Inspirações e Organização — Paternidade LGBTQIA+ e Visibilidade Lésbica

Henrique Barreto
Dafiti Group
Published in
5 min readSep 9, 2020

O ano de 2020 está avançando e por aqui na Dafiti — motivados pelo princípio “nunca paramos de aprender” — as pautas LGBTQIA+ avançam junto com ele.

O Dafiti Pride, grupo de afinidade LGBTQIA+ da Dafiti Brasil, promove ao decorrer do ano diversos debates para dar voz as diferentes vivências, gerando o desenvolvimento da empatia, engajamento e sensibilização dos funcionários sobre amplos aspectos da comunidade LGBTQIA+.

Este ano, além de dedicar o mês de agosto para falar sobre Visibilidade Lésbica, nós voltamos o olhar para um tema que é pouco debatido: a paternidade de homens LGBTQIA+. O momento não poderia ser mais apropriado, afinal, estávamos acalorados pelos debates em torno da campanha publicitária da famosa marca de barbeadores com o Thammy Miranda.

Paternidade LGBTQIA+

Paternidade LGBTQIA+

Começamos o mês com homenagens dos priders aos seus pais em nosso grupo do Workplace, tivemos depoimentos que encheram os nossos corações de amor e afeto. Em tempos de pandemia, nada melhor do que ter o coração aquecido com o retrato de pais que apoiam e acolhem seus filhos, independente de sua diversidade. Em meio a tantas notícias ruins em telejornais, ver relatos de amor e aceitação nos dá aquela esperança de que dias melhores virão, mesmo que o momento seja difícil.

“A gente cresce com medo de se expor, com medo de dar as mãos na rua, com medo de dar um abraço, um beijo, medo até de sermos nós mesmos. Mas o amor fala mais alto e desde sempre eu soube que podia contar com você(…)” — Kaique Felix, Analista de DW/BI

Depoimento de Kaique Felix — Analista DW/BI do Dafiti Group

O machismo é um produtor irrefutável de preconceito e ignorância acerca do grande espectro da sexualidade humana e faz com que muitos homens (e mulheres) não lidem bem com a sexualidade, expressão/identidade de gênero de seus filhes. A rejeição paterna sofrida por pessoas LGBTQIA+ ainda é muito grande, prejudicando o estabelecimento de uma rede de apoio familiar. São muitos os LGBTQIA+ que ainda são expulsos de casa por não corresponderem às expectativas sexuais de seus pais e de uma sociedade historicamente orientada em torno de uma suposta heteronormatividade.

Dando sequência às comemorações de Dia dos Pais, tivemos um DFT Talk e para a conversa o Dafiti Pride convidou dois pais: o ex-prider Rafael Calsaverini, homem bi, gerente de data science no Nubank, pai da Sônia e do Ivan; e o Yago Faria, homem gay, proprietário de um escritório de contabilidade, D.J e pai da Nicole. Para enriquecer ainda mais nosso debate, também chamamos os priders Alexandre Camarinha, homem gay — pai de planta (rs) — que tem o sonho da paternidade e o Kaique Felix, homem gay, analista de DW/BI, que veio contar para nós um pouco da sua relação com seu pai.

O bate-papo conduzido pelo Luis Vinicius, nosso analista de SAC Back-Office, foi regado de muitas lágrimas e emoções. O Rafael — que é filho de uma mulher lésbica — e o Yago, compartilharam conosco suas vivências e trajetórias até a paternidade, contando um pouco dos desafios de serem pais fora da “caixinha” heteronormativa da nossa sociedade atual e dos desafios de criar e educar um ser humano para o mundo lá fora e para a vida. Os dois trouxeram para o debate questões sensíveis, como o preconceito que seus filhos podem enfrentar fora de casa, especialmente na escola e a relação familiar com as mães das crianças e outros familiares.

Já o Alexandre nos falou um pouco sobre seu sonho de ser pai — que nunca foi abalado por sua orientação afetivo-sexual — e suas expectativas com o tão esperado momento. E claro, aproveitamos para fazer uma troca de conselhos com quem já tinha alguns anos de experiência de fraldas trocadas e noites mal dormidas. O Kaique enfatizou a importância do apoio paterno na vida de um LGBTQIA+ e como isso facilitou e deu suporte para sua “saída do armário”, sendo seu pai, além de um motivo de orgulho, um porto seguro.

Visibilidade Lésbica

Dia 19 de agosto é Dia Nacional do Orgulho Lésbico e dia 29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a data foi criada em 1996 com o I Seminário Nacional de Lésbicas.

O Dafiti Pride convidou um time de mulheres que, cansadas de não terem muitos conteúdos voltados para o público lésbico, resolveram criar em agosto de 2019, o podcast Parachoque de Monstro, que, como elas dizem, conta o mundo visto de dentro das suas boleias (alerta para trocadilho com “caminhoneira”).

Parachoque e Monstro — @parachoquepodcast

A Mareu, a Duda, a Jaque e a Nay compartilharam suas vivências e lutas diárias conosco. Elas contaram um pouco sobre a história do movimento lésbico no Brasil e a criação do Dia do Orgulho Lésbico, que se deu em 1983 após a morte da ativista Rosely Roth, onde um grupo de lésbicas ocupou o Ferro’s Bar, em São Paulo, no protesto contra agressões lesbofóbicas ocorridas no bar algumas semanas antes.

O podcast está no ar há um ano, com mais de 40 episódios e surgiu da necessidade de criar conteúdos para mulheres lésbicas, especialmente no formato de podcast. Hoje, muito mais do que um projeto pessoal que surgiu de um sonho da Duda, se tornou uma rede de apoio para muitas mulheres lésbicas que se sentem sozinhas.

O Mês da Visibilidade Lésbica é uma forma de evidenciar as resistências e existências de mulheres que são invisibilizadas o ano inteiro, inclusive dentro do guarda-chuva da comunidade LGBTQIA+. Mulheres que ainda tem seu relacionamento fetichizado e que enfrentam o machismo e o preconceito apenas pela sua existência.

“Se você não acha importante conhecer a vivência de uma outra pessoa e respeitar e ter essa vivência como igual, já temos ai um ponto importante para se pensar” Jaqueline Santos

O evento trouxe muitas reflexões que servem de pontapé inicial para fomentar debates importantes sobre o apagamento de mulheres lésbicas no Brasil e no mundo e sobre a não-naturalização de suas vidas, chamando atenção também para a interseccionalidade com que o tema deve ser tratado, lembrando que nem todas vieram do mesmo lugar, possuíram as mesmas oportunidades e acessos e que ainda vivemos em uma sociedade fortemente orientada por uma hierarquia de classes sociais e um conceito racial falacioso.

Conheça mais sobre o trabalho dessas Fanchásticas. Acesse:

Spotify: https://open.spotify.com/show/2XSL7yOs9TGpj74P1CkWJr?si=cOSCk_SUTXiwHCjOZsOVIw

Instagram: https://www.instagram.com/parachoquepodcast/
Nay Rodrigues: @babyalivepistola
Mareu: @bornthisjeitinho
Duda: @sapaquente
Jaque: @jaquelindsey

Estes eventos foram realizados remotamente via Zoom e transmitido ao vivo em nossa plataforma de comunicação interna — Workplace- para todos os nosso colaboradores. Continuamos juntes, mas em casa, na luta contra a covid-19.

#VamosJuntes

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