A evolução da underwear masculina e sua relação com o homem de hoje
O video acima é um exemplo divertido de como a underwear masculina evoluiu nas últimas décadas. Quando pensamos nos modelos, cores e estampas disponíveis hoje esquecemos que para chegar até aqui, a moda percorreu um longo caminho, dando voz ao homem e refletindo o seu comportamento em diferentes momentos da história.
A roupa de baixo teve uma evolução lenta e focada muito mais na funcionalidade que no design. A cueca como elemento importante na vestimenta só passou mesmo a ser uma ideia vigente à partir dos anos 70, quando o corpo passou a ser adotado como símbolo sexual jovem. Bem antes, ainda no século XIV a union suit era uma única peça que também cobria o tronco e usadas por debaixo da roupa. Geralmente possuía duas aberturas: uma na parte da frente e outra na parte de trás, com botões. Feitas de linho, até a revolução industrial as peças demoravam até três dias para serem confeccionados manualmente. Durante a Primeira Grande Guerra, as union suits, que iam dos tornozelos aos pulsos, ganharam versões mais práticas e curtas, que se assemelham ao que viria anos depois.
Dos anos 1920 aos 1940 a peça mudou e se adaptou à estética masculina. Ao contrário da underwear feminina, a cueca foi mudando visando sempre o conforto e a praticidade do homem. Nos anos 30 o modelo Slip foi criado por Jockey Breif e conhecido Slip Jockey, em menção. Na mesma década o elástico foi usado pela primeira vez no cós, representando um grande avanço tecnológico, mas na década seguinte as peças voltaram a ter botões, devido à escassez de elástico durante a segunda guerra.
A década de 50 trouxe mais inovação e tecnologia. Surgem os tecidos artificiais com tratamentos, e o algodão abriu espaço para o Náilon. Com isso, surgem novos modelos: foi nessa época que as primeiras empresas passaram a estampar e tingir as cuecas, o que começou a anunciar uma geração de jovens que posteriormente seria prioridade no mercado. James Dean usava pela primeira vez a t-shirt branca que, até então, também era roupa de baixo. Com a quebra do conservadorismo e a valorização do corpo entre os anos 1970 e 1980, a imagem do homem provedor da família foi substituída pelo homem jovem, despreocupado e descontraído, e isso refletiu na cueca, que ganhou um papel importante, principalmente no modelo slip cavado. A samba-canção foi associado a “cueca de avô”, e isso perdurou até o final dos anos 2000.
A publicidade, a marca e o novo homem
O costume de colocar nome da marca no elástico da cueca, muito comum hoje, começou em 1947 pela empresa Jockey que adotou o slogan “Procure pela marca na faixa”, uma maneira de diferenciar das outras marcas. Hoje, não há marca que use o elástico como etiqueta.
A primeira campanha da Calvin Klein, que acabou virando referência no mercado de underwear foi em 1986, com um outdoor em plena Times Square, do atleta Tom Hintnau vestindo apenas a cueca da marca. Criou polêmica, e anunciou um novo papel da peça na moda. A campanha virou referência até hoje e muitas marcas passaram a usar atletas e famosos em suas campanhas.
Com a imagem do novo homem do século XXI, preocupado com a estética, moda e conforto, não é surpresa que a cueca entraria em um novo contexto, ganhando sua importância na hora de compor um look. A cueca ganhou status de artigo fashion e diversas variações de modelos, para diferentes públicos. As cuecas evoluíram e hoje o que não faltam são opções de modelos, materiais e até estampas. Desde os anos 80, elementos simbólicos foram introduzidos no underwear, que passa a ser visto hoje também como item de moda.
Publicado em: Moda Para Homens/ Ano: 2013
