O papel do Growth Designer

2º artigo da série Design Growth na Prática

Fabiano Meneghetti
Design RD
5 min readMar 12, 2021

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Growth se tornou uma disciplina fundamental para qualquer empresa de tecnologia, criando uma estrutura com prática em experimentação, validação de hipótese e inclui de forma recorrente o feedback loop no processo de design, reduzindo incertezas e suposições para o desenvolvimento de produto.

Há mais de 2 anos atuo como designer em um time de Product-led Growth aqui na RD Station, foi uma transição que me exigiu mudanças na forma de atuar, pois pedia características e fortalezas que precisei desenvolver e isso deixou mais evidente as diferenças de um Growth Designer para um Product Designer (quem trabalha em features e na melhoria contínua delas).

Cada um tem o seu papel fundamental dentro do ambiente de produto e o objetivo aqui é mostrar as diferenças, como é possível sim provar o valor do Design em cada solução e como foi fácil ficar fascinado pelo lado “growth” da força!

Product Designer & Growth Designer

Product Designers
Trabalham por todo o produto, dependendo da estrutura podem estar focados em uma única funcionalidade ou área do produto. É fundamental pensar na experiência de ponta a ponta e passar por períodos mais longos de pesquisa, identificando as principais dores e problemas para depois começar a desenhar e testar uma solução, que em geral se trata de uma funcionalidade mais completa e bem acabada.

Estas entregas, na maioria dos casos, já estão pré-definidas para médio prazo (backlog) e estão frequentemente baseadas em goals, mas é difícil de mensurar claramente como o design influenciou diretamente aquela métrica.

Growth Designer
Por princípio, tem foco em gerar alto impacto, na verdade, sempre mirando o maior resultado para o momento que o time está atuando. Em geral, os projetos são trabalhados por meio de experimentação, com método científico, na maioria das vezes via teste A/B, com isso sendo possível mensurar o que é lançado, desde um pequeno link adicionado na página até uma revisão de um fluxo mais complexo.

O grande trabalho de um time de growth é identificar oportunidades e alavancas que se escondem entre os números e o principal: as palavras do cliente (vou contar mais sobre pesquisas qualitativas em outro artigo).

Não tem backlog, mas sim apostas que podem ser priorizadas e despriorizadas a qualquer momento. A partir dessas apostas surgem as hipóteses de solução, que deve ser intuitiva, fácil de usar e com o objetivo principal de atingir diretamente as métricas. Mas cada solução não é simplesmente metrificada, o principal é sempre haver aprendizado em qualquer projeto, é isso que vai alimentar as novas apostas e permitir adicionar mais valor para o produto.

Quando falamos de trazer mais valor para o produto através de experimentação é basicamente focar no outcome e não no output. É lançar para aprender e para iterar, com desapego em lapidar pixel e ter algo totalmente acabado, mas com o desafio de criar uma experiência prazerosa de usar.

Product-led growth une a ciência, o psicológico, o negócio e as influências culturais para definir o problema e levantar diversos caminhos para tentar resolvê-lo.

Em resumo o Product Design pensa na experiência de uma forma holística, já o Growth Designer está sempre focado em encontrar as melhores alavancas de crescimento.

Mitigando o risco da solução

Ao mesmo tempo, quando temos uma série de apostas e com capacidade de entrega é papel do designer saber até onde ir com o design, o quanto é o suficiente para conseguir validar a hipótese sem afetar a experiência e considerar como parte do projeto o custo da entrega. A premissa não é entregar rápido, mas aprender com qualidade e velocidade.

Uma das coisas que fazemos aqui na RD é envolver todo o time, inclusive engenharia, em todo o processo. Desde o discovery, o levantamento de ideias, os rabiscos e o detalhamento da solução. Com isso é possível que todos entendam o que se quer validar, até onde precisamos ir e o que podemos cortar em cada experimento.

Temos a prática de pré-testar todo o experimento antes de ser lançado, pois, às vezes, pequenos gaps na experiência passam despercebidos até estar funcional e no ar. É importante encontrar e corrigir o mais rápido possível para não afetar o resultado final da métrica.

Imagem do livro Shape Up

A real importância do impacto para priorização

Batendo de novo na mesma tecla, a lista de apostas precisa estar direcionada para impactar diretamente o goal que o time está atuando, seja em aumentar signups, retenção ou upsells. Quando estamos discutindo uma hipótese sempre nos questionamos “como e o quanto isso que estamos fazendo vai mexer nossa métrica”. É essa provocação que vai direcionar o refinamento da solução e ampliar o aprendizado do experimento.

A tríade Produto-Design-Engenharia fica ainda mais forte para priorizar as apostas. Essa multidisciplinaridade consegue trazer experiência para considerar o potencial de impacto da solução, quantos clientes serão impactados e o tempo para o experimento atingir a amostra - e ter relevância estatística - para considerar um win ou lost (assunto pra outro artigo mais pra frente). E com uma matriz RICE fica mais ágil identificar quais apostas fazem mais sentido trabalhar naquele momento.

Colocar um experimento no ar é fácil. O trabalho difícil é entregar algo que busque resultado e gere aprendizado. É papel do designer ajudar o time a definir e escolher o que há de maior impacto e ajustar soluções de forma a entregar e aprender rápido, sempre com a premissa de não afetar a experiência e manter o foco em mover uma única métrica por vez.

Uma experiência ruim pode até trazer ganhos a curto prazo, mas no longo prazo sempre será prejudicial para o negócio. É aí que está o papel do Growth Designer, pois o impacto é o que faz mover a métrica, mas sempre aliado a uma bela experiência.

Obrigado Monica Eiras Melo e Julia Goncalves pela revisão. 🙌🏼

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