Da arquibancada ao pior capítulo da história do Fluminense

Devolvam Nosso Fluminense
Devolvam Nosso Fluminense
11 min readJan 5, 2018

Se você acha que viu presidentes horríveis à frente do nosso amado clube nas últimas décadas, vamos todos concordar.

Mas nunca antes na história presenciamos um grupo político cooptar o Fluminense da forma como fez a Flusócio, tomando para si uma instituição centenária como se de mais ninguém fosse, brincando de gestão utilizando figuras políticas como personificações para suas decisões, no mínimo, controversas.

Não queremos acreditar em má fé — embora em alguns momentos fique muito difícil manter essa lógica — , preferimos acreditar em pura e simples incompetência (com um misto de arrogância ao não admitir os erros e delírio ao achar que tudo está sendo feito para o bem do Fluminense).

Como dizem no Brasil que torcedor tem memória curta, vamos listar aqui alguns “casos” ocorridos durante os 7 anos em que a Flusócio encontra-se no poder. Existem muitos outros — fora todos aqueles que não vêm a público — , mas cremos que esses foram os que mais nos impactaram enquanto torcida.

Salve a Lusa!

Como pode um time que foi campeão brasileiro em 2012 ser sumariamente rebaixado no mesmo campeonato no ano seguinte? Pois isso aconteceu com o Fluminense da Flusócio.

Contem a história que quiserem contar — inclusive as do Pequeno Príncipe que nosso intrépido advogado Mário Bittencourt resolveu usar nos tribunais — , mas o Fluminense Football Club foi rebaixado naquele ano.

Jogamos a Série A de 2014 por incompetências extra-campo tão grandes ou maiores de Flamengo e Portuguesa, respectivamente. Acabou sobrando para o time paulista a degola. Mas a imagem dos nossos torcedores comemorando na porta de um tribunal, ah!, isso ninguém tira da nossa história!

Qual o preço de um ídolo?

De 2009 até 2016, o Fluminense cultivou o que poucos clubes no Brasil conseguiram: um ídolo. Da salvação do rebaixamento de 2009, passando pelos títulos brasileiros de 2010 e 2012, o Carioca no mesmo ano, até tornar-se o terceiro maior artilheiro da história do clube.

Fred ficou no Fluminense mais tempo que a Flusócio (até agora). Ficou quando a Unimed saiu. Recusou propostas da Europa, da Arábia e da China. Exerceu sua liderança sobre um time formado majoritariamente por garotos da base. E continuou marcando gols.

Boa parte da torcida se acostumou a ver nosso artilheiro com a camisa verde, branco e grená. Quem tem hoje 15 anos, por exemplo, tinha 7 quando Fred começou a brilhar por aqui. Nossos jovens torcedores literalmente cresceram tendo em Fred sua única — e maior — referência. Indiscutivelmente o maior ídolo da história do clube para eles.

No entanto, sob a justificativa de “sanear as contas”, a direção do clube decidiu se desfazer de Fred em 2016, vendendo-o por um preço praticamente simbólico ao Atlético-MG. Além de reforçar um rival direto, deram um duro golpe em nossa torcida.

Fred era caro? Sim, inegavelmente, se levarmos em conta o custo x benefício técnico. Mas como definir “caro” quando mexemos com coisas maiores que números? Ao que parece, a Flusócio se acostumou a administrar o Fluminense olhando apenas planilhas.

Adeus, “bom velhinho”

Durante alguns anos Vice de Projetos Especiais do Fluminense, Pedro Antônio foi o principal responsável por erguer — com recursos próprios — o centro de treinamento onde hoje treina o time profissional do Fluminense.

Como não existe almoço grátis, todo o investimento do “bom velhinho”, como era conhecido pela torcida, foi feito em forma de empréstimo. Mas a juros baixíssimos (ou quase nulos, como dão conta algumas matérias da época). Pedro Antônio é multimilionário e tricolor de coração. Realizou o sonho de boa parte da torcida em ter um CT de primeira linha. Se foi um negócio bom para ambas as partes, não sabemos. Mas a gratidão foi tanta por parte do presidente que o local até hoje leva seu nome — Centro de Treinamento Pedro Antônio.

Mas gratidão é eterna? Não no Fluminense da Flusócio. Pouco tempo depois de concluir a primeira fase das obras do CT e deixá-lo apto para uso, Pedro Antônio se aventurou em tentar realizar o segundo sonho de boa parte da torcida: um estádio próprio. Foi aí que entrou em rota de colisão com o grupo político, que já tinha seu próprio projeto, e a guerra de egos fez com que Pedro Antônio fosse expulso do Fluminense pela porta dos fundos.

Por falar em Estádio…

Se você quer que o Fluminense tenha seu estádio próprio, onde se torne quase imbatível, vote Pedro Abad, 30. Ele é o único que tem um projeto viável em andamento, já com terreno em mira.

Se você, como nós, acredita que Peter Siemsen mudou o Fluminense de patamar em termos de estrutura e de finanças, deixando-o pronto para voltar a ser forte no futebol, vote Pedro Abad, 30.

Abad tem a confiança de toda a Flusócio, foi escolhido pelo grupo por unanimidade e lidera em todas as pesquisas sérias feitas até o momento.

Texto retirado diretamente do blog da Flusócio, 24/nov/2016, véspera das últimas eleições.

Não precisamos falar que desse projeto de estádio não vimos nem sequer uma maquete, né? E que a estruturação das finanças feita por Peter Siemsen e enaltecida pela Flusócio se mostra completamente inexistente, tendo em vista as declarações dadas pelo nosso presidente a respeito do estado financeiro do Clube.

Vale lembrar que Pedro Abad era presidente do Conselho Fiscal do Fluminense enquanto Peter Siemsen “mudava o clube de patamar”.

Fraude eleitoral? Não sei. Mas já vimos presidentes da república derrubados por muito menos…

W.O. fora de campo

Quem diria que até nos tribunais, ambiente sempre tão bem dominado pelo Fluminense, tomaríamos uma vergonhosa derrota do nosso ex-técnico Levir Culpi.

Acontece que a advogada responsável pelo processo simplesmente esqueceu de avisar sobre a audiência, fazendo com que o Fluminense não comparecesse e fosse declarado réu confesso, julgado sem direito de defesa.

Resultado: uma dívida de cerca de R$700 mil que se transformou em uma de quase R$3 milhões. Como resposta para a torcida, a Flusócio deu nome e sobrenome na mídia e demitiu a profissional no dia seguinte. Apenas uma advertência para a Diretora Jurídica, PJ ligada ao grupo.

Terras Secas

Em Dezembro de 2015, o Fluminense decidiu não renovar seu contrato com a Adidas. A fornecedora alemã acabara de fechar patrocínio ao nosso maior rival, o Flamengo, e, mesmo em comparação ao Palmeiras, outra equipe fornecida pela Adidas, a Flusócio considerava os valores pagos ao Fluminense defasados.

Até aí tudo bem. O problema é onde foram buscar a solução. Com o perdão do trocadilho, mas “Mundo Seco” não poderia representar melhor o que viriam a ser os anos seguintes em termos de fornecimento de material esportivo.

Diretamente do Canadá desembarca uma empresa chamada Dryworld, da qual ninguém nunca tinha ouvido falar, com a ambição de dominar o mundo. Para se aventurar no Brasil fecharam de atacado com Fluminense, Atlético-MG e Goiás.

Resultado? Atrasos de pagamento, atrasos de fornecimento, ausência de produtos. O Fluminense nunca viu nem perto do valor total do contrato. Rescisão por calote. Processo correndo na justiça canadense.

Agora assinamos com a Under Armour, que acabou de sair do SPFC por "problemas financeiros". A conferir.

Diga-me com quem andas…

É muito representativo de uma gestão temerária quando você não pode chamar de "mais recente" um escândalo que estourou em dezembro de 2017.

Pois foi no dia primeiro desse mês que foi deflagrada, no Rio de Janeiro, a "Operação Limpidus", que investigava a relação de clubes e torcidas organizadas. Segundo a polícia civil, há indícios de favorecimentos por parte de diretorias cariocas a algumas torcidas específicas.

Abad foi conduzido coercitivamente a depor. Confessou ter bancado ingressos às torcidas organizadas com a justificativa de que "o time precisava de apoio na reta final do Brasileiro". Mas não foi só isso. Segundo notícias, o "pacote de bondades" de Abad envolvia, além de ingressos, meia-entradas e ônibus para deslocamento da Young Flu, Força Flu e Fiel Tricolor.

Na esteira do depoimento de Abad, três funcionários do clube foram presos. Foi nessa hora que, com o fim do calendário do futebol brasileiro, a torcida começou a se acostumar a acompanhar o dia-a-dia do Fluminense mais nas páginas policiais do que nas esportivas.

Até hoje a questão não foi completamente esclarecida, tanto que a FERJ ainda cobra pulso firme dos clubes para romperem qualquer ligação com suas respectivas torcidas organizadas. O que sobrou, no entanto, foi o nome do Fluminense Football Club jogado na lama, com seu presidente conduzido a depor e seus funcionários atrás das grades.

Nessa a Flusócio acertou: mudamos de patamar. De clube de futebol para organização criminosa.

Vazou no Whatsapp

O Fluminense entrou 2017 com uma nova filosofia sobre como gerir o futebol. Em vez de um gerente ou diretor, um comitê de gestão, formada por Marcelo Teixeira, Alexandre Torres e Fernando Veiga.

Além dos péssimos resultados alcançados pelo futebol do Fluminense no ano, essa cúpula começou a ruir a partir de um episódio bem pitoresco. Em outubro de 2017, o então Vice de Futebol Fernando Veiga teve um áudio seu vazado em grupos de Whatsapp. Entre outras coisas, ele dizia estar fazendo o possível, mas que o clube não tinha dinheiro, que nossas receitas eram do tamanho do Atlético-GO, que não podiam pagar sequer R$20 mil reais a um jogador, e que estava no cargo simplesmente para ajudar Abad, já que o Fluminense atrapalhava sua vida pessoal.

Desnecessário dizer que Veiga foi demitido em ato contínuo. Ao final do ano, Alexandre Torres também foi demitido, ocasião na qual revelou não entender o motivo da demissão já que cumprira todo o combinado, que era não cair para a Série B. Puta objetivo. Marcelo Teixeira voltou para onde sempre volta quando algo cheira mal no futebol profissional: Xerém.

Vem pra Caixa você também, não?

O Fluminense terminou 2016 determinado a ser ousado em seu marketing em 2017. Dizia a Flusócio ter dezenas de empresários interessados em estampar suas marcas na camisa do clube. Não precisavam e não iriam aceitar patrocínio de uma estatal que já patrocina 16 outros clubes, sob alegação que isso desvalorizaria a imagem do Fluminense e os valores oferecidos pela Caixa eram baixos.

Seria cômico se não fosse trágico. Após a recusa, o Fluminense passou o ano inteiro sem patrocinador master. Até hoje não existe sequer um boato sobre uma possível negociação. Esperamos que esse “período sabático” da nossa camisa tenha servido, ao menos, para valorizar a marca Fluminense, como pregou a Flusócio no passado.

Quer deixar de ganhar 30 pra perder 20? Pergunte-me como!

O Fluminense terminou 2017 com seu presidente bradando aos quatro ventos que o clube não tinha dinheiro, que precisava vender seus melhores jogadores urgentemente para pagar as contas e que, basicamente, toparia qualquer negócio.

Além de negociar Wendel por um valor considerado abaixo do que ele vale (além de um valor objetivamente menor que o oferecido pelo PSG), o principal caso dessa janela ficou conhecido como “Novela Scarpa”.

Seguramente o maior ativo do clube, o jogador mais valorizado do elenco, o líder em assistências do último Brasileiro, o jogador mais cobiçado por todos os clubes do Brasil. Com apenas 40% do passe e com necessidade de reforçar o elenco, a solução encontrada pela diretoria foi leiloar o atleta em troca de jogadores dos rivais.

Negociou com o Corinthians, com o São Paulo e com o Palmeiras. Esteve muito perto de fechar com esse último, mas a negociação melou. Férias, natal, ano novo, corta a cena, reapresentação do elenco, onde está Scarpa?

O meia não se apresentou junto com os outros jogadores no dia 3. Nem no dia 4. Nem no dia 5. Há três dias ninguém consegue sequer contactá-lo. Hoje há um receio de que Scarpa esteja preparando uma ação trabalhista contra o clube com base na Lei Pelé. Porque, afinal, como você trata o maior ativo do seu clube? Com todo cuidado possível? Não, deixa atrasar décimo terceiro de 2016. Deixa atrasar direito de imagem. Deixa atrasar FGTS. Não é como se o clube precisasse dos R$30 milhões que vale o jogador. Uma ação trabalhista desse nível poderia acarretar aos cofres do clube uma dívida de cerca de R$20 milhões.

¯\_(ツ)_/¯

Delusions of Grandeur

O Fluminense acostumou-se a realizar grandes contratações e pagar salários fora da realidade durante a chamada “Era Unimed”. Acontece que a patrocinadora deixou o clube em dezembro de 2014.

Era preciso readequar os novos contratos à nova realidade. Mas como dar fôlego a uma candidatura sem trazer grandes nomes para reforçar o elenco e garantir um bom resultado no campo? Com vocês, as grandes contratações do então Vice de Futebol, Mário Bittencourt:

Alexis Rojas
Antônio Carlos
Arthur
Breno Lopes
Cláudio Aquino
Danilinho
Dudu (não o do Palmeiras)
Fabrício
Felipe Amorim
Giovanni
Guilherme Santos
João Felipe
Lucas Gomes
Maranhão
Marquinho
Pierre
Renato Chaves
Victor Oliveira
Wellington Paulista
Willian Matheus

Grandes apostas (nenhuma vingou), jogadores experientes com altos salários e longos tempos de contrato (tem jogador que estamos pagando até hoje), e alguns gatilhos até difíceis de explicar (que aumentam ainda mais os valores a serem desembolsados).

Não adiantou. O resultado no campo foi tão ruim (que surpresa!) que Mario não se sustentou no cargo. Lançou-se a candidato à presidência mas não obteve apoio de Peter. Nem a Flusócio quis bancar essa sandice, preferindo fingir que não estava lá quando todos esses contratos foram assinados.

Faz o famoso sinal do Ronaldinho!

De todas as contratações de Mário Bittencourt, uma merece destaque especial.

Quem não se lembra da memorável passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo Fluminense? Durou dois meses e meio. O ex-meia ganhava R$400 mil de salário fixo além de possuir gatilhos que turbinavam ainda mais seus vencimentos.

Talvez essa manchete do globoesporte.com resuma bem o que foram esses 80 dias:

Sai Richarlison, entra Robinho

Verdade seja dita, o Fluminense fez um bom investimento em 2015. Tratava-se do atacante Richarlison, destaque do América-MG e com passagens por todas as seleções de base. Uma joia disputada e de difícil contratação, tanto que foi preciso desembolsar R$10 milhões por 50% de seu passe.

Em 2017, precisando fazer caixa, vendeu Richarlison para o Watford, da Inglaterra. Com as constantes lesões no elenco, precisava repor o atacante de velocidade e boa finalização que perdera.

Mesmo sem dinheiro, a diretoria fez um esforço descomunal e conseguiu desembolsar cerca de R$7 milhões para trazer Robinho, artilheiro do Figueirense na Série B (que, no momento, encontrava-se na zona de rebaixamento para a Série C).

A diferença é que Richarlison era um jovem testado e de destaque reconhecido nas categorias de base do Brasil, com passagens pela Seleção, retorno garantido quando fosse vendido. Mas, quem é Robinho? Com a palavra, Alexandre Barbosa, presidente do Atibaia, clube que revelou o jogador:

Ele não fez base, nunca fez testes em outros times. Por isso, ele é diferenciado. Na formação, os caras fazem o jogador ter medo. Mais estragam do que preparam. Tornam o jogador mecânico. Robinho é imprevisível

Isso mesmo que você leu. O principal destaque positivo de Robinho é que ele não fez nenhuma categoria de base. E isso, supostamente, o torna “imprevisível”.

Vai, tchau e bença

Um dos episódios mais recentes aconteceu na virada de 2017 para 2018. O Fluminense publicou uma lista de jogadores com os quais não contava mais para a próxima temporada, muitos deles em função de seus altos salários e necessária readequação a um suposto novo teto salarial.

Apenas três problemas nessa situação toda:

  1. Parte desses jogadores estavam em processo de negociação com outros clubes, podendo servir como moeda de troca para reforçar o elenco. Ficaram livres no mercado.
  2. Encontravam-se nessa lista o capitão do time, Henrique, e o goleiro bicampeão brasileiro pelo Fluminense, Diego Cavalieri.
  3. Nenhum dos jogadores foi avisado previamente da dispensa. Ficaram sabendo através da nota oficial do clube.

Apenas após toda a repercussão que isso gerou é que os mandatários da Flusócio começaram a entrar em contato com os atletas e seus representantes. Obviamente ninguém gostou dessa atitude. E, francamente, por mais dispensáveis ou não que fossem Henrique e Cavalieri (discutível), será que não faltou um mínimo de respeito e tato pela representatividade que ambos tinham perante a torcida?

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