Sobre serial lovers: uma análise da série “Todas as mulheres do mundo”
Existe uma série na Globo Play chamada “Todas as mulheres do mundo”, que apesar de carregar mulher no título é sobretudo uma obra sobre o modus operandi dos homens.
Adaptação biográfica da obra de Domingos Oliveira, a produção retrata o típico esquerdomacho que, envolto em sua poesia existencial poligamica produz devastações tão ferozes quanto sua sede de fugir de si nas outras.
É óbvio que a série contemporiza.
Não ia brigar com a memória de um esquerdomacho tão famoso e talentoso, muito menos abrir mão do lucro que essa narrativa barata e corriqueira pode dar, afinal, tudo que as pessoas querem ver é o macho branco exercendo sua tirania, ainda mais se tudo for regado por muito charme, belíssimas cenas de sexo e lágrimas. Sim, Não podem faltar as lágrimas.
O serial killer do amor nos faz crer que ele é vítima do fatal destino de conhecer tantas mulheres maravilhosas e não conseguir abandonar nenhuma delas. Cultivá-las ao mesmo tempo. Quanto mais carinho, maior a manipulação emocional. E não, não somos otarias e nem massa de manobra.
A própria série mostra as mulheres empoderadas e conscientes das suas escolhas, mas no final, o esquerdomacho sempre vence, conquistando seu desafio diário édipo de projetar em mulheres importantes todas as suas carências maternas e pouco se importar com os estragos que possa provocar em suas vidas.
A série é envolvente, mas um olhar um tantinho mais apurado mostra como não passa de uma armadilha semântica para transformar tirania em amor. De tiranias carismáticas o inferno tá cheio.