lounge, consistiu em uma espécie de “escritório online”. Vale lembrar que em 2021 estávamos no auge da pandemia, o que impossibilitava os encontros e trocas presenciais. Diante dessa necessidade, surgiu a iniciativa de adaptar os processos da empresa para o ambiente online, culminando no desenvolvimento do Lounge. Quando ingressei na empresa, já havia um MVP do produto em funcionamento. No entanto, nossa tarefa era reavaliar o estado atual da aplicação e propor novas funcionalidades para aprimorá-lo.

Jornada

Parece dramático, mas foi uma jornada. Os desafios ao chegar a um lugar novo, numa etapa nova da vida, conhecendo pessoas novas, podem parecer um pouco assustadores, mas não tanto. Eu (Micael) enxergo que quando estamos dispostos a contribuir, fazer diferente e ir além daquilo que nos é proposto, estamos abrindo espaço para que nosso trabalho vá além, que mais pessoas o conheçam, deem feedback, compartilhem suas opiniões, e isso a meu ver, é crucial para qualquer carreira e qualquer nível. Interessante explicar que ir “além” não é trabalhar como louco e flertar com um burnout, mas sim se mostrar receptivo a novos conhecimentos e perspectivas.

ir além = bom, burnout = ruim, beleza?

Dito isso, foi assim que tentei encarar meus primeiros momentos aqui como estagiário, fazer aquilo que tem que ser feito, mas procurando entender talvez o porquê de estar fazendo tal coisa. Voltando para o Lounge, assim que comecei a trabalhar no projeto, os sentimentos de ansiedade e até a famosa síndrome do impostor não demoraram muito até aparecerem — o que faz parte, o que não faz parte é que esses sentimentos se sobressaiam. Para estes momentos, é muito importante contar com o apoio de sua equipe e principalmente de seus líderes, serão eles capazes de te auxiliar em como trabalhar com essas dificuldades e de que maneira é possível contornar essas barreiras. Outra dica valiosa que compartilho, é ser franco com seu líder, deixar claro o que você está sentindo, como que você enxerga seu trabalho e o que você acha que poderia ser feito diferente, ou seja, converse. Tudo aquilo que é conversado tem chances infinitamente maiores de serem abordadas.

Junto da palavra “estagiário”, a instituição faculdade é algo que caminha lado a lado, por motivos óbvios. Durante as aulas, em diversos momentos, eu me pegava questionando: onde vou usar isso? Quando irei usar isso? Qual é o objetivo disso? Muitas vezes tratava a matéria com certa indiferença. Essa atitude rapidamente mudou quando percebi que era necessário sempre estar munido de argumentos para defender as minhas decisões: qual o motivo para fazer deste tamanho? Por que usar esta cor? Qual é o objetivo deste fluxo? A partir desse entendimento, percebi duas coisas: dentro do design (acredito que em outras profissões também), é necessário que você esteja pronto para defender o seu ponto de vista. E aqui eu trago uma perspectiva minha: isso se constrói com o tempo. Ao longo da jornada, você vai adquirindo conhecimento, conceitos e técnicas que vão contribuir para que, cada vez mais, você fundamente seus argumentos. Isso demanda tempo e vivência. Demore o tempo que precisar, mas sempre defenda suas ideias.

E mesmo que você não tenha certeza, defenda mesmo assim! Só não pode
achar que é verdade absoluta. Voltando na fila do pão… quem é você?

A segunda coisa que acho importante frisar aqui é justamente aquilo que já mencionei anteriormente no texto: observe. Esteja atento aos seus pares, aos seus colegas de níveis mais avançados. Acredite, eles já estiveram no início da carreira. Pergunte para eles; tenho quase certeza de que será unanimidade entre eles que a melhor maneira de melhorar é ser curioso (um clichê, eu sei, mas é verdade).

Atualmente

Nos dias de hoje, após completar o ciclo de dois anos permitido pelo contrato de estágio, ocupo um cargo na empresa com maiores responsabilidades e diversos clientes. Escrevo este texto com a perspectiva que possuo hoje, porém tive a sorte de ter outras pessoas me transmitindo exatamente essas palavras que acabei de escrever, há dois anos. Embora pareça um curto período, na realidade não é. Durante este tempo, tive a oportunidade de lidar com diversos clientes, cada um apresentando desafios distintos que me obrigaram a me adaptar. E esta é outra lição que considero importante compartilhar: a importância da flexibilidade.

Seria sorte o melhor termo? Talvez não, mas como nem sempre é possível contar com outras pessoas, acredito que se encaixe.

De fato, problemas surgem e situações absurdas ocorrem, faz parte da vida. Nem tudo segue um curso perfeito, e seria sem graça se fosse esse o caso. Porém, frequentemente nos deparamos com situações que desafiam a sanidade de qualquer mente sã, e é nestes momentos que nossa habilidade de adaptação entra em jogo. É crucial que saibamos buscar alternativas, adotar novas perspectivas para solucionar tais impasses. A flexibilidade manifesta-se na disposição de abrir mão do que conhecemos e debater novas abordagens para os problemas ou situações.

Imagem em formato .gif retirada do desenho animado bob Esponja. O personagem Seu siriguejo com expressão facial a beira da loucura com sua pálpebra tremendo.
https://tenor.com/pt-BR

Assim como a disciplina de design, coisas mudam, processos se modificam e cada pessoa sabe para si qual a melhor maneira de encarar os desafios do dia a dia. No meu caso estou compartilhando aquilo que acredito que sejam/foram pontos importantes para meu desenvolvimento, tenho claro para mim que na escada dos níveis (Júnior, Pleno e Sênior) o próximo degrau não pode ser visto como meta a ser batida, mas sim como uma consequência do meu esforço e disposição.

E agora?

Retomando então as principais dicas que considero importante para a jornada como júnior:

  • Seja paciente
  • Pratique a escuta ativa
  • Observe
  • Seja curioso
  • Se permita errar
  • Seja flexível
  • Sempre converse

A lista acima não é um check-list de coisas a serem seguidas, mas são pontos que eu entendo como importantes para nós juniores que estamos começando agora; honestamente, são pontos que qualquer profissional seja qual for o nível, deveria seguir. Gostaria de lembrar novamente que este texto traz uma perspectiva pessoal, ou seja, ela é o reflexo da minha experiência, e todos nós sabemos que nem sempre é assim. Então convido você a também compartilhar suas experiências de início de carreira, tenho certeza de que rende uma história boa.

Até a próxima.

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