Livro digital ganha espaço no Brasil

A novidade é vista como um meio de chamar a atenção de quem ainda não tem o hábito de ler

adailton moura
adailton moura
3 min readNov 9, 2014

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Com o surgimento da escrita por volta de 3000 a.C, as histórias da humanidade começaram a ser registradas em pedras, argila, papiro e papel, desde que este foi inventado pelos chineses. Ao longo dos anos, o formato dos livros e a forma de lê-los evoluiu, e hoje com o avanço tecnológico é possível carregar centenas deles em um único aparelho.

Recém-chegado ao Brasil, e pouco conhecido por grande parte dos brasileiros, o e-book têm ganhado espaço e, aos poucos, está conquistando o mercado, leitores e escritores. Nos últimos três anos, a sua procura no país cresceu consideravelmente, acirrando a disputa mercadológica entre as empresas responsáveis pela venda e distribuição em território nacional.

Em 2012 a Apple iniciou suas primeiras vendas no país, através do iTunes, seguida pelo Google e Amazon, porém as pioneiras foram a Livraria Cultura e a Saraiva, iniciando a comercialização dos e-books em 2010, mas com um volume menor que 10% dos 16 mil títulos atuais.

Em pleno crescimento, a digitalização dos livros é vista como uma boa opção para quem não tem o hábito de ler. Segundo José Oliveira, escritor que está lançando o seu primeiro livro em formato digital (‘O Alma’), o e-book pode ser importante pra incentivar a leitura, e ajudar na formação de novos leitores.

“De certa maneira incentiva a garotada a ler alguma coisa, já que eles adoram esse lance de tudo ser digital”, explica. “Não sei se isso garante que serão grandes colecionadores de livro, mas a iniciativa é positiva do ponto de vista, que pode formar possíveis novos leitores.”

Apesar de acreditar que a tecnologia possa contribuir com o crescimento de leitores no Brasil, o escritor ressalta que ela não vai resolver o problema literário do país. “A contribuição não vai ser ‘tão’ significativa, porque a literatura é uma questão cultural, o quadro atual só se reverterá quando escola, família e governo darem a devida importância ao assunto. Não há tecnologia que resolva nossa carência literária”, diz.

Para a estudante, Cammy Moreno, o livro digital chegou para agregar, principalmente pela praticidade e preço. “Tenho um leitor digital, e sempre o levo na mochila, isso evita sair de casa com muitos impressos, ele também possui recursos que facilitam a leitura, e o valor também é menor que os convencionais.”

Mesmo com os diversos recursos, preço baixo e facilidade dos digitais, ela diz que os impressos são insubstituíveis. “Principalmente para colecionadores e conservadores, ter uma estante cheia de livros, ir aos lançamentos e conseguir autógrafos, são alguns pontos que só os impressos proporcionam”, conclui.

O futuro do e-book no Brasil é promissor e rentável. A expectativa é que em 2013, as vendas sejam duplicadas em relação a 2012, com as grandes livrarias expandindo os seus catálogos, e as pequenas se adequando a este novo mercado, que caminha à passos largos.

Para José Oliveira, financeiramente, os livros impressos são mais rentáveis no momento, principalmente para autores não ‘consagrados’, mas acredita no sucesso dos digitais em longo prazo.

“Nosso mercado ainda é pequeno, para que um autor se aventure em publicar algo somente em formato digital. Falando dos meus livros, prefiro o físico, foram mais rentáveis.”

Com a colaboração de Thiago Quinelato e Paulo Pontes.

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adailton moura
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jornalista. autor do livro “A Indústria da Música Gospel”. txts no @ RAPresentando, Sounds and Colours, TAB UOL, AUR, Rapzilla, Per Raps, Bantumen, Gospel Beat.