Sua empresa não precisa de mais uma ideia. Precisamos falar sobre DesignOps.

Gus Correia
Livework São Paulo
5 min readMay 23, 2018
Ideias, ideias e mais ideias… na parede.

Artigo publicado originalmente aqui no site da Livework.

If you want this article in English, please go here.

Tudo bem… não sejamos tão radicais :)

Sua empresa pode, de fato, precisar de oxigênio novo correndo por suas veias, mas é mais provável que saber colocar em execução as ideias que já existem pode ser bem mais impactante que gerar novas. E aqui é onde começo (como tanto de nós) a pregar pela execução, execução constante, execução obsessiva!

Sim, eu acredito que a falta de dar sequência às ideias, mesmo que estas não sejam exatamente as melhores, pode ser talvez a principal barreira para que o Design de Serviço atinja um patamar em que ele seja verdadeiramente escalável. Muitas ideias, pouca implementação. Nesse sentido, esse artigo tenta jogar uma nova luz em um tópico relativamente novo entre os times de produto, desenvolvimento, design, inovação/P&D etc, que é:

O que acontece depois das minhas sessões de ideação e dos Design Sprints?

Na maior parte das empresas, principalmente aquelas com estruturas organizacionais mais complexas, as iniciativas de ideação rápida como 'workshops de design thinking' ou design sprints têm tido bastante tração nos últimos anos, principalmente porque eles colocam numa mesma sala debruçados sobre um mesmo desafio equipes que outrora não o fariam.

Ainda, essas oficinas permitem que surjam conversas novas sobre problemas antigos, com a licença organizacional necessária para pensar soluções para desafios específicos. Além disso, eles dão às organizações (principalmente aos gestores) a sensação reconfortante de estar na direção certa, rumo à tal "inovação"…

No entanto, já que esse tipo de ação não expõe as empresas a virtualmente nenhum risco e raramente vão junto a um processo que encaminha as ideias geradas para testes o até para o mercado, esses workshops tendem a ter muito pouco efeito de longo prazo, em termos de inovação real.

A profusão desses workshops e design sprints, enquanto ajudam a criar uma conversa em torno do mindset de design, os times que os fazem acabam por se sentir quase sempre frustrados quando percebem que seu trabalho raramente vê a luz do dia. Além disso, e mais danoso ainda, colocam em cheque o processo de design em si.

As organizações podem realmente estar comprometidas com inovação mas, o processo, os recursos e, mais importante, a cultura não estão lá para permitir execução real.

Mas, vamos lá… como exercício, vamos supor que você, enquanto um@ 'catalista' de inovação designad@ a fazer esses projetos rodarem, foi capaz de reunir todos os ativos (humanos, financeiros, credibilidade, as competências etc), o timing estratégico e a cultura de empatia e colaboração necessárias pra rodar um processo de design completo. Pensando ainda mais além, você conseguiu que as equipes entregassem uma solução viável e conseguiu navegar pelos processos até a sua implementação de fato. Ainda assim, permanece a questão:

Será possível recriar essa 'tempestade perfeita' de fatores, colocando novas features, conceitos e serviços em prática, de forma contínua e sistemática, ao longo de tempo?

É aqui, enfim, que a discussão sobre DesignOps se apresenta.

DesignOps: não é o o mesmo que Design Systems ou Design Management.

Ter múltiplos times que têm uma 'linguagem' comum de design, trabalhando com consistência entre si, é uma premissa importante, porém DesignOps é mais amplo do que se ter um design system. Também não é sobre gerenciar o funcionamento interno dos times de design e tão pouco é sobre incluir o design na estratégia. DesignOps pode ser só mais uma buzzword, mas o que ela trata é sobre como produzir design para negócios, consistentemente, de novo e de novo e de novo e de novo…

O fluxo abaixo ilustra o caminho que uma certa solução (ou qualquer outra peça de design) tende a percorrer até chegar à implementação, em organizações que tem o design orientando ativamente seus processos, desde a definição das estratégias de design de alto nível até o desenvolvimento de produtos. A ideia é que, ao final deste fluxo, a operação assume o bastão da implementação e continua a sustentar sua operação, seguindo estruturas específicas de cada empresa.

Resumo do caminho do design, da estratégia à implementação.

Diferentemente do design management e dos design systems que, respectivamente, procuram integrar design na gestão corporativa e sistematizar o trabalho dos times de desing, DesignOps é sobre a interface entre os times de design, desenvolvimento, POs e equipes técnicas para entregar uma experiência do usuário fantástica, sistematicamente.

DesignOps é sobre cuidar das interfaces!

Neste sentido, DesignOps surge como uma prática crucial para que sejam postas no lugar as ferramentas, o ambiente e os métodos ágeis de gestão, para permitir que aconteça (sempre) todos estas passagens de bastão, time por time, para fazer de novas ideias uma realidade, com mais agilidade, menos ruído (dos conceitos originais) e mais integração.

DesignOps não é um novo departamento, é um novo traço de uma cultura orientada ao design. Cultura essa que é nutrida por processos, ferramentas e competências específicas. Ele coloca o design não mais como mais uma etapa no caminho de ProdDev, mas como um ritual de handovers e feedback entre as equipes e o mercado.

DesignOps evidencia, ainda, a necessidade de ser uma estratégia de design e alguém empoderado e responsabilizado pela curadoria do Design na C-Suite, junto aos áreas de negócio e cuidado de como o design (e a inovação) é trabalhado pelos demais teims ao longo do caminho. Dito isso, é justo dizer que DesignOps tem o potencial de mudar o jogo do "Design Thinking", colocando em perspectiva que o design para negócios e muot mais do que ideação e design sprints.

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((Artigo inspirado pelas conversas com os grandes Luis Alt e Doug Cavendish.))

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