Marginalia by Maria Shukshina

UX Writing: transição de carreira sem massagem.

Jessica Costa
designdasa

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Apesar de sempre ter lidado com a experiência do usuário de alguma forma (call center sim), meu primeiro trabalho com conteúdo foi no começo de 2017 para um app de transporte privado urbano.

Nessa época (pelo menos naquele núcleo da empresa em que eu estava), não se falava sobre times de design, quem dirá UX Writing. Por isso, criar conteúdo era um desespero, já que eu aprendia fluxogramas com a força do ódio.

Em julho de 2018, voltei para atendimento. O salário era melhor e eu tinha flexibilidade para atender e também me dedicar ao FAQ e coisas com “cara de conteúdo”. Tudo ia bem até a empresa anunciar que fecharia as portas em seis meses.

Eu, diferente de muitas pessoas que buscam transição de carreira, tive o privilégio de usar a rescisão para arcar com os custos dos cursos de UX Writing.

Alguns meses depois do primeiro curso, comecei a trabalhar numa agência e, apesar da vaga ter sido anunciada como UX Writer, era pra ser Copywriter. Redatora publicitária.

Como doeu. Só não matou porque eu fiz Publicidade e Propaganda.

Acontece que, quando nós fazemos um curso focado em uma carreira, vem aquele gás de empreendedor no LinkedIn e a gente até faz textão pra comemorar o certificado.

Porém, nos meses seguintes, o entusiasmo dá espaço à frustração, aquele lugar escuro onde o filho chora e a mãe não vê. Investimos tempo e dinheiro e, ainda assim, não há nada que compre a garantia de uma nova carreira.

Seis meses depois, fui chamada pra um entrevista na Dasa. Expliquei que não tinha um portfólio e que, apesar de ter feito alguns cursos, nunca trabalhei com o título de UX Writer e sugeri fazer um case fictício.

Não sei se foi meu charme ou o fato de eu finalmente ter acreditado na minha capacidade técnica, mas há sete meses sou UX Writer na Dasa.

Se você está lendo esse texto porque quer mudar de carreira, saiba de uma coisa: no começo, ninguém sabe muito bem o que está fazendo e tá tudo bem.

Invista em cursos pra ter conhecimento técnico. Participe de grupos. Se inscreve naquela vaguinha maneira, cria um portfólio fictício. Mostra que sabe como fazer, que tem disposição.

E o mais importante: alinhe suas expectativas, porque assim você não alimenta o monstro da frustração.

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