UX Research: por onde começar?
UX Research é sobre ser curioso, fazer perguntas e seguir um processo para encontrar respostas.
A pesquisa de UX ajuda a direcionar melhor os caminhos, a identificar possibilidades e, também, a gastar menos dinheiro.
Mas muitas pessoas tem dúvidas de por onde começar. Ou acabam pensando que vai tomar muito tempo.
Como tornar isso mais fácil?
// Precisamos ser curiosos
Eu ouvi uma vez uma pessoa falando que UX Research é menos sobre ser um cientista e mais sobre ser um detetive. E eu concordo completamente!
Sendo um detetive você precisa deixar de lado certas convenções ou lógicas. Trabalhar com pesquisa é sobre tentar entender como os usuários interagem em um determinado contexto. Significa ser curioso, mas um curioso nato. Você vai ter que cavucar.
Ser um detetive tem a ver com estratégia: qual o objetivo principal? e os específicos? o que precisamos alcançar? onde queremos chegar? o que é importante para o negócio? e para o usuário?
Vocês já viram alguém que trabalha com pesquisa ficar com apenas umas 5 abas na janela do Chrome? É quase impossível quando estamos tentando descobrir a relação entre um conteúdo e outro.
É ser detetive mesmo! Procurar algo que faça sentido para as pessoas.
Quando falamos de UX estamos constantemente avaliando e juntando 3 características: Contexto, Conteúdo e Usuário.
Dependendo do Contexto, você vai precisar escolher um tipo de pesquisa. Essas pesquisas podem ser uma quali ou uma quanti. Pode ser uma desk research ou um card sorting. Pode ser uma entrevista com usuários ou uma análise de concorrentes. Tudo depende do contexto, do público e do que precisa obter.
Já ouvi muitos falarem que temos que ser advogados dos usuários. Mas, pra sermos advogados, precisamos entendê-los!
E é aí que entra a pesquisa ❤
Precisamos dela pra que a gente possa compreender os usuários e só assim poder trabalhar de verdade com UX.
// Para ter em mente
Trabalhar com pesquisa é ter diferentes visões e compreender que as pessoas são diferentes. Todas elas são diferentes. E o mais importante é que não existe certo e errado: o que existe na pesquisa é compreender o porquê daquilo estar errado para determinada pessoa.
Eu coloquei aqui algumas coisas que aprendi :P
01) As pessoas são diferentes e você precisa entender isso pra projetar. Não vai adiantar dizer que as pessoas estão usando errado porque isso não vai resolver o problemas delas, ou vai?
02) As melhores descobertas vem de um grupo de pessoas diversas. Quando estamos recrutando pessoas pra participar de pesquisas podemos cair na armadilha de recrutar pessoas muito parecidas. Um produto não possui apenas um único usuário ou uma só persona: precisamos pensar de forma diversa. Quanto mais diverso, mais características de uso tu pode encontrar.
03) Organize e planeje! Quanto mais planejar, mais você vai estar preparado pra executar. Isso pode fazer com que se gaste menos dinheiro também porque a pesquisa vai ser executada da melhor forma possível :)
04) Imprevistos acontecem e você vai errar. Por mais planejado que estiver, por mais que você esteja preparado, vai ter que aprender a ser “safo” kkkkk. Às vezes a internet não vai funcionar ou vai dar algum bug no produto. Ou vai esquecer de uma pergunta. Ou a tua pergunta tava muito complexa. Enfim, muitas coisas podem acontecer. Testes de usabilidade são ótimas formas de aprender novas maneiras de comunicar, instruir e ajudar.
05) Seja observador e não leve pro lado pessoal. Quando testamos um produto que é nosso pode dar aquela dorzinha de “eu que fiz e ele tá lindo e perfeito e…” e aí o usuário odiou. Acontece. Faz parte. Fez o que pode. O importante é tentar pensar de forma objetiva, racional e observar. O que será que levou ele a dizer isso? Será realmente que eu não estou deixando meu lado pessoal interferir? É um exercício de design aprender a largar o osso :)
// Executando uma pesquisa \o/
Eu gosto de dividir em 3 etapas na hora de executar:
01) Defina um problema de pesquisa: o que você precisa descobrir?
02) Escolha a técnica ideal e execute: qual a melhor forma de descobrir?
03) Documente suas descobertas: porque só assim podemos compartilhar nossos achados com todos :)
E lembra:
“Pesquisa é rigor. É a diferença entre projetar para humanos de verdade e apenas ter uma opinião.”
— — — — — — Adam Polansky — UX strategist
Defina um problema de pesquisa
O grande problema de todo curioso é saber quando parar. É importante definir o que você precisa e o que quer descobrir porque senão tu nunca vai terminar.
Adicione o objetivo geral e também os objetivos específicos. Você deve se guiar pelo objetivo geral do produto mas também sobre o que você precisa descobrir de forma específica. Qual o real motivo de executar a pesquisa?
Para o objetivo geral, você precisa pensar de forma abrangente. É uma visão mais abrangente do tema que você quer pesquisar.
Para os objetivos específicos, você precisa pensar de um jeito mais detalhado, levando em consideração algumas situações.
Todos esses objetivos devem ser escritos no verbo infinitivo e devem levar em consideração não apenas a nossa vontade. Precisamos ter em vista que os objetivos podem representar uma possibilidade de se obter metas, resultados ou outras finalidades que a pesquisa deseja atingir.
Escolha um método e execute
Você precisa descobrir o que as pessoas dizem ou pensam sobre um assunto ou o que as pessoas fazem?
ou
Você quer entender o porquê das coisas acontecerem ou a quantidade de vezes em que acontece?
Agora olhe pro gráfico acima e identifique qual o principal objetivo da sua pesquisa. Aqui embaixo tem alguns direcionamentos que podem ajudar:
LADO ESQUERDO: se você quiser entender melhor o porquê das coisas acontecerem, utilize as técnicas que estão do lado esquerdo do gráfico.
LADO DIREITO: use se quiser entender quantas vezes as coisas acontecem.
EM CIMA: se você quer entender o que as pessoas fazem ao utilizar o produto, use a parte de cima.
EMBAIXO: se você precisa ouvir mais as pessoas ao invés de ver o que elas fazem, use a parte debaixo do gráfico.
É isso :)
Documente suas descobertas. Só assim você pode compartilhar :)
Uma pesquisa só é válida quando conseguimos transmitir a informação para todos.
Algumas coisas que ajudam a organizar os resultados:
01) faça uma tabela no excel pra compilar todos os dados. Ela vai ajudar a entender melhor e identificar pontos parecidos em todas as entrevistas. Uma coisa legal que às vezes a gente esquece é anotar os tempos dos vídeos e quanto tempo o usuário levou em cada uma das tarefas.
02) estruture a apresentação antes de executar. Ou seja, quais são os pontos mais importantes e o que tu quer que as pessoas levem dessa apresentação? Uma coisa legal é sair do keynote, ppt ou qualquer ferramenta. Pega post it ou bloco de notas e escreve o que ficou na tua cabeça. Quais coisas que aconteceram são mais importantes?
03) Divulgue. Uma pesquisa não funcionará se ficar engavetada. Vai por mim: é fácil esquecer que uma pesquisa existe. Mas tem alguns pontos que estão ao nosso alcance:
- Deixa tua apresentação bonita! ❤ Uma pesquisa bonita é mais difícil de ser deixada de lado.
- Explica os gráficos nos slides. A pesquisa vai ser enviada para muitas pessoas e precisa estar clara.
- Tenta manter duas estruturas, uma de início e outra de fechamento: inicie com um sumário executivo para aquelas pessoas que não tem muito tempo pra consumir o conteúdo e termina com uma lista de insights, coisas que tu identificou como possíveis melhorias.
Não importa quanto tempo você gaste fazendo protótipo, deixando a tela bonita ou pensando em como os usuários irão utilizar. Sempre vai precisar testar com pessoas reais. O projeto é do mundo.
E por fim, quanto mais você organiza a pesquisa, mais tempo e energia economiza no caminho.
Uma coisa é mais importante que qualquer outra: COMECE! Tudo fica mais fácil depois que se inicia.
Quer aprender mais sobre research?
Aqui vai algumas dicas de livros:
UX Research // livro que ajuda a entender o contexto, como usar, quais são as técnicas.
Do design thinking ao design doing // livro que ajuda a entender como a empatia nos ajuda a criar soluções
Design is storytelling // livro que ajuda a entender que o design é mais do que uma tela, uma marca ou uma solução. É sobre contar histórias.
