Mês do Orgulho LGBTQIA+: como podemos ser aliados dessa luta?

Caroline Somera
Dafiti Group
Published in
3 min readJun 11, 2021

Sou uma mulher branca, cis e heterossexual. Não tenho a vivência de uma pessoa LGBTQIA+ e reconheço meu lugar de fala. Todavia, sei que ocupo um papel importante (e não protagonista) como aliada dessa luta. E é sobre isso que quero falar.

Em primeiro lugar, acho importante discutir sobre esse tal de lugar de fala. Aposto que você, que está lendo esse texto, já ouviu essa expressão em algum momento nos últimos anos. O termo ganhou força no Brasil quando Djamila Ribeiro — filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira — publicou o livro “O que é Lugar de Fala” (deixo aqui essa belíssima indicação para quem quiser entender um pouquinho mais sobre o assunto). Desde então, muito se discute sobre esse conceito dentro de diversos movimentos sociais no Brasil, como os movimentos negro, feminista e LGBTQIA+.

Mas, afinal de contas, o que ele significa?

Lugar de fala, de maneira muito simples e resumida, é a busca pelo fim da mediação. Isso significa que a pessoa que sofre o preconceito fala por si só e é a protagonista da sua própria luta ou movimento. Por exemplo: as mulheres são as protagonistas do movimento feminista e falam por si só, assim como as pessoas LGBTQIA+ protagonizam sua própria luta a partir das suas vivências e experiências.

Mas isso significa que não podemos nos aliar e apoiar diferentes movimentos e lutas? Não! De forma alguma.

Entender nosso lugar de fala também significa compreender o que podemos fazer para colaborar em uma luta que está sendo protagonizada por outras pessoas e grupos.

Por exemplo: como uma mulher branca, cis e heterossexual, eu posso apoiar a luta das pessoas LGBTQIA+ adotando, dentre outras ações, atitudes e posturas que combatam, incansavelmente, a LGBTQIAfobia em todos os espaços que ocupo.

Sendo assim, trago aqui uma reflexão: como podemos expressar nosso apoio às pessoas LGBTQIA+?

Os caminhos são inúmeros, mas listei aqui 3 práticas importantes que podem ser adotadas no nosso dia a dia.

  1. Informe-se e compartilhe

Antes de qualquer coisa, estude sobre a comunidade LGBTQIA+: entenda suas vivências, experiências e os conceitos que a envolvem. Qual a diferença entre “sexo biológico” e “identidade de gênero”? Por que não devemos falar em “opção sexual”, mas sim em “orientação sexual”? Entender, estudar e se aprofundar a respeito da comunidade LGBTQIA+ é essencial para conseguirmos, no dia a dia, combater o preconceito, os estereótipos e a desinformação.
E para começar essa jornada de conhecimento sobre o assunto, deixo a recomendação de dois canais do Youtube aqui: Tempero Drag e Canal das Bee.

2. Atenção: livre-se das expressões ofensivas

Informar-se e conhecer mais sobre a comunidade LGBTQIA+ é essencial para que a gente não reproduza, no nosso dia a dia e nos espaços que ocupamos, expressões ofensivas e violentas. Usar termos como “coisa de veado” e “viadagem” para debochar de alguém, por exemplo, é extremamente preconceituoso porque, em outras palavras, associa a orientação sexual de uma pessoa a algo negativo ou vergonhoso. Por isso, exclua esse tipo de expressão do seu vocabulário!

Mas nosso papel não para por aqui! O que nos leva à dica 3 desta lista:

3. Combata o preconceito no seu dia a dia

Na família, na rodinha de colegas ou em qualquer outro lugar: não se cale diante de atitudes LGBTQIAfóbicas. Combata o preconceito e a desinformação em todos os espaços que ocupa. Crie diálogos, informe e explique porque não devemos reproduzir falas e atitudes preconceituosas. Se for preciso, relembre que LGBTQIAfobia é crime no Brasil.

Não devemos, jamais, nos calar diante de situações injustas e preconceituosas.

No mês do orgulho LGBTQIA+ e em todos os outros dias, nós podemos (e devemos) apoiar essa luta. As dicas acima trazem apenas algumas práticas que podemos adotar no nosso dia a dia. Mas devemos, dia após dia, continuar estudando e encontrando alternativas para contribuir um pouquinho mais.

Adotar uma escuta ativa e empática e se informar constantemente sobre os movimentos sociais ao nosso redor são exercícios que não têm fim e devem ser praticados diariamente.

Somente juntas, juntos e juntes alcançaremos uma sociedade mais equânime e solidária.

--

--