Design pra Vida – Contando uma nova história

Marcela Leon
Design pra Vida
Published in
7 min readJun 8, 2018

Ou sobre quando passei a amar o meu corpo e decidi me dar de presente um ensaio fotográfico.

Foto por Sofia Colucci®

Contextualização, explicações ou o que quer que seja necessário para quem vem acompanhando o Design pra Vida

Se você veio aqui só pelo conteúdo, pode pular pro próximo subtítulo. Se gosta de explicações, são apenas quatro parágrafos.

Antes de começar o texto de junho, vale dizer que no dia 1o de maio entrei para o #desafio30diasdeescrita proposto no Ninho de Escritores. Me empolguei muito com a ideia e fui me apaixonando a cada texto que conseguia produzir. Estava me divertindo. Porém, mudando de emprego, tocando podcast, CreativeMornings, freelas, cuidando de dois filhos adolescentes e mais toda aquela rotina de gente grande; dá pra imaginar que tive que priorizar algumas coisas.

Como a minha proposta inicial de 2018 foi escrever um texto por mês — exatamente por entender a minha rotina e as minhas prioridades, criando uma meta adequada a tudo isso — me permiti descontinuar o #desafio30diasdeescrita, sabendo que voltaria escrever em poucos dias.

Os textos que dou vida no Medium são exercícios, pouco ou nada trabalhados, escritos numa pegada bem leve de respeitar o fluxo do que se passa naquele momento e como quero expressá-lo. Raramente faço algum tipo de revisão e frequentemente encontro erros — de concordância, escrita, palavras e afins — durante minhas releituras (ou quando um amigo caridoso me dá a dica ❤).

Digo isso para que não sejam tão duros com esses textos pois eu mesma não sou. Meu objetivo é exercitar a escrita e me divertir, não produzir uma obra prima de perfeição gramatical e/ou literária. Vamos lá?

uma trilha sonora pra quem quiser :)

A arte de contar uma nova história

Enquanto me despedia da Sofia disse: "Vou escrever um texto sobre esse ensaio; quero registrar essa experiência. Vou escrever hoje". "Já estou ansiosa", respondeu ela.

Nos conhecemos há pouco mais de ano e meio através do CreativeMornings. Ela trabalhava para a produtora que faz os vídeos e eu fazia pão orgânico de fermentação natural pro café da manhã. Foi depois de alguns meses, quando eu já não mais fazia apenas o pão, mas estava ajudando também na organização e produção do evento, que nos conectamos de outra maneira.

Vivia um processo muito intenso de transformação. Profissional, intelectual, emocional, físico e transcendental até. Decidi cortar o cabelo e parar de esconder os fios brancos, passei a usar roupas e acessórios que sentia que tinham a ver com essa nova mulher. Até batom vermelho entrou na nécessaire.

(Parênteses pra contar que a primeira vez que fiz maquiagem na vida foi aos 22 anos para o casamento; a primeira vez que tive alguma coisa de maquiagem comigo foi aos 26, quando trabalhei de hostess e carreguei por 2 meses rímel, delineador, blush e gloss; depois disso, a maquiagem venceu e eu passei anos sem nada, até ganhar aos 35 alguns produtos do namorado no aniversário. Eu vivo de cara lavada.).

Mesmo depois de dois filhos, do não dar satisfação pra pai e mãe, do pagar as contas e do fazer programa de fim de semana na Leroy Merlin; me sentia ainda uma menina. Uma grande, forte e jovem menina.

ela está aqui ainda, eu sei — foto por Sofia Colucci®

Então, marcamos um café eu e Sofia. Não por acaso na padaria que depois viraria meu cantinho preferido; quase minha segunda cozinha. Conversamos muito animadas. Contei um pouco da minha história até ali: referências, fatos, músicas, sabores e amores. Saímos com a intenção de combinar quando faríamos.

Daí até que efetivamente tivéssemos acertado nossos ritmos, foi praticamente um ano para que o ensaio ainda sem nome acontecesse.

Sofia durante o evento de comemoração de um ano do Baseado em Fatos Surreais, 05 de julho de 2017

Tudo isso para dizer o quanto a realização do ensaio ainda sem nome foi a representação máxima desse processo. Quase um renascimento em quatro movimentos depois de uma série de acontecimentos que me trouxeram até o momento que escrevo esse texto.

A banheira

Quando disse que era hora de marcar Sofia veio com a ideia: "Pensei em usarmos uma banheira, o que acha?". Comprei a ideia na hora com um super entusiamo. A água esteve presente durante todo o último ano em continuas viagens à praia e banhos de mar. Até o assunto de ter uma banheira em casa foi pauta durante a procura do apartamento novo (e ainda é um sonho na fila de sonhos a serem realizados da vida). Não poderia ter sido de outra forma.

Nos encontramos num sábado quente de abril. Foram mais de 6 horas, 1500 registros fotográficos, 32' de conversas gravadas, 4 caixas de leite, 1/2 garrafa de groselha, ramos de flores, uma bomba da Lush (saudades Lush Brasil), alguns cigarros e um espumante.

Nos reencontramos mais de mês depois, no meio de maio, onde selecionamos pouco mais de 400 fotos e tivemos mil ideias de projetos envolvendo mulheres, fotografia, histórias e audio gravação.

(verdade seja dita, eu fiquei delirando em ideias enquanto a Sofia respondia educadamente)

E só agora, em junho, pude ver o resultado final.

Ensaio ainda sem nome

É uma experiência muito interessante se ver através de outro olhar. É ainda mais interessante quando nos vemos desconstruídos do corpo, como parte de uma plástica que envolve outros elementos e ignora qualquer tipo de erotismo ou sensualidade. É libertador escolher colocar o corpo num lugar que não seja o de objeto e objetivo sexual.

primeiro movimento— por Sofia Colucci®

Todos os dias somos ensinados a desejar algo que não temos, a ser alguém que não somos, a valorizar o que é muito diferente do que é nosso, a perseguir modelos onde não nos encaixamos nunca e, por isso, acabamos constantemente frustrados e aprisionados. Maltratamos a nós mesmos, de maneira muito cruel e sistemática, em busca de um ideal impossível.

Aprender a olhar para si, se respeitar e se amar na simplicidade do que se é, com leveza e desprendimento. Quem consegue e por quantos segundos?

segundo movimento — por Sofia Colucci®

Queremos uma vida sem sofrimentos. Uma vida repleta de alegrias, viagens, surpresas, sorrisos, euforia. Uma vida sem espaço pro tempo, pra dor, pro nada, pra ausência, pra lágrima, pro esforço. Não queremos nada que não seja estímulo de prazer.

A confiança de que a vida é um continuum de uma vasta qualidade de experiências — das mais alegres e prazeirosas às mais tristes e dolorosas — e que todas tem seu lugar necessário é algo que precisamos aprender. E que temos a obrigação de ensinar nossos filhos desde muito pequenos e sempre.

terceiro movimento — por Sofia Colucci®

As coisas podem parecer um pouco caóticas — porque na verdade são — e tudo bem.

quarto movimento — por Sofia Colucci®

Nós que aqui vivemos — em ruas asfaltadas, em condomínio de edifícios, em carros com ar condicionado, em supermercados com comida congelada, em shoppings para todas as compras — devemos deixar vez o outra o delírio da humanidade e olhar a amplitude do universo.

Nos voltar carinhosamente para uma relação mais viva com a natureza, a nossa e do nosso ambiente.

Hoje eu resolvi escrever brevemente sobre a experiência do ensaio ainda sem nome. Posso dizer que recomendo com certeza ? Se a sua imagem e a fotografia fazem sentido pra vocês, sim. Se não, existem outras formas de dar materialidade aos processos da vida.

Selecionei um cheiro do que foi produzido naquele dia. Que guardarei com muito carinho e, quem sabe, convenço Sofia a fazermos um exposição do acervo dela de fotos e incluímos algumas desse aqui. ❤

Sofia tem um projeto lindo de fotografar corpos nus com um respeito e delicadeza únicos. Também tira fotos de pessoas vestidas, claro. Inclusive, fotos daquele dia especial quando casais apaixonados resolvem celebrar o amor com sua comunidade, o tal casamento.

  • esse devaneio faz parte da série 2018 de textos que me comprometi a compartilhar na jornada de Design pra Vida. Se ainda não teve a oportunidade de ler os anteriores clique aqui, escolha um lugar gostoso e mergulhe comigo :)
  • quer conhecer o meu #laboroflove — aquele projeto que conto com brilho nos olhos e sorriso na alma — vem ouvir o Baseado em Fatos Surreais, um podcast que conta histórias de outras mulheres, em primeira pessoa, com empatia, intimidade e leveza ❤
  • ah, e não custa lembrar: gostou do texto? te fez pensar? clica nas palmas, compartilha com alguém que você acha que vai se beneficiar de alguma forma e me ajude na motivação para continuar na minha meta de 2018 ;)

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Marcela Leon
Design pra Vida

oi! eu sou criadora e produtora do podcast de histórias Baseado em Fatos Surreais. tô no www.papodeprodutora.com.br compartilhando sobre produção em áudio 😉