Para apoiar a comunidade LGBTQ+ o ano todo

Henrique Andrade
Dafiti Group
Published in
5 min readJun 4, 2020

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Junho chegou e o arco-íris começa a tomar conta de nossos feeds nas redes sociais: o Mês do Orgulho LGBTQ+ é um momento importante no ano para refletirmos sobre as conquistas alcançadas pela luta da comunidade e, também, para discutirmos e darmos clareza aos desafios que precisamos endereçar para avançarmos na luta. Neste ano, o mês começa com o tema urgente da luta antirracista e, aqui, relembro Stonewall e o papel de lésbicas, pessoas trans e drag queens negras que protagonizaram este marco na história e motivo pelo qual comemoramos o orgulho LGBTQ+ em Junho.

Escrever sobre o “Orgulho LGBTQ+” é colocar em evidência a complexidade de uma trama histórica que mistura sociologia, política, economia, direitos humanos e tantos outros pilares da construção social. Neste cenário amplo de discussão, também é falar das individualidades e, aqui, me coloco na posição de homem cis gay branco que reflete sobre todos esses temas com base em uma vivência única e polarizada — outros olhares e perspectivas são fundamentais para esse diálogo.

O convite, hoje, é para pensarmos em como todos podemos contribuir com os desafios que precisamos endereçar na sociedade (e no ambiente de trabalho, e vice-versa) em prol de um mundo mais igualitário e de respeito. Compartilho cinco temas principais, mas existem inúmeros caminhos para atuar como agente de transformação.

1. Busque conhecimento:

informação é uma das principais formas de combater o preconceito e, aqui, é importante a sua proatividade para buscar e incluir em sua rotina textos, livros, séries, podcasts, filmes e outros conteúdos sobre a temática LGBTQ+, com autores e/ou protagonistas que vivenciem essa questão. Que tal começar essa jornada pela sua rede de amigos/colegas de trabalho/familiares LGBTQ+? Dialogue, pratique a escuta ativa e conheça suas vivências. Além desse entorno, compartilho algumas dicas:

  • Livros: Devassos no Paraíso (João Silverio Trevisan), Foucault e a teoria queer (Tamsin Spargo), O Reconhecimento dos Direitos Humanos LGBT (Patrícia Gorisch), Gênero — uma perspectiva global (Raewyn Connell e Rebecca Pearse)
  • Séries: Pose, Special, Ru Paul’s Drag Race, Crônicas de San Francisco, Super Drags, Nanette, Queer Eye, Orange is the new black, Grace & Frankie, Sex Education
  • Filmes: Milk, Hoje eu quero voltar sozinho, Dzi Croquettes, Paris is Burning, Moonlight, Carol, A garota dinamarquesa, Tatuagem, Tomboy, Praia do futuro, Transamérica, Priscilla a rainha do deserto, Filadelfia, Maurice, Mistérios da Carne, O segredo de brokeback mountain, Com amor Simon
  • LinkedIn: Ricardo Sales, Maitê Schneider, Reinaldo Bulgarelli, Lucas Bulgarelli, João Torres, Debora Gepp, Mais Diversidade, Todxs
  • Podcasts: Diversitalk, Parachoque de monstro, Todas as letras, Poc de cultura, E aí gay?
  • Projetos Sociais: Mães pela Diversidade, Casa 1, English to trans-form, Casa Florescer

2. Diversidade:

engana-se quem entende a “comunidade LGBTQ+” como um grupo único que carrega uma única bandeira. Cada letra dessa comunidade possui suas próprias lutas e reivindicações, todas com igual valor e importância. Aqui dois conceitos são importantes: visibilidade e interseccionalidade. Quando falo em dar visibilidade, refiro-me às letras que não são amplamente discutidas ou evidenciadas (mesmo dentro da comunidade): você já discutiu sobre vivências e pautas bissexuais? Você convive ou já refletiu sobre reivindicações da comunidade trans? É importante lembrar que a comunidade LGBTQ+ não é apenas gay, branca e cis.

E, aqui, trago o tema da interseccionalidade, ferramenta teórica criada para pensar a inseparabilidade do racismo, capitalismo e patriarcado e como essa estrutura gera vulnerabilidade. Na prática: a vivência de um homem cis gay branco é completamente diferente de um homem cis gay negro, que é completamente diferente de um homem trans gay negro e de uma mulher trans hétero negra. Avançarmos na consciência sobre essa multiplicidade de vivências é essencial para termos clareza sobre quais pautas apoiamos, como podemos fazer a diferença em nosso entorno e como precisamos ouvir e dar voz à essa diversidade.

3. Empatia:

esse conceito tem múltiplos entendimentos que abraçam a compaixão, o respeito, o amor, a humanidade. “Colocar-se no lugar do outro” no contexto da comunidade LGBTQ+ é compreender as individualidades, a bagagem, a história e o processo de construção da identidade afetivo e sexual de cada pessoa: cada um tem seu momento para “sair do armário”, para “militar” e para apoiar a causa. E, muitas vezes, a comunidade precisa acolher e apoiar as pessoas nesse processo. Assim como os membros da comunidade LGBTQ+ possuem momentos e entendimentos diferentes sobre sua identidade, essa complexidade também se expande aos familiares, amigos, colegas de trabalho — cada pessoa possui uma carga histórica que impacta, positiva ou negativamente, no seu posicionamento sobre o tema. Ter empatia e respeitar o tempo de cada um é essencial, estamos aqui para apoiar e não para “tirar as pessoas do armário”.

4. Aliados:

a mensagem aqui é direta — todos podem apoiar as pautas da comunidade LGBTQ+. Pais, irmãos, amigos, colegas de trabalho: todos podem (e devem!) participar desse movimento na construção de espaços mais igualitários para todos. Como? Dê voz, espaço, emprego, visibilidade. Humanize o tema, busque conhecimento, esteja aberto à diversidade e seja empático com os outros. Uma palavra e uma ação de incentivo podem ressoar e inspirar outras pessoas.

5. Abrace a transformação:

Junho é o Mês do Orgulho LGBTQ+ mas a vida e a luta das pessoas que integram essa comunidade acontece o ano todo. Abrace o seu poder de transformação diariamente: apoie, acolha, ouça, discuta, reflita, aja! Transforme a vontade de fazer a diferença em ações, começando pelo seu entorno e vá expandindo. Se estiver precisando de um abraço, está tudo bem também! Não precisa ser forte o tempo todo, busque criar uma rede de apoio e conte conosco! Aqui no Dafiti Group temos o DFT Pride, grupo de afinidades que procura promover um ambiente inclusivo para que todos os funcionários LGBT+ sintam-se seguros para desenvolverem o seu pleno potencial, reforçando aspectos culturais por meio de educação, sensibilização e engajamento dos seus stakeholders. Vamos juntos!

O cenário global parece retroceder nas conquistas e direitos dos grupos minorizados, gerando uma preocupação constante que impacta na saúde física e mental da comunidade LGBTQ+, por isso a hora de agir é agora. Precisamos nos posicionar contra a LGBTfobia e qualquer outro tipo de preconceito e discriminação. Somos nós que fazemos o futuro que queremos.

Contem comigo e vamos juntos!

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Henrique Andrade
Dafiti Group

Corporate Communications Manager @Dafiti Group. Passionate about communications, dialogue and people.