A bailarina cósmica

Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida
4 min readApr 20, 2021

Estudos autodirigidos compartilhados

Por nove dias seguidos, para guiar o Intensivão para Mães Autodirigidas me propus a tirar uma carta do Oráculo da Mulher Selvagem e correlacionar com a minha própria história autodirigida.

Estamos no segundo dia deste estudo e sinto que as conexões estão bem bonitas!!

Essa é uma forma de me auto desafiar e aprender algo novo mesmo no papel de facilitadora da jornada. As ferramentas são utilizadas para ampliar as possibilidades de diálogos e provocar ideias para temas. Então de uma certa maneira a minha intenção com essa semana intensiva é apresentar um pouco mais da minha caixa de ferramentas como facilitadora ágil e incentivá-las a fazerem parte dessa comunidade linda que se conecta a outras redes que é o movimento mães autodirigidas.

Crescemos aprendendo que só podemos nos tornar alguém na vida com trabalho penoso, trabalho duro.

Na escola desde o início da escolarização das crianças, rapidinho é ensinado para elas que estudar é difícil, é penoso, compulsório.

Quantos “tem que” nós vamos ouvindo desde pequenininhas que vão nos espremendo, vão nos diminuindo e limitando nossa capacidade de desenvolver plenamente todo o nosso potencial humano.

Afinal de contas, não era esse o objetivo da Educação? O desenvolvimento pleno de todos os seres.

Desde quando eu era professora e precisava enfiar os currículos goela abaixo dos alunos eu já sonhava com a possibilidade de dançar livremente como a bailarina.

A carta da bailarina é muito significativa para mim pois, quando eu era menina o meu sonho era ser bailarina. Fiz cursos de dança, de teatro, de expressão corporal, porém no momento de escolher a profissão, ser bailarina não era o que esperavam de mim. Não me parecia uma profissão dura o suficiente para atender aos “tem que” do mundo.

Acabei me formando como professora e psicopedagoga, me apaixonei pela aprendizagem e pelo desenvolvimento infantil, mas com o tempo percebi que minhas asas estavam partidas e eu me sentia privada de voar. E mais ainda… Percebi que a maneira como eu me relacionava com as crianças, fazendo “ensinagem” era uma maneira de podar as asas delas também.

Ter encontrado o caminho da autodireção e essa rede linda de pessoas que acreditam nas mesmas coisas que eu e que me fizeram reencontrar a alegria e a leveza de aprender, tem correlação com a carta da bailarina cósmica.

O caminho da autodireção é o reencontro do prazer de aprender: aprender por aprender, aprender por prazer. Se dedicar de maneira focada e dedicada àquilo que você mais ama!!

A bailarina cósmica não dança para mostrar nada para ninguém, não dança para se apresentar ou para atender ao que esperam dela. Ela dança pela própria dança, pelo deleite em se expressar, em viver, em perceber a individualidade de seu próprio corpo.

No mundo em que vivemos a maioria das pessoas está mais para Asas Quebradas do que para Bailarinas Cósmicas. As Bailarinas Cósmicas no passado foram queimadas nas fogueiras, hoje são julgadas e culpabilizadas por este sistema dos “tem que”, que continuam impedindo a mulher de dançar a sua dança cósmica, desabrochar, viver uma vida leve e feliz.

Lembra da carta anterior? Agora, depois que você fortaleceu as suas pernas, você aprendeu a dançar, lindamente, leve e plenamente, o convite que eu lhe faço é: vamos agora dançar todas juntas nessa linda dança cósmica?

Como algumas de vocês já sabem, a leitura dessas cartas faz parte de uma Imersão de 9 dias que estou fazendo dentro de mim mesma, totalmente dedicada à formar uma comunidade de aprendizagem para mães que desejam explorar mais a fundo os caminhos da desescolarização, da autodireção, do unschooling e da aprendizagem ágil.

Parece uma grande maluquice misturar todos esses temas e conduzir esses nove dias através deste Oráculo, mas é assim que tem sido e aos poucos vai fazendo sentido.

É importante compreender que aprender não é linear, é preciso considerar que como mulheres, somos complexas e profundas e para finalizar; o que a escolarização faz com a gente é nos fragmentar por dentro separando tudo em disciplinas e conteúdos. Ainda vivemos um modelo de Educação industrial fordista que determina profundamente a maneira como vivemos.

Sair a carta da bailarina cósmica no segundo dia do Intensivão para Mães Autodirigidas é um convite para que juntas possamos dançar livremente essa linda dança de sermos nós mesmas e de permitir que todas as pessoas também sejam.

Você está preparada para isto?

Lembre-se, você não “tem que”, lembre-se que você pode tomar o seu tempo para se fortalecer, fortalecer as suas pernas e seguir.

Mesmo que ainda você não esteja dançando, alegre-se com o ponto em que está, prepare-se para entrar na próxima dança e quem sabe na próxima você vai brilhar.

Referência:

PERRONI, Jennifer da Motta. Oráculo da Mulher Selvagem, uma jornada ao encontro do feminino sagrado. Ed. Bambual, 2019.

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Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida

Mentoria em Educação Autodirigida; Facilitadora Ágil (ALF); Comunidade de Aprendizagem Autodirigida; Desescolarização/Unschooling;Fundadora do ALC Nature