22 de janeiro de 2021 — sexta-feira

Esse vai ser o BBB de mim mesma, acompanhado por ninguém, ou por alguéns. Tanto faz. Hoje é o terceiro dia que fico sem Instagram e Twitter. Isso não é inédito. Vez ou outra eu me afasto das redes sociais e regularmente me policio quanto ao uso, mas dessa vez minha motivação foi o Big Brother Brasil, não tenho como mentir. Decidi unir o útil ao agradável e declarei detox destas redes até o Big Brother Brasil terminar. Odeio esse programa, odeio a ideia desse programa, odeio o que fazem com as pautas sociais, odeio a falta de ética e, como disse um colega meu, a espetacularização da intimidade. Entretanto, como eu sou minoria e aparentemente a maioria das pessoas deliberadamente quer se alienar e não há vergonha nisso e inclusive procuram muitos argumentos para tal, eu decidi me ausentar. Os incomodados que se retirem, não é? Pois é, então me retirei. E realmente penso em fazer um “retiro” como há alguns poucos anos eu já tenho feito. Não me acho mais inteligente do que ninguém por não assistir BBB, mas não tenho como negar que sou uma pessoa menos influenciável do que a maioria das pessoas que conheço e não vou retirar meu mérito disso mesmo que pareça arrogância da minha parte. Evito consumir qualquer coisa (filme, série, música, livro) que estejam no hype, não vejo BBB, não sigo influencers digitais. E não é pra ser diferentona porque sei que não sou — como eu, conheço várias pessoas — é porque tenho pavor de ser levada pela maré. Mas, enfim, voltando ao assunto: junto com esse “detox” quero também reduzir minha frequência virtual de maneira geral, escolher cuidadosamente os espaços que quero ocupar e as companhias. Botar uns projetos pra andar e ver como as coisas vão indo. Estava lembrando de um período da minha vida em que eu estava um pouco ressentida com algumas coisas que umas amigas me falaram e fiquei um tempinho na minha fazendo as minhas coisas e vivendo a vida sem comunicar nada. Lembro que elas não sabiam o que estava acontecendo e nem que minha mudança de postura comportamental foi deliberada, mas ouvi uma delas falando que eu estava diferente, de forma positiva. Algo como mais centrada e madura. Fiquei reflexiva por dias… Eu estava me controlando ao máximo pra viver aqueles dois meses daquele jeito e aparentemente realmente eu estava bem… Será que as pessoas preferem uma versão centrada e madura de mim e não a versão eu mesma? Muito provavelmente a resposta é sim. A diferença dessa vez é que agora eu quero realmente construir e trabalhar nesse autocuidado e nessa essa versão centrada e madura, por mim mesma. E, sei lá, talvez seja essa a função do BBB na minha vida.