Curva de Laffer

Daniel Pereira
Devaneios Literários
3 min readOct 5, 2016

O tamanho e influência de um governo sobre um país é um tema que gera grande polêmica. Há quem defenda um governo com intervenção mínima na economia e há quem acredite que o governo deve participar de forma mais ativa. Seja qual for a opinião, existe uma verdade difícil de questionar: o governo precisa de receita para existir. Como o governo faz para adquirir receita? Cobrando imposto da sua população.

A quantidade de impostos que deve ser cobrada entra na polêmica já citada anteriormente. Um governo com mais recursos certamente poderá fazer mais ações para sua população, mas até que ponto os impostos cobrados pelo governo trazem retornos eficientes? Como gerar receita para o governo e continuar com crescimento econômico?

Arthur Laffer, um economista americano, chegou a seguinte linha de raciocínio:

  • se um governo não cobrar imposto (0%) ele não terá receita
  • se um governo cobrar 100% de imposto, ninguém trabalha e ele também não terá receita
  • conforme o percentual de imposto cobrado se distância de 0% a receita vai aumentando
  • conforme o percentual de imposto cobrado se aproxima de 100% a receita vai diminuindo
  • existe um percentual entre 0% e 100% onde o retorno da receita é maximizado

Essa lógica é mais conhecida pelo nome dado ao seu gráfico, a Curva de Laffer

Controvérsias sobre o ponto máximo

Como boa parte dos assuntos econômicos a curva de Laffer gera debate até hoje. Várias teorias sobre onde estaria o ponto máximo de receita surgiram. O movimento de esquerda acredita que ele está mais próximo dos 100%, já o movimento de direita considera o ponto máximo bem mais perto do 0%. A figura abaixo trás o gráfico segundo cada um dos movimentos.

A Curva de Laffer segundo os movimentos ideológicos: Direita vs Esquerda

Quem defende que o ponto máximo está mais próximo de 0% acredita que a redução nos impostos fará com que haja um aumento na produção, o que acaba gerando mais receita como consequência. Imagine um país que cobra 70% de impostos e gere 1 milhão de renda. Nesse cenário o governo recebe 700 mil de impostos. Digamos que uma redução nos impostos para 30% traria um impulso para a economia de 400%. Nesse novo cenário econômico seriam gerados 5 milhões de renda e 1,5 milhões de imposto. Tanto o governo como a população ganhariam com a redução.

Do outro lado está o pessoal que defende que a redução não trará esse boom na economia. A crença de que o ponto máximo está mais próximo dos 100% faz com que um cenário com diminuição de impostos seja considerado um cenário onde o governo recebe menos dinheiro. A ideia é que uma cobrança maior de impostos não inibiria uma produção por parte dos empresários, gerando assim mais receita para o governo, que poderia aumentar seus gastos com a população.

Existe fórmula “mágica”?

A Curva de Laffer não é uma fórmula matemática que deve ser seguida cegamente, mas sim uma teoria que serve para entendermos melhor a cobrança de impostos feita pelo governo. Na prática ela não é tão simples como os gráficos mostram, pois não será formada uma parábola, mas sim um gráfico com diversos pontos altos e baixos.

A Curva de Laffer de maneira mais realista

Outra questão relevante é que a Curva de Laffer trata o reflexo causado pela porcentagem do imposto de maneira isolada, o que dificilmente acontecerá no mundo real. Uma redução de imposto pode surtir bons resultados em um local (como aconteceu em 1980 com o presidente Reagan), porém pode trazer resultados negativos em outro (como aconteceu com Kansas em 2014). Talvez a forma mais eficiente de trabalhar a questão seja de forma empírica, observando as particularidades de cada localidade e ajustando a porcentagem de impostos conforme for conveniente.

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