Interaction Latino America 2018 oxigenando as ideias.

O que fiz para aproveitar ao máximo essa experiência.

Wesley Rocha
Design RD
8 min readDec 6, 2018

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Foto de Wesley Rocha

Me chamo Wesley Rocha e sou Designer de Interação na Resultados Digitais. Tive a oportunidade de ir ao ILA 2018 e vou compartilhar essa experiencia nesse Blog Post. Espero que você goste das histórias e da leitura.

Se você já foi a um evento com múltiplas palestras ocorrendo ao mesmo tempo, sabe como é complicado montar a agenda para assistir as apresentações. Abaixo estão algumas dicas que funcionaram para mim, e também, as que não funcionaram 😆.

De início, é óbvio que você tem que olhar antecipadamente o cronograma do evento e se inteirar do que vai acontecer. Mas é aí que começam os problemas!

Um evento que no primeiro dia você tem 8 horas e 50 minutos de programação, iniciando às 10h e terminando às 20h25, com 91 apresentações… é para deixar qualquer espectador maluco. E sim! Acompanhar tudo isso é humanamente impossível. Então, aí vão as duas primeiras dicas.

1ª dica: “Escolha quais apresentações mais lhe interessam.”

2ª dica: “Já procure fazer amizade com pessoas que não tem o mesmo interesse que você.”

Assim, você monta uma estratégia de dividir para conquistar, além de ter assuntos para compartilhar.

As outras pessoas querem saber o que elas perderam e você vai poder compartilhar com elas. Assim como você também vai querer saber o que elas aprenderam nas outras palestras.

Foto de Wesley Rocha

A primeira apresentação que eu acompanhei foi a Inovação contínua em uma fintech: Múltiplos usuários na mesma maquininha de cartão, feita pela equipe de design e pesquisa da PagSeguro UOL, Bruno Macedo, Karla Cruz e Thiago Santos.

Meu principal interesse nessa apresentação foi entender o processo de inovação contínua deles para essa solução de múltiplos usuários em uma mesma máquina. No mais, isso acaba influenciando no modelo de negócio da empresa também, já que ela vende essas máquinas.

Um momento bem interessante foi como o projeto surgiu.

Em uma visita médica, uma pessoa da equipe foi fazer o pagamento da consulta e percebeu que a atendente tinha várias máquinas da PagSeguro na mesa, cada uma etiquetada com o nome de um dos médicos do consultório. A coitada tinha que gerenciar qual máquina passar o cartão, além de outros problemas gerenciais e de erros nessa operação.

Seguindo essa pista, o problema foi levado para a equipe, que resolveu pesquisar se isso ocorria com frequência e em outras áreas. Nesse momento vieram um milhão de revelações sobre o que realmente acontecia, pois, além de uma máquina por médico, ocorria o contrário: vários comerciantes pequenos compartilhando uma única máquina e alguém tinha que ficar gerenciando quem usou, quanto recebeu e quando para poder realizar os repasses. Uma bagunça passível de erros e geradora de problemas e conflitos.

Mas, resumindo, o processo de design não foi novidade. O principal aprendizado que trago, é como a oportunidade de inovação foi descoberta.

“A máxima: Levante a bunda da cadeira e vá para a rua vivenciar a rotina dos clientes, continua sendo a melhor forma de sentir na pele os problemas dos nossos clientes e usuários.”

Escutando esses relatos eu vejo o quanto sair do escritório é matador para atacar problemas realmente certeiros e relevantes, não só para os usuários, como também para o negócio da empresa.

A segunda apresentação que assisti foi a Estimulando a experimentação e o design colaborativo do Product Owner também da galera da PagSeguro, José Cipriano.

Essa palestra me chamou a atenção, pois sou um fã de carteirinha de trabalhos desenvolvidos com o máximo de colaboração.

Acredito que, quanto mais conseguimos envolver pessoas com diferentes habilidades, tanto na investigação quanto na descoberta de solução. Mais será a vivência dessas pessoas, mais elas aprendem entre si e melhores profissionais elas se tornam. Pois, a cada interação, elas aumentam exponencialmente seus repertórios e conhecimentos, gerando excelentes soluções em conjunto.

O charme dessa apresentação é o trabalho de empoderamento das pessoas com o papel de Product Owners sobre a perspectiva do design e de clientes. No meu entendimento, além do conhecimento de Visão de Produto, Roadmap, ROI, Backlog, Métricas e outros de gerenciamento de escopo, existe a necessidade de introduzir a voz do cliente no repertório desses profissionais.

Acredito muito nisso e sugiro que, todos dentro da empresa, de ajudantes de serviços gerais a Diretoria, tenham a voz do cliente em seus repertórios de trabalho, ideias, investigações e, principalmente, nas decisões. Pois, no final, dinheiro nada mais é do que o resultado de um excelente produto que resolve o problema dos clientes ou torna a vida deles mais fácil e prazeirosa.

Na terceira apresentação em menos de uma hora… Nesse momento eu percebi que seria muito difícil ver algo com profundidade, minhas anotações estavam tão rasas quanto uma poça de água. Por isso, vou dar a dica de como fiz para aproveitar melhor o conteúdo:

3ª dica: “Apenas preste atenção no que os apresentadores estão falando. Não perca tempo anotando tudo, pois isso vai te tirar essa atenção. Apenas anote as referências citadas, para que depois possa se aprofundar no assunto.”

Vamos falar da palestra User Interface for Mobile Applications: A Systematic Review of Design Guidelines Based on User Experience, do pessoal da Universidade de Passo Fundo, Daiana Biduski e Ericles Bellei.

Essa apresentação traz uma coletânea bibliográfica de diversos artigos sobre padrões de interface para aplicativos mobile, de forma a identificar o que tem de comum entre os artigos escolhidos e pode servir como ponto de partida para o desenvolvimento de soluções mobile. Esses itens podem ser utilizados para economizar tempo de quem pretende projetar para esse meio.

O aprendizado dessa palestra é: usar o máximo de referências e experiências de outras fontes. Pode ser que você não seja o primeiro a passar por aquele problema e seguir algumas boas práticas vão economizar um tempo precioso no desenvolvimento da sua solução.

Após essa palestra, percebi que minha mente já estava ficando ineficiente com tanta informação em tão pouco tempo. Então, decidi socializar com as pessoas que também já estavam um pouco saturadas de tanta informação.

É nesse momento que a magia acontece e você descobre o quanto as pessoas estão querendo compartilhar o que elas estavam assistindo. Então, se liga na próxima dica:

4ª dica: “Aborde qualquer grupo de pessoas e se apresente. Pergunte quais apresentações elas assistiram e o que acharam da apresentação.” No pior dos casos, será ignorado. No melhor, fará amigos para o resto da vida.

Nesse momento eu descobri que a apresentação “Desafios na criação de um cartão em um mundo de maquininhas”, do pessoal da PagSeguro, por Sheyla Amaral Constantino Ramos, Francisco Moraes foi super interessante. O ponto alto da apresentação foi a descoberta de que, além das solicitações das máquinas de cartão, os clientes também solicitaram os cartões de crédito que possibilitam o uso do dinheiro recebido em até 1h após a venda ser efetivada. Isso dá mais agilidade no fluxo de caixa do vendedor e coloca outras operadoras no chinelo por segurarem o dinheiro de seus clientes por longos prazos. Assim, eu vejo dinheirinhos entrarem na conta da PagSeguro por prover um serviço e uma solução extremamente aderente à necessidade do cliente.

Outra história bem bacana narrada por outro transeunte que acabou virando companheiro foi a palestra Gestos que se auto-revelam (Self-Previewing Gestures): Um estudo exploratório, da Jacques Chueke PUC-Rio, na qual a navegação por gestos foi estudada de forma a utilizar indicadores visuais e textuais para reduzir os erros dos usuários. Apesar dessa tecnologia estar bem introduzida nos dispositivos móveis a ponto de ser quase ser invisível e auto explicativa, muitas vezes ela pode sim nos confundir e nos levar a erros em um ou outro App que não teve cuidado em utilizar essa solução. Nesse momento é importante o sistema dar uma ajudinha, uma dica ou um indicativo de como fazer. Uma imagem apenas é o suficiente como demonstrado no estudo que reduziu a taxa de erros dos usuários no uso de gestos na navegar.

Na sequência, já estava apto a assistir outra palestra. Com a mente descansada, fui ver a apresentação “A exponencialidade do mercado refletida no time de design do PagSeguro” da Aline Alves e Maryanne Cury — PagSeguro. Pensando no cenário da Resultados Digitais e no crescimento que estamos tendo na empresa, fiquei curioso para entender o que a PagSeguro estava fazendo em relação ao crescimento dela e do time de design.

De início percebi que existe uma diferença de escala bem grande, onde a PagSeguro já atinge 3,5 milhões de clientes e o impacto de suas iniciativa afetam um número gigantesco de pessoas. Isso levou a empresa a sair de 6 designers em 2015 para 44 em 2018.

Com um time desse tamanho a estratégia adotada por eles para garantir a entrega de experiência consistente, foi criar um núcleo responsável por manter o alinhamento no restante dos squads. Precisavam Disseminar e evangelizar as seguintes premissas:

  • Troca de aprendizado constante
  • Experiência Coesa
  • Relacionamento

Tudo isso com muita conversa e troca entre áreas, pois as necessidades foram debatidas entre todos que se relacionavam com a disciplina de design.

Resumindo, o ecossistema foi estudado de forma colaborativa. O time, a missão, os princípios as ferramentas e o fluxo básico de trabalho foi definido e algumas cerimônias como: Design Day, Design Critique e Oficinas, foram criadas e adaptadas para atender esse crescimento.

"No geral, o pulo do gato está em criar um ambiente que fortaleça a interação e parceria entre as pessoas e o profissionais."

Depois de tanto aprendizado e troca, a primeira manhã do evento acabou. A mente precisa de uma folga e volto em outro post dando continuidade aos relatos e dicas sobre eventos com múltiplas palestras simultâneas.

Abaixo recapitulo os principais aprendizados até o momento

  • Levante a bunda da cadeira e vá para a rua vivenciar a rotina dos clientes, continua sendo a melhor forma de sentir na pele os problemas dos nossos clientes e usuários.
  • Leve a voz do cliente para as áreas de tomada de decisão do produto / negócio. Dinheiro nada mais é do que o resultado de um excelente produto que resolve o problema dos clientes ou torna a vida deles mais fácil e prazeirosa.
  • Use o máximo de referências e experiências de outras fontes. Pode ser que você não seja o primeiro a passar por aquele problema e seguir algumas boas práticas vão economizar um tempo precioso no desenvolvimento da sua solução.
  • Uma boa prática para se escalar um time de designe é criar um ambiente que fortaleça a interação e parceria entre as pessoas, suas habilidade e capacidade de compartilhar conhecimento.

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Wesley Rocha
Design RD

Digital Product Designer na RD Station, saxofonista amador, construtor de prancha, pai de menina e um apaixonado por pessoas e pelo que faço.