Fortaleza
um poema de Luiza Leite Ferreira
No pôr do sol do terceiro dia
escalamos as falésias
a cada passo
nossa fortaleza ruía
Ao fim da subida,
desfeito o castelo de areia,
escorregamos nas dunas até cair no mar
E sob a luz da meia-lua e o manto de estrelas
navegamos numa canoa quebrada até a baía de
Guanabara
onde escalamos concreto
percorremos asfalto
e batemos contra um muro de cimento
.
Esse é um poema do livro É na Cacofonia que eu me escuto, da Caravana Editorial, que você pode adquirir aqui
.
Testemunha Muda: uma breve apresentação da arte de Patricia Guerreiro, por ela mesma
O arame farpado tem em sua natureza segregar, impor limites, dividir e ferir a quem ousar transpor. Não importa raça, idade, credo ou gênero, ele está presente em todos os recantos deste planeta.
E em pleno século XXI continua a desunir seres. Evoluímos?
Assisto diariamente cenas de seres humanos e animais em fuga, presos, enclausurados ou marginalizados com o arame farpado em sua volta desafiando a liberdade .
Quanta esperança habita quem o quer transpor? Ultrapassar seus limites?
Essa esperança é que alimenta minha arte.
Um trabalho que me leva ao cerne da questão da segregação que não vê quem ou o quê.
Homens, mulheres, crianças, animais… vidas. Seres vivos.
É difícil conviver com essa realidade. Assim, resolvi esculpir. O arame farpado que machuca também pode virar arte e ser sinônimo de liberdade.
.
Conheça o trabalho de Patricia aqui