Dicas e truques para facilitar a mudança social

Há 4 anos, estudei a Masterclass of Disruptive Design com Leyla Acaroglu. Foi sem dúvida um ponto de virada sutil na minha vida que fermentou o que hoje é o Coletivo de Design Disruptivo. Semanas antes do curso, eu estava revisando o material de referência que eles enviaram e, entre eles, estava o livro que resumo abaixo. Eu resgatei esta publicação de uma plataforma de textos que agora está extinta, sem atualizar ou revisar o texto original.

Photo by Jason Wong on Unsplash

Maio, 2016

Em uma semana, estarei estudando a Masterclass da Unschool of Disruptive Design e queria compartilhar uma das leituras de preparação. Este é o livro “Dicas e truques para facilitar a mudança”, de Leyla Acaroglu, fundadora dessa organização que, em um formato curto, compartilha algumas dicas que tentarei resumir aqui.

Configuração Neuronal e Construção Social

A premissa inicial é que, independentemente de sermos professores, facilitadores, agentes de mudança, inovadores sociais, empreendedores, catalisadores sociais ou como queiramos nos chamar, é extremamente importante reconhecer que TODAS as pessoas compartilham uma pré-configuração neuronal e bioquímica, bem como construções sociais que afetam comportamentos, hábitos e processos de aprendizagem.
A relevância da configuração neuronal que compartilhamos é que, de hormonal a cerebralmente, estamos predispostos a buscar estímulos positivos e evitar o estresse, gerar vínculos, buscar a aceitação de nossos pares e, por nossa condição como espécie, a depender de outros em nossas etapas mais iniciais — o que nos leva ao próximo ponto.

Como seres sociais desde o nascimento, dependemos da proteção e cuidado dos pais, bem como da imitação para moldar a linguagem e nossos comportamentos; consequentemente, não podemos escapar das construções sociais. Algumas das mais importantes para a autora são:

  • Nem sempre dizemos e fazemos o mesmo
  • Nosso comportamento é mais irracional do que racional
  • Sendo animais sociais, a dependência e os laços emocionais são de vital importância
  • Esperamos um melhor status para que as pessoas possam nos tratar melhor

Vieses cognitivos

Identificar um viés cognitivo nos permite reconhecer nos outros e em nós mesmos por que filtramos ou selecionamos subjetivamente determinadas informações para construir conhecimento e tomar decisões. Alguns dos vieses mais importantes são os seguintes:

Efeito de contágio. — A tendência de acreditar ou fazer algo porque muitas pessoas fazem isso. Semelhante ao “pensamento de grupo” e “comportamento de matilha”.

Viés de confirmação. — A tendência de buscar, interpretar, focalizar e lembrar informações de uma maneira que confirme nossas percepções pré-existentes.

Lacuna de empatia fria e quente. — Quando subestimamos a influência que fortes sentimentos viscerais podem exercer; como sentir fome ou ferir-se na tomada de decisão. Isso se baseia na idéia de que a experiência humana é “dependente do estado”.

Formulação ou Efeito-Quadro. — Tirar conclusões diferentes e reagir de maneira diferente à mesma informação, dependendo de como a informação é apresentada ou formulada. Enquadrá-los de maneira positiva ou negativa influencia a percepção de risco ou recompensa.

Distorção retrospectiva.- Quando um evento passado é percebido como mais previsível do que realmente era. Às vezes chamado de efeito “eu sabia desde o começo”, a distorção retrospectiva é uma superestimação da capacidade de prever resultados.

Fixação Funcional.- Quando um objeto é percebido como tendo apenas uma função óbvia e primária, limitando as possibilidades de ser usado para outros fins.

Aversão à perda. — As pessoas dão preferência a evitar uma perda sobre o lucro. Na psicologia, uma perda é duas vezes mais poderosa que um ganho. As pessoas geralmente esperam mais dinheiro abandonando um objeto do que estão dispostas a pagar por ele.

Viés conservador.- A prática de buscar informações que confirmem nossas crenças preexistentes, ignorando quem as contradizer.

Viés da Negatividade. — Fenômeno psicológico de lembrar lembranças e experiências desagradáveis ​​ou negativas com mais frequência do que lembranças positivas.

Viés do ponto cego. — O erro em reconhecer que o próprio viés de conhecimento é viés de conhecimento. As pessoas tendem a encontrar preconceitos em outras pessoas, mais frequentemente do que em si mesmas.

Viés de informação. — Uma avaliação distorcida da informação com base na crença de que a aquisição de mais e mais informações levará a um resultado melhor, mesmo que a informação seja irrelevante.

Efeito do Espectador.- Quando a inação de um grupo de pessoas afeta o indivíduo para não oferecer ajuda a alguém. A probabilidade de alguém ajudar é diretamente proporcional ao número de espectadores; quanto mais inativos, menor a probabilidade de alguém ajudar.

Falácia do jogador. — A crença equivocada de que os eventos que ocorrem com frequência ocorrerão com menos frequência no futuro. Essa crença pressupõe que um efeito de equilíbrio dite a ocorrência de eventos.

Disponibilidade heurística. — Exagerar a importância das informações ao alcance ou imediatamente disponíveis. Exemplos e informações imediatamente disponíveis são uma influência poderosa na toma de decisões.

Viés a favor da inovação.- Ter otimismo excessivo sobre a utilidade de invenções ou inovação, enquanto nos enganamos em identificar suas limitações e fraquezas.

Viés do Status Quo. — A preferência em manter o estado atual das coisas e o desejo de que as coisas permaneçam as mesmas.

Efeito Avestruz.- Quando alguém decide ignorar informações negativas ou perigosas “afundando a cabeça na areia”. Ignorância deliberada.

Percepção seletiva.- Quando as pessoas escolhem o que querem ver, permitindo que suas expectativas influenciem sua percepção de algo.

Viés do Sobrevivente.- Quando as decisões são baseadas na conscientização de sucessos passados, enquanto as falhas são ignoradas. Como exemplo, no mundo do empreendedorismo tecnológico, os sucessos são viralizados e as tentativas fracassadas são ocultadas ou não são divulgadas.

Efeito Halo.- Quando nossa percepção de algo ou alguém é influenciada por uma única característica positiva ou negativa e essa percepção é “infectada” de uma área para outra.

Seis dicas para facilitar a mudança

1. FAZER PERGUNTAS que promovam a curiosidade ou olhar as coisas de uma perspectiva diferente; permitindo às pessoas adquirir novos conhecimentos sem fazê-las se sentirem ignorantes.

2. DESENHAR A EXPERIÊNCIA considerando o espaço físico, bem como o caminho dos participantes para alcançá-lo; os artefatos e recursos visuais usados ​​para obter determinados resultados. Avalie sempre a posição do apresentador e a configuração do local, bem como o objetivo geral da experiência.

3. FAZER DE UMA MANEIRA DIVERTIDA, usando humor visual na apresentação, fazendo piadas sobre nós mesmos ou fazendo comentários engraçados. O humor e o jogo relaxam as pessoas e permitem que elas viajem sem preconceitos por uma área segura ou conhecida desde a infância, com limites de regras e tempo.

4. CONTAR HISTÓRIAS facilita a conexão emocional e de memória. Também é possível pedir aos participantes que participem com suas próprias histórias relacionadas ao tópico para fortalecer esse link.

5. ADMITIR A IGNORÂNCIA não apenas apela à humildade do expositor, como também estimula a curiosidade e o aprendizado em todos. A teoria da lacuna de informação indica que, se a lacuna de conhecimento é pequena, tendemos a ignorá-la, mas se a lacuna do que eu sei sobre o que eu preciso saber é do tamanho certo nos motiva a saber mais.

6. CO-CRIAÇÃO em vez de ditar é a prática de descompactar problemas e explorá-los através da colaboração fornecida. Também conhecido como Design Participativo inclui todos os envolvidos na discussão e design dos resultados.

--

--

Diego Del Moral
Design Disruptivo para a Mudança Social

“Fuiste silvestre alguna vez, no te dejes domesticar” Cofundador del Colectivo de Diseño Disruptivo e inadaptado profesional