O que você está esperando para falar em público?
E aí, pessoas! Esse artigo foi originalmente publicado pela Arianne Donoghue, do She Goes Digital. Fiz minha primeira palestra há alguns dias no primeiro meetup do Women Who Go Sampa e sim, foi incrível — a galera foi super legal, reagiu muito bem ao que apresentei e é uma experiência que recomendo para todo mundo. E sim, falar em público me intimida há muito tempo — sou uma pessoa naturalmente introvertida que fala 3x mais rápido que o normal e que ainda por cima é gaga — mas sempre tive vontade de compartilhar sobre o que gosto para as pessoas (Go é vida, yay!). Li esse texto alguns dias antes da minha palestra e ele me ajudou bastante em alguns pontos. Por isso, quero compartilhá-lo com vocês: o que você está esperando para falar em público?
Falar em público é um medo presente na vida de várias pessoas — é maior que o medo de altura, palhaços, aranhas, cobras e, aparentemente, até mesmo maior que a morte. Eu acredito nisso, já que fiquei mais nervosa da primeira vez que fiz uma palestra do que quando me casei ou quando pulei de um avião. Agora tenho um trabalho que requer que eu fale em público regularmente. Por que eu, uma pessoa introvertida e tímida, me colocaria nessa situação? E por que você deveria fazer o mesmo?
Enfrentar esse medo e se colocar no palco tem benefícios enormes, apesar do quão assustador pode parecer. É uma forma incrível de mostrar você e sua marca pessoal para o mundo e se estabelecer como alguém que é ótimo no que faz. Isso obviamente só acontece quando você passa da fase “Não tenho nada para dizer e, mesmo se tivesse, por que as pessoas iriam querer me ouvir? Eu não sei nada, mesmo”.
Mas como passar dessa fase, particularmente quando a Síndrome do Impostor te diz para deixar para lá? Finja que você pode até conseguir! Não tô brincando.
Etapas ao falar em público:
1. Tem tanto assunto que nem consigo escolher um…
2. Não tenho nada para dizer e nunca vou conseguir preencher todo o tempo!
3. Nossa, tenho muita coisa pra falar, como me livro de uma parte disso?
4. Preciso me acalmar!
5. Foi incrível, vamos fazer de novo!!
Independente de ter escolhido ou terem te pedido para palestrar, a coisa mais importante que você pode colocar na cabeça é que as pessoas que te convidaram para o evento delas acreditam no conteúdo que você planejou e, acima de tudo, em você como apresentador ou apresentadora.
Outro ótimo motivo para fazer isso é a confiança e adrenalina que você ganha quando sai do palco. Apesar de alguns de vocês sem dúvida ficarem aliviados de terem conseguido/não terem estragado nada/não terem caído, haverá um grande fluxo de endorfinas e você se sentirá ótimo(a) — terá feito algo que muitas pessoas morrem de medo de fazer, ainda por cima transmitiu conhecimentos valiosos para aqueles que te escutaram.
Meu terceiro motivo para tentar falar em público, particularmente como uma mulher, é tentar e ser uma inspiração para as outras mulheres na área. Você será aquela a provar que existem mulheres talentosas que não têm medo de ir até lá e se deixarem ser ouvidas. Você mostrará aos organizadores do evento que existem várias mulheres por aí querendo palestrar em eventos para ajudar a mudar a proporção de hoje em dia. E, compartilhando seu conhecimento, você é aquela que vai mostrar para outras mulheres que quer ajudá-las a seguir o mesmo caminho que o seu.
E se você quiser palestrar, mas não tem ideia de onde começar? Aqui estão algumas das minhas melhores dicas:
· Treine! Se quiser palestrar em um evento, talvez um que já tenha participado antes, entre em contato com os organizadores e tente marcar uma sessão de treinamento. Alguns eventos têm uma página dedicada aos palestrantes, com links sobre como se apresentar e detalhes sobre o que os organizadores procuram.
· Crie uma lista de eventos relacionados à área que você trabalha. No meu caso é paid advertising, então tenho uma lista de dezenas de eventos que adoraria palestrar incluindo, um dia, um TED (tem que sonhar grande!).
· Saia da zona de conforto! Procure por outros eventos locais na sua área através de plataformas como Meetup ou Eventbrite e você pode acabar encontrando eventos menores de nicho que podem ser uma ótima oportunidade para a sua primeira vez. N.T.: Aqui no Brasil temos vários grupos de meetup onde o pessoal se reúne para fazer talks (palestras de 15 a 60 minutos) falando sobre assuntos relevantes ao grupo. Como o objetivo do meetup é compartilhar conhecimento e fazer muito networking, esse é um público que costuma receber muito bem os palestrantes novatos e é uma ótima forma de perder o medo de falar em público.
· Peça ajuda para quem você conhece — fale com colegas ou conhecidos que você tem na indústria e diga a eles que você adoraria ser considerado. Torne o trabalho deles mais fácil listando os tipos de coisas que você adoraria falar sobre — se alguém perguntar a eles sobre novos palestrantes para serem recomendados, será mais fácil para eles falarem de você. Organizadores de conferências estão sempre em busca de vozes novas e vão usar os contatos que têm para tal — já perdi a conta das vezes que me pediram para palestar porque alguém que me conhece, ou me viu palestrar antes, me indicou.
· Abuse do poder das redes sociais! Entre no Twitter e no LinkedIn e fale sobre sua vontade de palestrar e os temas que você gostaria de falar sobre. Peça para suas conexões compartilharem, ou marcarem contatos relevantes — pode ser uma ótima forma de notarem seu desejo.
· Se sente intimidado pelos palestrantes incríveis que você viu no palco do TED ou outros eventos? Não pense assim! A arte de falar em público vem naturalmente para praticamente todo mundo — prometo que isso que você viu desse pessoal é fruto de trabalho duro e prática — o que significa que todos podem chegar lá-. Não deixe que o medo de não ser tão bom te desanime.
· Tenha tempo para se preparar. Uma vez ouvi uma regra de ouro que para cada minuto que você for passar apresentando, é necessário pelo menos uma hora de preparação. Então, uma apresentação de 20 minutos levaria pelo menos 20 horas de preparação. Eu, pessoalmente, acho que leva muito mais tempo que isso — desde definir minha talk, criar os slides e ajustar os tempos e o fluxo. Não se preocupe se a preparação estiver levando muito tempo — valerá a pena no final, pois, haverá uma entrega melhor — mas você tem que se permitir ter tempo o suficiente para se sentir confortável e ensaiado para a hora que o grande dia chegar.
· Sempre peça orientação para os organizadores — que formato eles precisam para qualquer material de apoio, se haverá uma sessão de dúvidas, como as coisas vão funcionar, etc. — saber o que te espera vai te ajudar a se sentir mais preparado e eliminar possíveis problemas.
· Peça para alguém que você confia seja sua audiência — apresente para eles e peça para que façam um feedback honesto e construtivo. Um amigo me disse que levava muito tempo para eu parecer confortável, e isso me ajudou pra caramba — agora estruturo o início das minhas talks de forma diferente, para que eu me sinta confortável desde o começo — o que continua até o restante da apresentação!
Lembre-se que as pessoas que te convidaram para o evento delas acreditam no conteúdo que você planejou e, acima de tudo, em você como um apresentador ou apresentadora.
Por fim, segue uma lista de lugares para você aprender mais:
· TED — provavelmente um dos lugares mais conhecidos para falar em público — repleto de talks incríveis de palestrantes inspiradores. Escolha um tópico ou palestrante que você gosta e passe algumas horas aprendendo!
· Eventbrite & Meetup — duas das plataformas mais conhecidas para encontrar eventos para participar.
· Esse artigo no LinkedIn é ótimo para falar sobre o que torna uma apresentação “perfeita”, de acordo com o Watson da IBM.
Aqui no Brasil também vejo bastante gente usando o Eventbrite e o Meetup, além de marcar encontros pelo Facebook e pelo Telegram. Procure pelas comunidades dos assuntos pelos quais se interessa e aproveite esses encontros para falar sobre o que gosta! Se não houver nenhum na sua região, comece sendo você o organizador! Tenha certeza que muitas pessoas da comunidade vão te apoiar e ajudar com o que for necessário.
Gostaria, também, de falar sobre algumas iniciativas no país. Fique de olho nas C4P¹! Alguns lugares em que você pode pesquisar sobre:
· Codamos Club — O Codamos procura dar destaque aos eventos que prezam pela inclusão, diversidade e acessibilidade. Lá tem vários eventos legais para você ficar de olho :D
· Eventos Tech — Uma página bem legal que a Fernanda Bernardo e uma galera mantêm com os próximos eventos e os Call4Papers :)
· Remote Meetup — Uma iniciativa fantástica do Training Center, em que os participantes do grupo se oferecem para falar dos temas que acharem relevantes para a comunidade para compartilhar conhecimento para o pessoal ao redor do Brasil e do mundo de forma inclusiva! Mais informações no site oficial e no Github :D
Help4Papers
Na primeira talk que eu fiz, eu tive um super apoio de uma galera da comunidade de TI e gostaria de ressaltar o projeto Help4Papers. A princípio eu já tinha o conteúdo na minha cabeça e passei para um mapa mental. Eu estava em dúvida sobre a qualidade da talk e enviei esse mapa mental para a equipe do Help4Papers.
Como quem participa da equipe do H4P tem experiência com apresentações, eles me retornaram um feedback super estruturados com pontos que eu nunca teria visto e muito menos melhorado na minha apresentação. Grande parte da minha talk eu devo a eles e super recomendo a você que também quer saber como está a apresentação que vem planejando ou mesmo se ainda não pôs no papel. Para saber mais, só chegar aqui.
Por fim, se quiser ter uma ideia sobre como criar uma boa apresentação no Powerpoint para palestrar, essa TED talk é ótima!
https://www.youtube.com/watch?v=Iwpi1Lm6dFo
Adaptado de Go Public — Put yourself out there!
¹ Call for paper ou chamada para trabalho é um período que acontece antes da data do evento (às vezes meses antes, dependendo do porte do evento) em que você submete sua ideia de palestra e aguarda a aprovação da organização para palestrar por lá. Muitos eventos mantém uma lista de temas que gostariam de ser palestrados, mas outros são bem livres quanto a isso desde que respeite o tema do encontro.
