Ensaio de sexta à noite

Solidão, sobre-o-murismo, borboletas e jardins

Eu poderia estar dormindo, lendo, jogando, mas estou aqui escrevendo, pois há uma ânsia para tal. E imitando/adaptando um exercício que aprendi ao longo de 2013, resolvi fazer um heartstorm, e ver no que dá.

Tenho estado mais recluso que o normal. Acho provável que seja “só” a solidão batendo à porta de meu quarto frio (pois o aquecedor desliga após a meia noite), pedindo atenção. Essa é uma situação particularmente detestável… Uma posição na qual não queria estar, mas que não julgo sábio agir para sair. E cá estou, de mãos atadas por minha suposta sabedoria, achando que tem algo errado e não sabendo do que se trata.

É curioso como eu aprecio o caos, admiro a ordem, mas não tenho em mim nenhum dos dois, ficando em cima do muro (como eu faço na maioria das coisas) em uma das poucas coisas em que eu não poderia estar. Me fecho aqui na minha caverna para fazer absolutamente nada, ao mesmo tempo em que deixo meus afazeres se acumularem e espalharem desornenadamente. Foi no marasmo da falta de caos, e no sufocamento da falta de ordem que me dei conta que eu estou agindo como um graveto sobre o rio. Ou pior, que NÃO estou agindo, apenas me deixando levar pela correnteza mais próxima. E eu não vou mentir, eu não tenho nada contra deixar uma coisa ou outra se resolvendo (ou piorando, verdade) por conta própria, mas tornar isso lei me incomoda.

Hoje foi um dia, entre outros adjetivos, nostálgico, de certa forma. Lembro que eu costumava escrever bastante sobre borboletas, e sobre meu “jardim”. A metáfora hoje me assusta de certa forma, como se fosse perigoso perguntar se o jardim ainda vive, ou por onde elas estão. Talvez eu só esteja procurando pelo jardim no lugar errado. Talvez as borboletas tenham se dissolvido em ácido depois de um passeio pelo meu estômago.