Lembrança 24 | A Apresentação Mais Importante da Minha Vida Até Hoje
Desde muito pequenos, a gente aprende que tem que perder o medo de falar em público.
É feira de ciências, é exercício prático, é ir à lousa para resolver aquele problema cascudo de matemática (e ainda explicar sua lógica de resolução para toda a classe) … enfim, é duro.
Eu sempre preferi me expressar no papel … onde os pensamentos são meus até que outro os leia … eu tenho esse espaço de tempo para me preparar para o julgamento alheio. Oralmente, não!
Em uma apresentação, uma conversa, uma negociação … é tudo muito intenso no AGORA. Você não consegue se preparar muito para a reação e o julgamento de quem está ali à frente.
Por todas essas questões, acho que minha primeira apresentação em inglês na universidade que me recebeu como intercambista … foi talvez a mais significativa da minha vida até aqui.
Eu estava nervosa.
O tema era complexo: desenvolvimento e comunicação — como essas duas coisas se relacionavam ao ativismo de Malala Yousafzai?
E não era só apresentar o tema. Era preciso criar uma dinâmica que envolvesse todos os alunos da disciplina.
Eles precisavam de algo prático para compreender o tema.
Achei que eu fosse morrer. Eu fui talvez a quarta pessoa a realizar uma apresentação naquela tarde (nossa aula era longa … de 1h30 da tarde até quase 17h).
A cada pessoa que ia à frente, meu estômago revirava.
Eu vou conseguir me apresentar? As pessoas vão conseguir me entender com o meu sotaque? Será que eu vou cometer algum erro muito básico de linguagem?
A dinâmica vai dar certo?
Esses pensamentos foram interrompidos pelos aplausos da apresentação anterior. O holofote se voltou para mim.
Era a minha vez.
Eu estava nervosa.
Mas me forcei a falar … e a falar … eu realmente me interessava muito pela história da Malala. E acho que consegui transmitir esse sentimento … já que todos pareciam prestar atenção no que eu tinha a dizer.
Ufa! Terminei a primeira parte sem me engasgar e sem esquecer de nada. Era hora da dinâmica.
Dividi todos em grupos. Lhes informei que eles eram equipes de repórteres de veículos diferentes.
Cada grupo deveria pensar em como eles abordariam o ativismo de Malala … como seria a cobertura deles sobre essa pauta? Que ângulo seria o melhor?
Todos eram muito tímidos … mas consegui fazer com que todos expusessem suas opiniões.
Segunda parte completa. Aplausos. Era o fim. Suspiro de alívio.
Voltei ao meu lugar e percebi ….
- Que o nervosismo havia passado logo depois da primeira frase falada.
- Que todos ali tinham um ou outro sotaque … então, eu não precisava me preocupar com o meu.
- Que eu era tão capaz quanto qualquer outro aluno que estava ali.
- Que sendo uma pessoa dedicada aos meus estudos, não havia como dar errado … não importando que eu estivesse fazendo isso em outra língua.
Depois da escalada, a recompensa veio em forma de sorriso da minha querida professora +um A no boletim.
Eu não só havia passado na matéria. Eu havia superado um medo terrível que pesava em minhas costas.
Falar em público é assustador em qualquer lugar.
Mas esse medo vira pó … se você apenas ir em frente com entusiasmo sobre o que você irá falar!
Obrigada, Canadá, por mais essa oportunidade de crescer!
