Um poema de Marinés Scelta
traduzido por Thainá Carvalho
Ninguém para saciar minha fome
quando abandono o peso da viagem
descansa o corpo suas marcas
no roçar das correias
cheira a cansaço corta o ar recordar não
não me digas o nome desse pássaro
que agora cruza o horizonte como a noite
deixem-me meus olhos para me ver como fui
delicado o tato fez de minha pele um segredo
de espécies
um costume exótico
que parede golpeei
como a força que punho sangrou?
onde houve cães
enterramos os ossos e seu êxtase
uma palavra que macera sua raiz
debaixo da língua
abram-me o peito para soltar a inocência
e suas andorinhas
que queime o corte se hei de renascer depois
soltem-me o cabelo para trançá-lo
entre as ervas que só fazem crescer
tormentas como essas
se vou tropeçar com a mesma pedra
que agora saiba como cair
— — — — —
Nadie para saciar mi hambre
cuando me quito el peso del viaje
descansa el cuerpo sus marcas
en el roce de las correas
huele a cansancio corta el aire recordar no
no me digas el nombre de ese pájaro
que ahora cruza el horizonte como a la noche
déjenme mis ojos para verme como fui
delicado el tacto hizo de mi piel un secreto
de especies
una costumbre exótica
¿qué pared he golpeado
cómo la fuerza qué puño sangró?
donde hubo perros
enterramos los huesos y su arrebato
una palabra que macera su raíz
debajo de la lengua
ábranme el pecho para soltar la inocencia
y sus golondrinas
que queme el corte si he de renacer después
suéltenme el pelo para trenzarlo
entre las hierbas que solo hacen crecer
tormentas como estas
si voy a tropezar con la misma piedra
que ahora sepa cómo caer.
— — — —
Esse poema faz parte do livro Así ha de ser la ausencia, El ángel editor. Quito, 2023
— — — —
Conheça o trabalho de Marinés aqui
Conheça o trabalho de Kami aqui