Diálogo Elétrico: Thiago Camelo

Uma conversa com o autor de “Descalço nos Trópicos sobre Pedras Portuguesas”

Gabriel Pardal
Diálogos Elétricos
13 min readJul 25, 2018

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Nesta edição do Diálogo Elétrico vocês vão ler o papo que tive com Thiago Camelo. Nascido em 1983 no Rio de Janeiro, formado em Jornalismo e Cinema pela PUC-Rio, publicou os livros de poesia Verão em Botafogo (2010), A ilha é ela mesma (2015) e, mais recentemente, Descalço nos Trópicos sobre Pedras Portuguesas (2017). Este último é composto de 15 poemas, de extensão e métrica variáveis, no qual, segundo o crítico Alexandre Werneck, "a estrutura da dinâmica poética, em geral mais contemplativa, é aqui produzida por um tensionamento daquilo que podemos chamar intensividade: vemos alguns elementos do mundo serem capturados e, com uma lente de aumento, potencializados em sua capacidade de se mostrar determinante."

Como bem definiu Miguel Conde no texto de apresentação do livro, Thiago faz “a aposta alta, corajosa, de que tudo pode caber no poema.”

Além de poeta, Thiago Camelo é letrista; em 2015, a canção ‘Espelho d’água’, parceria com seu irmão Marcelo Camelo, foi gravada por Gal Costa no disco Estratosférica.

A conversa aconteceu no início de junho de 2018.

Gabriel Pardal: Quando você começou a escrever “Descalço nos trópicos…” ?

Thiago Camelo: Lancei meu segundo livro, A ilha é ela mesma, em Portugal, 2016, uns meses depois de lança-lo no Brasil. Um ciclo se fechou ali, porque o livro — “A ilha” — era fruto de uma bolsa de um centro de cultura de lá (morei em 2011 em Lisboa). Ou seja, cinco anos depois, finalmente provava tanto a mim quanto ao Centro Nacional de Cultura de Lisboa que, sim, o livro estava pronto e lançado em Portugal.

Na volta ao Brasil, no avião, vinha pensando: e agora, o que faço com a minha vida criativa? (Como a maioria de nós, divido as coisas assim: vida burocrática/vida criativa.)

Morro de medo de avião. Não consigo dormir, nem ler, nem nada. Conto fortemente com os filmes para me distrair. Nesse dia, no entanto, o voo da TAP, um voo diurno, triste, triste, estava com problemas nos televisores. Voo meio vazio, a ponto de minha mulher deitar na fileira do meio, nos quatro lugares. A mim, nada disso serve. Minha mulher tinha uma Piauí na bolsa, com um artigo do Karl Ove [Knausgård] sobre um neurocientista. A propósito, sei que temos este autor em alta conta. Fui lendo o artigo, me lembrando dos livros dele, me acalmando et cetera. Daí pensei, clichê dos clichês: e se o Karl Ove estivesse neste avião, na mesma situação que eu, o que diabos ele faria?

Daí por que comecei a escrever já no avião, de volta para casa. Porque só tinha papel, caneta e a impressão de que o Karl Ove Knausgård, no meu lugar, também escreveria. Comecei a escrever o que estava vendo no avião. Depois pensei em como seria um livro de poesia do Karl Ove, caso ele quisesse manter o mesmo estilo hipernarrativo, hiperdescritivo. Como usar a poesia a serviço disso. O que a poesia teria a oferecer. Esse poema, dentro do avião, é o primeiro poema do livro. Ele retorna de um jeito quase intrusivo, mais ou menos um ano depois (tempo cronológico do livro), no último poema, o maior de Descalço.

Depois, claro, veio um pouco do “conceito” do livro, não bem exatamente um “conceito”, mas a vontade do momento. O último livro é bem diferente do que fiz anteriormente, quando quis a essência das coisas, “aquilo que é necessário”. Desta vez pequei pelo excesso, pelos rastros, pela falta de hierarquização de assuntos, imaginando o lugar a que chegariam poemas com entradas e saídas constantes, como nos tempos dilatados dos filmes do Warhol, nas elipses afetivas do Jonas Mekas ou nas repetições hipnóticas das músicas do Satie; estas, segundo o próprio autor, para ouvir distraído como canções de elevador. Queria saber como seria escrever poemas mais longos, para serem lidos distraidamente ou, ao menos, sem compromisso com a atenção. O Karl Ove, mais recentemente, me trouxe essa sensação. Sou atraído por esse tipo de distração de saída e entrada constantes — quando funciona, acho mágico e mais próximo da vida. Acho que é isso 🙂

Me lembro que a gente se encontrou na frente da Livraria em Botafogo e conversamos sobre a literatura do Karl Ove Knausgård e concordamos que ela produz uma sensação difícil de descrever que é como se estivéssemos assistindo a vida. Eu disse que nas pausas que fazia durante a leitura dessa série “Minha Luta”, eu ficava com saudades do livro, com saudades de seguir aquela voz. Teu livro também tem essa presença de uma voz na cabeça que não se cala, que fala consigo mesmo e com os outros mesmo que os outros não estejam falando com ele.

Como foi o processo de escrita do livro? Você escreveu tudo à mão? Você cortou, acrescentou, mudou… mostrava para alguém?

No Karl Ove são 15 páginas de ruído branco. Quando estamos começando a nos acostumar ou — por que não? — cansar, ele vem com uma purpurina de epifania, algo de luminoso que retoma a atenção e faz seguir em frente. É incrível.

Bacana sua percepção do meu livro. Até hoje não sei qual é o interlocutor do livro, com quem travo aqueles diálogos. Suspeito que muitas vezes é com algum outro de mim, esses entes de fora que sempre nos observam de cima e pelos lados. Esses outros de nós mesmos que sempre estão querendo algo a mais.

E não, não escrevo quase nada à mão. Anoto o básico apenas, seja em cadernos, no celular et cetera. De tempos em tempos passo a limpo para o computador.

Só mostro o que escrevo para minha mulher. Mostro quase tudo. Até o que acho ruim. Muitas vezes acho que escrevo para agradar a ela. Antes mostrava para amigos poetas. Mas parei de fazer isso, só me causava ansiedade. Como escrever um post no Facebook e esperar algum like. Escrevendo assim parece um pouco arrogante, mas no fundo é só uma forma de mitigar alguma possível insegurança. As críticas ao meu texto me afetam a ponto de não publicá-los. E eu quero publicá-los, daí apenas minha mulher. Quando ela critica, já é dureza. Mas com ela vou até o final em busca de um consenso. Chegamos num acordo, em geral. Ela é a melhor editora do mundo, tenho muita sorte nesse sentido.

Sobre o processo: queria escrever de modo mais rápido do que foi com o último livro, A ilha, que, apesar de ter poemas muito menores, levou anos. Eu sempre fui obcecado com aquela coisa que falei da “palavra perfeita”, como o Jiro Ono, aquele japonês do sushi perfeito. Acho bonito o resultado desse tipo de obsessão, mas não consigo mais acreditar que isso faça bem a alguém. E eu queria me divertir escrevendo um livro. Escrever com a mão mais solta, sem me prender a detalhes, deixando escapar erros, rastros, excessos et cetera.

Claro que não consegui fazer isso exatamente, e o que era obsessão de poema em 4 estrofes tornou-se obsessão de poema em 15 páginas. De fato, aconteceu de cortar muito menos do que eu cortava. Isso tem a ver também com o mergulho em todos os assuntos possíveis e a liberdade associativa que me permiti. Quando prontos, os poemas estavam realmente prontos. Depois veio a burilação com o jeito certo de dizer a coisa, com a correção da escrita — objetivo perder isto, a correção da escrita, o quanto antes: é uma prisão para mim, e é muito menos importante do que vendem.

Eu também queria escrever um livro em seis meses, no máximo um ano. Tinha um prazo pré-combinado com a editora.

Por fim, uma entrevista insuspeitada de um artista que nem acompanho muito e de quem tenho grandes discordâncias estéticas me fez pensar muito. Ele disse algo do tipo: “Aproveito todas as minhas ideias, não jogo fora nada. O que é humor vai para as minhas peças. O que é poesia vai para os meus livros. O que é prosa vai para os meus roteiros. O que é música…”

Aquilo bateu em mim. Fazer o avesso de tudo o que vinha fazendo. Tentar editar menos, tentar jogar fora menos, deixar todos os meus rastros. Então fui no pocket, Tumblr, RSS, fui nos links salvos do Facebook, abri todos os meus cadernos, todos os meus arquivos, tudo o que tinha para ler e não tinha lido, todas aquelas matérias de 100 páginas das revistas tidas como bacanas — coisas que tinha salvado em 2008, muita coisa mesmo de dez anos atrás, tudo o que vislumbrei escrever e não tinha escrito, peguei tudo o que poderia servir de influência e joguei no livro. O objetivo no fim era estar vazio, olhar para trás e ver um vazio tão grande que a única solução seria ter que novamente me virar para a frente. E foi isso que fiz. Acho que paguei um preço, porque cá estou, ainda um bocado vazio.

Que bonito isso, bonito esse processo de investigação em si mesmo e nas próprias criações.

Este trecho do livro: “Você se obriga a pensar / eu sou jovem / pele firme / ainda tenho viço / Mas você sofre um contragolpe / os jovens também são iguais entre si / como os velhos e os bebês / muitos jovens precisam de pulseiras / algo que os identifique.” Aí eu gosto que logo depois vem: “Não! / Como se dissessem Ser jovem / viver a pequena fatia da vida em que estamos aqui / em que somos nós mesmos.” (página 64)

Você se sente velho? Ou, acha que esse livro foi uma passagem para um amadurecimento?

Hum. Pergunta difícil. Sim, eu me sinto velho, nesse sentido mais filosófico a que você se refere. Tenho 35 anos, sei que ainda sou jovem, mas não é disso que se trata. Luto contra esse sentimento, que tem a ver com algo do espírito e também com certos medos (da morte, inclusive). Os meus momentos de juventude dialogam com as horas de arejamento do inconsciente, quando descubro algo novo, aquela fagulha. Difícil de nomear. Van Gogh chamava de “isto”. Ele buscava “isto”. Outro dia uma colega me lembrou de que Barthes chamava essa ideia subjetiva, o “isto”, de “punctum”. Num poema de A ilha é ela mesma, eu digo me referindo a este “isto”:

a vida na obstinação quase imprópria do artesão
que talha como um náufrago
até avistar
intuir nas mãos
os rastros

procura-se fagulha igual todos os dias

num dia de sorte
finalmente
as coisas ficam vivas; um prédio fala com a gente

Eu me sinto jovem quando as coisas cintilam. E velho quando perco esse brilho de vista.

Acho que é isto: jovem e velho em situações diferentes, no mesmo dia, às vezes no mesmo momento.

Thiago, vamos falar da sua formação. Você fez faculdade? Quando começou a escrever? E por que permaneceu escrevendo?

Sim. Me formei na PUC, em jornalismo e, depois, em cinema. Trabalhei um tempão em redação, até resolver trabalhar de casa. A escrita sempre fez parte da minha vida — a língua, melhor dizendo. Sempre curti, desde novo, literatura, gramática etc. Em 2010, escrevi um livro de poesia, “Verão em Botafogo”. Acho que, desde então, soube que de tempos em tempos escreveria algo quando sentisse necessidade de me expressar. Eu curto fazer letra de música também. Tenho algumas parcerias legais. Quanto à escrita em si: às vezes penso que poderia ser outra forma de expressão — sempre me refiro a essa forma de expressão como “arejamento do inconsciente”. Se soubesse dançar, se fosse jogador de futebol, cantor, cientista… Eu gosto de tanta coisa. Escrever é o modo como me expresso — poderia ser um grito; calhou de ser a escrita o espaço no qual — acho — me sinto à vontade, tenho algum domínio, organizo as ideias. A literatura em si é um entre muitos interesses. Não gosto de mitificar nem de desmitificar a literatura, ou a arte ou, especificamente, a escrita. Continuo escrevendo porque preciso arejar meu inconsciente com alguma forma de expressão que domine minimamente — acho que essa é a resposta.

Um elo com a pergunta anterior: escrevo também para me transformar. Por isso sempre busco alguma mudança, seja de tema, seja de método. E é impressionante: propor-se a uma mudança de método necessariamente muda o seu olhar para o mundo. É imediato. E daí o olhar alimenta o método e vice-versa; uma retroalimentação, na verdade. No fim, você muda.

Na sua família há outras pessoas que trabalham ou trabalharam com arte. De que modo isso te influenciou? Sua mãe é pintora, seu irmão é compositor, seu tio… alguém mais? Como é a troca entre vocês?

No lado da minha mãe, tem uma porção de músicos, alguns mais bem-sucedidos que outros. Meu avô tinha letras lindas, que só foram gravadas bem depois de ele ter morrido. Tem meu tio Luís, meu tio-avô Bebeto (Tamba Trio), meu tio-avô Carlos (produziu discos importantíssimos da turma toda: Caetano, Bethânia etc.)… Mamãe tornou-se pintora aos 50 anos; desde então, não para de produzir. Tem obra enorme e muito bonita. Faz também letras de música com meu tio.

Para ser franco, nunca tivemos, meu irmão Marcelo, músico, e eu, nenhum grande incentivo, não. Não havia grandes conversas sobre arte, tampouco rodas de violão ou que tais. Havia, sim, muita liberdade. Sempre houve. E uma família carinhosa e amiga. Sempre fui muito amigo do Marcelo, por exemplo. Sempre foi bastante natural trocarmos ideias sobre coisas do mundo, entre as quais nossos gostos. Hoje conversarmos bastante ainda, como sempre. O que mudou foi a minha mãe entrar também no bate-papo sobre arte depois de ter os filhos adultos, o que para mim é muito legal. É curioso como essa família de “artistas” se forjou de um jeito totalmente espontâneo — ninguém é acadêmico, não me lembro de nenhum livro me ser apresentado pelos meus pais. Era só muita liberdade e conversa sobre a vida. E incentivo a vontades naturais. Até hoje é assim. Hoje, Marcelo e minha mãe são artistas que me influenciam muito. Acho o Marcelo um dos artistas mais importantes das últimas décadas no Brasil. Maior privilégio tê-lo como amigo e irmão.

Quanto tempo do dia você pensa em poesia, literatura?

Em poesia eu não tenho pensado muito. Ando afastado e quero dar um tempo. Em prosa ou ensaio eu penso o tempo todo. Em algum lugar da cabeça há sempre algo sendo escrito. Comigo é assim, ao menos. Quero fazer um livro de contos agora, então estou especialmente atento. Escrever as minhas coisas é, em alguns momentos, a única hora em que eu sinto não estar enganando ninguém. Quando escrevo por demanda — matérias, releases et cetera — não é raro me sentir uma fraude.

Engraçado que funciono diferente. Quando sou convidado pra escrever, sinto que produzo melhor do que quando escrevo minhas próprias coisas, que aí acho que estou enganando eu mesmo. Gosto de ter um objetivo pra escrever. Pensar num leitor ajuda. Prazo ajuda. Esses limites são importantes pra mim, bem mais do que a liberdade.

Pode crer. Na real sinto estar enganando de todas as formas, né? Mas pelo menos quando são minhas coisas são as minhas mentiras, e não a dos outros. No entanto, ter disciplina para escrever as nossas coisas — em geral sem promessa de nada, inclusive retorno financeiro — é duro.

“Histórias tristes precisam ser contadas / e as felizes também” — Adoro esse início de poema. Esse é um dos meus preferidos do livro. Você poderia me contar um pouco sobre os motivos dele?

O início (que também é o fim) é um pouco a vontade de dizer que é importante também contar histórias felizes. É um pouco o que está escrito. Geralmente, ao menos para mim, é mais fácil escrever algo triste ou que flerta com alguma melancolia. Num segundo momento, é a deixa para o mergulho de ida e volta, olhar de perto / olhar de longe, bate e volta que é o poema. Esse poema é influenciado por uma página e meia do Estação Atocha, do Ben Lerner. Lá para o final ele começa a conversar com uma mulher, mas, para variar, não entende bem o que ela quer dizer, e acha que ela pode estar dizendo “uma coisa ou outra”, que ela pode estar vendo um pôster do Michael Jordan ou pode estar em Chicago, no quarto do irmão que tinha o pôster et cetera. É essa ideia de zoom in e zoom out que me atraiu aqui no Ben Lerner. Que não é de dualidade exatamente, mas de multienunciação. Eu gosto desse poema também. Foi com que mais me diverti escrevendo. Foi aquele em que usei mais todas as “informações” que eu tinha, aquilo que falei lá em cima de me esvaziar. É o que escolhi colocar no meu blog para representar o livro.

Para terminar eu gostaria de fazer uma pergunta bem simples, cuja resposta pode ser complexa. O que é um livro de poesia? E por que escrever poesia hoje em dia?

Talvez eu seja a pior pessoa do mundo para responder sobre poesia. Quando digo, mais acima, que poderia ser um grito mas calhou de ser poesia eu digo a sério. É só o meio pelo qual me expressei até aqui. Eu gosto de algumas elipses de tempo e pensamento que a poesia permite; gosto também de como alguns assuntos perdem o contorno ridículo apenas dentro da poesia (não sei exatamente por quê); tem esse quê de aforismo em poesia, muita gente o nega, mas um bom aforismo é como o tal corte do sushi do Jiro Ono, ou aquele último gol de bicicleta do Cristiano Ronaldo — o movimento perfeito na hora que o jogo está valendo. A poesia tem a ver um pouco com isto para mim: aquela última braçada do Phelps por cima da água, lembra? Ou o Curry arremessando a bola numa parábola mágica. Ou a virilidade do LeBron. A possibilidade de juntar isso tudo nuns versos, sem exatamente se comprometer com a lógica, mas com o ritmo, com alguma beleza (tenho fraco por beleza), se valer das elipses e da liberdade de um verso, depois outro verso e mais um verso… Isso para mim é poesia. (Como disse, no entanto, agora quero tentar o inverso: estou começando a trabalhar num livro de conto.)

Acho que respondi, de algum modo, por que fazer poesia ao longo da conversa: porque é a forma que achei para me expressar, arejar o inconsciente — sem arejar o inconsciente, adoeço.

Dicas

Disco: De disco vou no nepotismo. Eu indico um disco maravilhoso do meu irmão, que deveria ter sido ouvido por todas as pessoas do mundo. O Sou, o primeiro disco solo dele. É fantástico, e acho que não teve o reconhecimento devido. Esse disco me influenciou muito, muito mesmo.
Filme: Vi na época em que fazia o livro. Chama-se Horas de museu, do Jem Cohen, um cara mais conhecido por fazer videoclipe. É facilmente baixável. Sobre um guarda de museu em Viena, as reflexões dele et cetera. É bonito demais o filme. E faz um diálogo insuspeitado com o Estação Atocha, do Ben Lerner, livro que adoro e recomendo, mas que ainda não será a indicação aqui.
Livro: Serei óbvio, porque nunca li nada igual. O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa (Bernardo Soares) dizendo e contradizendo o mundo a cada linha. Escrito na nossa língua; portanto, sem traduções ou grandes intermediações (apesar de o livro estar sendo sempre remontado pelos portugueses, que acham frequentemente mais uma página). O livro é um oráculo que não sabe nada, ou alguém que não sabe nada mas é, por direito, um oráculo.

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Gabriel Pardal
Diálogos Elétricos

Artista. Escreve sobre processos criativos, inspiração e criatividade nos dias de hoje. https://www.gabrielpardal.com/