Como o Design ajuda a entregar inovação no setor da mobilidade

Walmor de Paula
Design Industrial Brasil
3 min readAug 1, 2022

O design como fator estratégico pode fomentar a inovação por meio dos produtos e serviços que criam relacionamentos com as empresas.

Photo by Justin Main on Unsplash

Atravessamos uma era de muitas mudanças em todas as relações que estabelecemos enquanto sociedade, e os motivadores dessas mudanças são muitos. Destaco aqui os impactos ambientais que a ação do homem causou no planeta, os efeitos que a hiperconectividade trouxe às pessoas (tanto em acesso à informação e serviços como em estabelecer novos comportamentos) e o declínio da era industrial que estamos vivendo. O domínio sobre as tecnologias de produção em massa já não garante protagonismo para as empresas.

O setor da mobilidade é profundamente afetado por essas mudanças, e quando entendemos que mobilidade não é somente ir do ponto A ao B, mas sim estar presente e acessível da forma que é possível, passamos a entregar mobilidade de diferentes formas. Através de serviços de transporte por aplicativo, produtos digitais, como o Zoom ou as ferramentas Google, acesso a bikes ou patinetes para micromobilidade, ou mesmo o que ainda está por vir, com os avanços das tecnologias de realidade mista e os devices de VR.

Photo by Jason Goodman on Unsplash

Inovação e criatividade são as respostas que temos hoje para enfrentar os desafios que se apresentam neste contexto complexo. E o design, enquanto ofício, sempre esteve muito atrelado a essas características, mas com um entendimentopersonificado, “designer = ser criativo e inovador”, ou mesmo aos estúdios de design, “lá dentro daqueles lugares fechados e descolados em que se faz coisas criativas e inovadoras”.

O fato é que essa “criatividade” depende de alguns motores para conseguir entregar valor, dentre os quais eu destaco dois: necessidades e repertório. O que é trabalhado em processos constantes, que são empregados nos desafios propostos através de metodologias de design, que, de forma geral, são baseadas em:

  • Imersão e entendimento dos contextos dos desafios;
  • Ideias de solução, testes e refinamentos constantes;
  • E, principalmente, colocar as pessoas e o planeta no centro das soluções.
Verganti’s model of design-driven innovation (2009) — http://www.verganti.com/books/

Empresas Design Driven estão tirando essas metodologias (e os próprios designers de “dentro dos estúdios”!) e aplicando isso em todos os cenários da empresa, ampliando, assim, o escopo de necessidades, encarando problemas mais complexos, indo além de soluções para produtos físicos ou soluções estéticas. E, estando “fora” dos ambientes restritos dos estúdios, aumentam muito o repertório para encarar desafios nos sistemas complexos das organizações, podendo impactar de forma profunda as transformações que necessitamos para o desenho de novas soluções de mobilidade, como muitas startups vêm fazendo. A Canoo e a Arrival são dois bons exemplos.

Seja por ofertar seus produtos como serviços por assinatura (no caso da Canoo), seja por se pautar no conceito de microfábricas para produção, que dão agilidade de crescimento e implementação (no caso da Arrival). Em ambos os casos, seus produtos são altamente customizáveis, pois foram concebidos como plataformas similares aos produtos digitais, capazes de se adaptar constantemente sem engessar todo o processo de implementação, além de ofertar soluções com baixos índices de impactos ambientais.

Promover o Design como fator estratégico na empresa ajuda a fomentar a cultura de inovação muito além da forma e função, entregando significado para as pessoas através dos produtos e serviços que criam e cultuam os relacionamentos com as empresas.

O texto acima foi publicado originalmente na edição 90 da revista Engenharia Automotiva da SAE Brasil (https://saebrasil.org.br/revista/) através da Mentoria de Design SAE Brasil, da qual faço parte.

--

--