DFT Black: o desafio da educação para um futuro promissor

Daniel Andrade
Dafiti Group
Published in
5 min readNov 24, 2020

Continuando nossos artigos relacionado a esse mês incrível sobre a Consciência Negra e através de incentivo do nosso grupo DFT Black, nosso grupo de afinidade da causa racial dentro do Dafiti Group, resolvemos compartilhar alguns dados relacionados a educação para pessoas negras.

Partindo do ponto que durante quase 400 anos a escravidão foi a base econômica do Brasil e que o acesso à educação foi historicamente negado aos povos escravizados, podemos mencionar os avanços legais das últimas décadas extremamente importantes que servem para equiparar a população negra, que por muito tempo esteve excluída e sem direitos educacionais.

A liberdade garantida através da Lei Áurea não trazia medidas de equidade social entre negros e brancos, e os negros foram “jogados” dentro de uma sociedade desenvolvida, sendo obrigados a buscar sua subsistência de maneira totalmente precária.

Décadas se passaram, leis foram criadas, e o assunto ainda tem necessidade de ser rediscutido. É um paradoxo se pensar que em um país onde sua população é totalmente plural, em que seu povo surgiu da miscigenação, composta por descendentes de vários povos e de culturas diferentes, a educação se manteve destinada a uma única cor, excluindo as demais culturas que não estivessem de acordo com padrão branco/europeu, carregando em sua estrutura social padrões estéticos que não combinam com a diversidade de sua gente. E questões sociais colocam o povo preto em condição de desigualdade. O mercado de trabalho é exemplo disso.

No nosso país, a população preta recebe menos que os brancos e é maioria nos setores da economia com baixa remuneração. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a representatividade no mercado de trabalho do profissional preto ainda é pequena. Pretos e pardos são maioria em setores com remuneração mais baixa: agropecuária (60,8%), construção civil (63 %) e serviços domésticos (65,9%). Outro levantamento mostra a desigualdade entre pretos e brancos na ocupação dos cargos de liderança nas empresas. Uma pesquisa do Instituto Ethos divulgada em setembro de 2019 mostrou que nas 500 empresas de maior faturamento do Brasil, os negros representam cerca de 58% dos aprendizes e dos trainees, mas estão presentes em somente 6,3% nos cargos de gerência. No quadro executivo, a proporção é ainda menor, apenas 4,7% são negros.

Ensino Fundamental: população negra tem acesso equivalente, mas menos oportunidades de aprender

Em 2018, 98% de todas as crianças de 6 a 14 no Ensino Fundamental foram matriculadas. Ao compararmos as taxas de matrícula entre brancos, pretos e pardos, a porcentagem é muito próxima: 98,3%, 97,7% e 97,8, respectivamente. Contudo, a realidade se mostra diferente quando o assunto trata-se de oportunidades educacionais. No 5º ano do Ensino Fundamental, de acordo com o Inep, 41,4% dos pretos e 62,5% dos pardos possuíam aprendizagem adequada em língua portuguesa em 2017. Os brancos nessa condição contabilizavam 70% da totalidade. Em matemática, as diferenças permanecem: 29,9% dos pretos, 49,2% dos pardos e 59,5% dos brancos também tinham aprendizagem adequada.

Ao final da etapa, a situação continua: pretos e pardos, que têm acesso a escolas com piores infraestruturas e, estatisticamente, vêm de famílias mais vulneráveis, possuem índices menores em comparação ao brancos. Ao final do 9º ano do Ensino Fundamental, em língua portuguesa, 51,5% dos brancos tinham aprendizagem adequada, frente a 36,3% dos pardos e 28,8% dos pretos. Em matemática, 32%, 17,9% e 12,7%, respectivamente. Dados também de 2017.

Ensino Médio: desigualdade no acesso e na aprendizagem

Nessa fase educacional o principal problema apontado não é a falta de vagas para os jovens cursarem o Ensino Médio: isso é reflexo, em grande medida, da defasagem de aprendizagem que vai se acumulando ao longo da trajetória escolar. Ao final do 3° ano do Ensino Médio, os alunos brancos com aprendizagem adequada em língua portuguesa e matemática em 2017 eram 40,8% e 16%, respectivamente. Já entre os pretos e pardos esses percentuais eram 21,7% e 24% em língua portuguesa e 4,1% e 5,7% em matemática, nesta ordem.

Embora com todo empenho empregado constata-se o alcance apenas fracionado das ações afirmativas, exigindo do Estado uma atuação efetiva, quanto a forma de políticas públicas, bem mais direcionadas a promoção da igualdade das oportunidades no acesso ao ensino superior público. Mesmo com as críticas, o fato é que as ações afirmativas têm sido a única oportunidade de acesso ao ensino superior para grande parte da população de negra que passados tantos e tantos anos da abolição da escravatura ainda tem que conviver com o preconceito e a negação dos seus direitos, mesmo os básicos.

E aonde o Dafiti Group se encaixa nisso tudo? E o que o Dafiti Group está fazendo para contribuir com a diminuição desses números? Além da criação do DFT Black, a nossa empresa sempre valorizou nossos talentos independentemente de cor, raça, gênero, crenças e opção sexual. É justamente a pluralidade de perfis, culturas e estilos que torna nossa revolução do ecossistema da moda possível. No Dafiti Group não é tolerado nenhum tipo de discriminação envolvendo o nosso ecossistema, e para isso, contamos com um comitê de ética, além de diversas iniciativas junto as áreas de negócio a fim de promover mais equilíbrio, representatividade e conscientização.

Caso você queria participar dessa revolução do ecossistema da moda, entre no nosso site de vagas: https://www.dafitigroup.com/oportunidades

Fontes:
https://todospelaeducacao.org.br/
https://brasilescola.uol.com.br/
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/25844-desigualdades-sociais-por-cor-ou-raca.html?=&t=sobre

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