5 dicas da Cole Knaflic para contar histórias com dados

Você pode ir direto para as dicas se quiser, mas pegar um pequeno contexto é sempre bom :-P

Wesley Rocha
Design RD
7 min readJan 26, 2022

--

Há um tempo, li o maravilhoso livro Storytelling com Dados, da Cole Nussbaumer Knaflic. Uma leitura super didática e pragmática em relação a como podemos contar histórias com visualizações de dados.

Neste post eu vou compartilhar um breve resumo com os principais pontos que ela aborda no livro, como: contexto, escolha da representação visual, saturação de informações, foco da leitura, entre outros tópicos fundamentais para a construção de uma história com dados. Seja para uma apresentação, relatório ou sistema que precise apresentar dados aos clientes.

Pensando também no meu contexto, tentarei traçar um paralelo incluindo um pouco da minha interpretação de como o Designer de Produtos Digitais pode aplicar esses conceitos na construção de boas visualizações de dados.

Tenho trabalhado com criação de visualização de resultados de Marketing Digital e Vendas há algum tempo. Esse escopo é cheio de nuances e desafios no que se refere a percepção de valor e retorno do investimento das estratégias adotadas no contexto do marketing Digital.

Os principais problemas que observo estão relacionados à educação das pessoas em relação à interpretação dos dados e gráficos disponibilizados em relatórios e apresentações, como:

  • Identificação e entendimento sobre o tipo de dado apresentado, origem e abrangência: Vemos com frequência as pessoas generalizarem tudo em seus discursos — por não terem noção do tamanho da amostra ou simplesmente por ignorarem a origem do dado;
  • Interpretação dos dados para extrair as informações a serem consumidas e entendidas: Pessoas olham para os dados e gráficos e não conseguem extrair a mínima compreensão do que está acontecendo;
  • Capacidade de transformar essas informações em conhecimento efetivo que as ajude na tomada de decisões: No final das contas o que queremos é adquirir e transmitir conhecimento de forma prática, fácil e rápida.

“…não nos ensinam a contar histórias com números.”
Knaflic, Cole. Storytelling com Dados (p. 14)

É claro que os fatores apontados não são os únicos responsáveis pela dificuldade em lidar com visualizações de dados. Grande parte do problema está nos exemplos de gráficos complexos, confusos, vagos ou inconsistentes que atrapalham as pessoas a entenderem o que está acontecendo.

As dicas iniciam aqui :-P

Com base nisso, abaixo estão algumas dicas que podem ajudar a melhorar não só os gráficos e visualizações, mas a história que por ventura deseja contar com eles.

1º Toda a história é criada para um determinado público ou contexto

Antes de iniciar a montagem de uma visualização de dados, verifique se tem as respostas para as seguintes questões:

  • Quem é seu público?
  • O que precisa que o público saiba?
  • Qual é a ação, atitude ou mudança que você deseja que esse público faça com base no que vai mostrar?
  • Se tiver apenas a intenção de informar, o que quer que o público aprenda ou saiba?

Entender o contexto ligado a circunstância do público, seu mecanismo de comunicação e tom desejado, vão aumentar muito as chances de compreensão das informações apresentadas por você ou pelo seu relatório.

2º A escolha de uma apresentação adequada para contar sua história fará toda a diferença

É como escolher os componentes que vão compor um livro como: capa, cores, fontes, ilustrações entre outros elementos.

Essa parte é um pouco dura, pois quase toda a informação pode ser representada por uma infinidade de formatos. (Prometo fazer um post para detalhar mais essa parte). Mas abaixo tem uma lista que a autora compartilha, onde podemos aplicar de forma simples a maior parte dos dados que desejarmos apresentar:

  • Texto simples e objetivo com o número a ser apresentado: Sim, isso é uma visualização de dado e pode funcionar na hora de destacar uma informação relevante para o público;
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Mapa de calor: Muito comum para situações geográficas, mas pode ser usado em outros contextos destacando posições em um gráfico ou tabela;
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Gráfico de linha: Excelente para avaliar e demonstrar tendências. principalmente em uma série temporal ou sequência de eventos correlacionados;
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic - Alta Books.
  • Gráfico de inclinação: Bom para comparação de tendência também, mas ajuda a destacar as mudanças de posição entre uma coluna e outra;
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Gráfico de barras verticais ou horizontais, empilhadas ou não: Ajuda bastante nas comparações volumétricas entre as barras ou seus componentes;
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Gráfico de área quadrada: É uma forma de conseguir visualizar números com magnitudes muito diferentes, pois o uso de duas dimensões torna alguns resultados perceptíveis. Pelo menos mais que em um gráfico de colunas.
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Gráfico de cascata: Serve para decompor os participantes de um resultado e saber o que contribuiu com o aumento ou diminuição do resultado.
Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.

Existem várias outras formas disponíveis para montar gráficos. Você tem toda a liberdade para criar uma que melhor se adeque ao contexto desejado. Mas começar com o simples pode economizar tempo e te dar insights para onde pode evoluir.

3º Elimine a saturação, tanto visual quando informacional:

O objetivo de usar a visualização de dados para apresentar um resultado ou relatório, não é colocar lá todos os detalhes encontrados. Pelo contrário, é conseguir abstrair a informação relevante para aquele contexto e objetivo, facilitar a compreensão usando formas visuais, ajudando, assim, as pessoas a entenderem o que está acontecendo.

Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Cada elemento que for adicionado a sua visualização vai absorver carga cognitiva por parte de seu público e, se não for bem orquestrado, pode desviar a atenção do que é realmente relevante.
  • Então, identifique coisas que estão absorvendo processamento cerebral da sua audiência desnecessariamente e as remova.
  • E, se tratando de usar a percepção visual para comunicar algo ao público com gráficos, podemos abusar de alguns princípios da Gestalt como: Proximidade, similaridade, continuidade, fechamento, figura-fundo, região comum e ponto focal.

4º Procure focar a atenção do espectador onde você deseja que ele olhe:

Dessa forma você pode aproveita o máximo da percepção visual das pessoas para prender a atenção delas naquilo que é relevante.

Retirado do livro Storytelling com Dados da Cole Knaflic — Alta Books.
  • Dê enfoque ao tamanho, cor e ênfase usando atributos pré-atentivos (atributos que podem ser percebidos antes mesmo do espectador focar sua atenção Ex: cor vermelha é atenção, topo da página é maior que final da página etc).
  • Atributos pré-atentivos ajudam a dirigir a atenção do seu público.
  • Trabalhe a hierarquia visual dos componentes, a fim de ajudar a dirigir seu público para as informações que deseja comunicar.
  • A cor como ferramenta estratégica deve ser utilizada com consciência e não apenas de forma estética. Tenha intencionalidade ao utilizar esse recurso.

5º Pense como um designer:

A intenção da autora por traz dessa afirmação liga o processo de criação de visualizações de dados aos princípios básicos de Design, pois, ao trabalhar com essa disciplina projetual, se faz necessário entender contexto, necessidades e intencionalidade do que se deve fazer, para que e, principalmente, como será utilizada.

  • Lembre que forma segue a função (uma faca expõe claramente onde deve ser segurada). Um gráfico deve expor claramente sua intenção (comparar, medir, apontar, ranquear etc)
  • O que queremos que nosso público consiga fazer com os dados (função) e criar uma visualização (forma) que permita fazer isso com facilidade.

Com esses 5 pontos levantados pela Cole Nussbaumer Knaflic, você pode construir visualizações bem objetivas e funcionais para suas apresentações, relatórios ou mesmo sistemas.

É muito importante levar em consideração que nem tudo se aplica a todas as situações, mas é super valioso considerar avaliar o porquê seu dado ou visualização não se encaixa nos pontos abordados. Isso vai te ajudar a criar novas possibilidades além de exercitar essa musculatura de criação de boas histórias com dados.

Fica aqui o convite para compartilhar sua experiência ao usar essas dicas. Funcionou para você? Como você conseguiu aplicar? Compartilhe o resultado aqui nos comentários.

--

--

Wesley Rocha
Design RD

Digital Product Designer na RD Station, saxofonista amador, construtor de prancha, pai de menina e um apaixonado por pessoas e pelo que faço.