A FÁBULA DO SOL E DAS RÃS
Texto: Daniel Meirelles
De notícia ruim não há que chegue; tanto o é, que o casamento do sol logo chegou aos ouvidos das ordinárias rãs. Prontas, se puseram de joelhos para orarem contra essa comunhão. Sozinho o fabuloso é capaz de transformar nossos juncos em espinhos, lama em labirinto, e até de nossos apaziguados descansos que nos regeneram a lucidez retira a sombra, imagina só você, ó deus, meu leitor, o tamanho do gênio do potentado com seus filhinhos, o potentadozinho 1, potentadozinho 2 e o potentadozinho 3? Não há perninha de rã que aguente esse fogo!
De notícia boa só o céu tá cheio; tanto o é, que a união memóravel somente lá acontece e resplandesce, do alto do triângulo que nunca se inverte, sua boniteza às manchas que lá embaixo padecem. Daqui sempre brilho e sempre brilharei, e daqui saberei que melhor que eu somente dois de mim. E melhor que dois somente três de mim. A minha dinastia. Que da minha luz recebam só um bocado aqueles que rastejam às fundações do império, e que delirem, ó pequans manchas, o resplendor do meu gozo. E que dele as faça pensar: será que eu brilho pra ti ou brilho pra mim? Delirem pequenas manchas! E que dancem, que pulem, que dancem.