“Um Guardião entra em um bar e…”

Rodrigo Bitencourt
Destiny: Cartas na Mesa
5 min readMar 16, 2015

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O grande, gordo e sangrento Massacre da Taverna Vallhyux

– …Não, é sério. Eu não dou gorjetas. E eu tenho minhas razões para isso.

– Qual é, Phynnk! Essas garçonetes intergalácticas trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana. Deixa de ser tão mão fechada.

– E daí, elas são Exos. Elas podem aguentar. Além disso, essa é uma tradição estúpida pré-Era Dourada. Eu me lembro de assistir um clássico dessa Era na semana passada, excelente, aliás, em que um dos caras falava que gorjetas eram uma besteira. Qual era o nome mesmo? Alguma coisa envolvendo cães…

Enquanto dois dos três homens que sentavam em uma mesa perto do bar discutiam com o amigo que se negava a dar gorjeta, um estranho e sombrio Guardião entrava na famosa Taverna Vallhyux. Seu manto não permitia muita visibilidade, cobria quase todo o corpo, e o capuz criava uma sombra sobre o seu rosto. O que era para ser discreto acabava por chamar ainda mais a atenção dos curiosos.

Sua presença veio acompanhada de um breve silêncio e um arrepio na espinha dos mais sensíveis. Por um minuto, todos os olhares se dirigiram a ele, enquanto caminhava até uma mesa no fundo, seu lugar favorito, carinhosamente abraçado pelas sombras. Lá ele se sentou, como sempre, mas não sem antes mover seu manto e deixar uma parte de seu excêntrico canhão de mão ser observado por um dos três amigos.

Um deles, Nathanny, se levantou e foi em direção ao Guardião. E esse foi apenas o primeiro dos seus erros nesta noite.

– Eu posso dar uma olhada no que você tem aí? — O homem perguntou ao sentar-se à mesa.

– … — O Guardião permaneceu em silêncio enquanto os outros dois amigos do curioso e inconveniente Nathanny se juntavam a eles.

– Por acaso eu conheço você? — Uma voz rouca e sibilante emanou por trás do manto sombrio.

– Não que eu me lembre. — O homem riu enquanto olhava para seus amigos, que se juntaram ao coro.

– Eu nem lhe conheço e você quer o que tenho aqui comigo, é isso?

– Nós só estamos tentando manter uma conversa amigável aqui, meu amigo.

– Geralmente quando eu converso é um pouco barulhento, e minhas palavras não são amigáveis, “amigo”.

– Olha só, temos um espertalhão aqui conosco — Gritou um dos homens para o bar inteiro, enquanto apontava para o Guardião.

– Se vocês tivessem metade da esperteza que dizem que eu tenho, voltariam para a sua mesa agora e me deixariam em paz.

E então Nathanny cometeu o seu segundo erro fatal nesta noite.

– Você se acha especial, não é mesmo?

– Especial? Ah… Você já esteve na Lua? Não, eu saberia apenas pelo seu olhar. Ah… os horrores, os ossos e as sombras. A escuridão, eu estive dentro da escuridão…ou ela está dentro de mim? Não sei, é difícil dizer com “clareza”…Hahaha! — O Guardião então deixou seu rosto se revelar, era Dredgen Yor, O Escuro.

Os amigos de Nathanny conheciam a história daquele misterioso Guardião e então se apressaram para contar ao amigo o erro que estavam cometendo, mas sem tempo, Dredgen continuou a falar.

– Ah…as sombras, elas falam comigo, você sabia? Eu escuto tudo que elas têm a dizer, não consigo ignorar uma única palavra. E às vezes, elas conseguem prever o futuro. E, bom, o que elas preveem para você e seus amigos não é nada agradável…

– Você só pode ser louco mesmo. Vocês ouviram essa, agora o maldito pode prever o futuro… — E esse foi o terceiro e último erro fatal de Nathanny nesta noite.

BANG!

BANG!

BANG!

BANG!

BANG!

BANG!

BANG!

BANG!

–Você viu o que você me fez fazer? Eu avisei que o meu tipo de conversa era um pouco mais barulhenta… — Yor falava enquanto uma fumaça verde e densa emanava ainda do seu canhão de mão quente por causa dos disparos.

Os corpos dos dois amigos de Nathanny já estavam no chão, derretendo, tomados por um veneno obscuro, um odor forte deixava os seus corpos, assim como as suas almas. O resto do bar não era muito diferente, uma bala para cada um dos visitantes. E ainda restava uma no tambor da arma.

Ora, vamos. Por que você está tão quieto agora? Não era isso que você queria? Olhe bem para ela, eu a chamo de Espinho. Ela é feita de ossos. Ela é feita da escuridão. Ela é feita de pesadelos.

Nathanny tremia na cadeira, ainda em choque. Não conseguia falar, muito menos se mover. Estava ali de olhos fechados, tentando acordar de um pesadelo que era real.

– Ninguém nunca chegou tão perto de vê-la como você pode fazer agora. Abra os olhos e vislumbre algo que poucos puderam vislumbrar.

–ABRA. OS. OLHOS.

Finalmente Nathanny abriu os olhos e viu apenas a escuridão na sua frente.

– Essa é a última coisa que você vai ver na sua vida. É bom aproveitar o momento.

– Mas … mas você é um Guardião…você é do bem, não mata as pessoas… — Em um último sopro de esperança Nathanny conseguiu falar algumas poucas palavras.

– E quem disse que a Escuridão não é o caminho do “bem”? Quem disse que a Escuridão não é o caminho certo para se seguir? Minha arma, ela tem fome, e as sombras, elas têm pressa. A nossa conversa terminou.

Silêncio…

Silêncio…

Silêncio...

Silêncio…

BANG!

Silêncio…

Carta de Grimório: Ghost Fragment Thorn 2

Este conto é baseado em Destiny (Bungie) e usou como referência as Cartas de Grimório: Ghost Fragment: Thorn e Ghost Fragment: Thorn 2.

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Rodrigo Bitencourt
Destiny: Cartas na Mesa

Publicitário adorador de quadrinhos, música, cinema e videogames.