A lua tem suas fases e eu tenho as minhas

Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida
9 min readDec 14, 2022

Bem-vindas, bem-vindes, bem-vindos ao Diário de Bordo da Su Verri. Este espaço é um experimento para que meus diários pessoais com parte da minha trajetória de vida, dilemas, ideias e processos possam ser compartilhados e talvez venham a servir de apoio e incentivo para outras mães como eu e pessoas de qualquer idade ou gênero que buscam por uma vida autodirigida, com mais significado, com mais autonomia, que estejam em qualquer lugar do mundo com acesso à internet, que entendam português e têm o anseio de fazer as coisas de uma maneira diferente, mudar a Educação, mudar a maneira de viver, aprender, trabalhar e se relacionar, mudar o mundo.

Saiba que você não é a única pessoa percebendo que tem alguma coisa muito errada com o modo atual de fazer as coisas e aqui estamos em rede e você pode encontrar pessoas com as mesmas afinidades.

Acredito que a mudança se faz, fazendo… O que ainda não sabemos, vamos buscar, o que temos como potencial vamos aprimorando e lapidando até podermos compartilhar e nos conectar cada vez mais e melhor organizades em rede, em comunidades, que nossas ideias e nossa voz possam ser ouvidas, lidas, compartilhadas e disseminadas se assim servirem para fazer o bem, para proporcionar consciência e consequentemente libertar das prisões mentais, padrões de comportamento inconscientes e crenças limitantes que nos impedem de ser hoje a humanidade que desejaríamos. Para mim essas são as ações resumidas do processo de autodireção.

No momento as minhas partilhas aqui no Diário de Bordo estão relacionadas a processos de introspecção e busca interior em meio a um emaranhado de reflexões, processos, ideias e maluquices que eu registro diariamente desde criança em meus diários. Uma coisa é a prática de escrever aleatoriamente de forma privada, outra prática é olhar para esses diários e encontrar ordem e significado que possa servir à outras pessoas como material de estudo.

Escolhi o formato de diário porque me parece o jeito mais sincero de praticar a vulnerabilidade e me conectar com as pessoas, como se realmente eu estivesse compartilhando meus pensamentos mais íntimos, situações em que preciso realmente me recolher, me fortalecer, ressignificar, rezar, meditar, buscar forças para seguir adiante na jornada da vida. E quem nunca se sentiu assim? O que não estamos comumente habituados é nos permitir falar sobre as nossas fragilidades. Ser frágil na verdade é ser forte! Aceitar, reconhecer e valorizar a fragilidade humana como a nossa maior potência é uma sabedoria a ser alcançada.

“Ser forte também significa ser fraco! Significa reconhecer as nossas fragilidades diante da vida. Sentir as nossas dores e encontrar forças para não suprimir e ainda assim seguir confiando na vida, buscando o bem e acreditando nas pessoas.” (trecho retirado do meu diário original)

Também precisamos compartilhar as conquistas, criar uma cultura de torcer pelo outro, de conseguir estar feliz quando a outra pessoa, seja lá quem for, estiver vencendo as suas dificuldades, superando suas jornadas pessoais. Não basta apenas não praticar o mal, nos tempos em que vivemos é preciso praticar o bem! O que posso fazer hoje para melhorar um pouquinho a vida das pessoas ao meu redor?

AS FASES DA LUA

Estou marcando os tempos da partilha através das fases da Lua. Meu último texto foi parido na Lua Cheia. Eu sempre acho que vou conseguir escrever bem mais do que realmente eu consigo, por isso que marcar épocas, tempos, períodos é uma boa maneira de ir percebendo o tempo real e natural ao invés de um tempo auto imposto baseado no mundo acelerado lá de fora. Estar conectada com a Lua vai me conectando com os meus próprios ciclos internos conforme os movimentos da lua em suas mudanças de fase vão movendo as águas do planeta Terra. Eis aqui outro texto sendo parido na Lua Cheia que vai me permitir fazer uma reflexão retrospectiva sobre o que aconteceu no meu último ciclo lunar.

Tantas coisas me aconteceram desde a última vez que eu escrevi na lua cheia passada, nesta intenção de conectar com a Jornada do meu Sagrado Feminino de forma mais presente, consciente e compartilhada. Contar sobre a minha pesquisa e processo de autoconhecimento é uma forma de incentivo para que você encontre o seu próprio caminho, não para que siga os mesmos passos que eu, a jornada de autoconhecimento é única e individual mas, podemos partir do entendimento que a minha cura é a sua cura e a sua cura é a minha cura e ao compartilhar os nossos processos de aprendizado nos tornamos mais conectadas e podemos acessar uma consciência expandida coletiva.

Na lua minguante, sincronicamente à Lua senti meu corpo começando a minguar, o útero dá uma leve contraída me lembrando de que em breve teremos mais um processo de limpeza, morte e renovação. O que veio neste processo foi a decisão de não começar a JORNADA PARA MÃES AUTODIRIGIDAS no mês de novembro como eu tinha intencionado, eu achei que estava sincronizada com o que o momento estava me trazendo, mas foi preciso aceitar que não tenho controle sobre tudo e que algumas coisas ainda precisavam ser ajustadas para que o ancoramento consistente e inteiro para esta Jornada se fizesse em mim.

Percebo que agora é aquela época do ano em que não posso me comprometer com compromissos marcados, preciso aprender a aceitar a fluidez do clima, hora chove, hora faz sol, hora venta muito, ventos uivantes e vira e mexe também ficamos sem energia elétrica, algumas vezes sem internet. É esta a vida de quem escolheu viver na montanha. Eu sinto que desejo viver aqui por toda a minha vida, daqui não sairei mais e daqui fico sentindo a profundeza de estar imersa em mim mesma, em meus pensamentos, imersa nesta vida simples de cuidar da casa, escrever, sonhar, estudar, amar, sentir a natureza, cuidar de mim, da minha vida, da minha saúde e aprender a compartilhar dessa simplicidade.

A Lua Nova foi tão intensa que tive pouco tempo para escrever de forma direcionada, estou bem cansada de lidar com tanta falta de amor e agressividade no mundo e o fato de me tornar mais consciente sobre as coisas apenas me torna mais sensível e de uma certa maneira mais louca sob o ponto de vista de algumas pessoas. Então aproveitei a Lua Nova para me recompor, me fortalecer para estar de novo pronta para Jogo.

Quando eu resolvi filtrar as energias que entram na minha vida e tornar as coisas mais transparentes para o meu viver, estabelecendo limites, falando sobre as minhas necessidades e compartilhando sobre o que dói em mim, me tornei o terror! Quando aceitamos viver uma vida subjugadas em nossas relações e em determinado momento resolvemos tomar uma atitude e estabelecer limites e falar sobre o que nos fere, as pessoas folgadas da nossa vida ficam muito incomodadas. É bem desafiante, mas quando nos tornamos conscientes e convictas do que cuida e do que não cuida da nossa integridade é necessário tomar atitudes, fazer escolhas, se posicionar diante das situações. Às vezes cansa, mas não dá para não fazer nada e isto pode ser um dilema interno.

Bem no dia da Lua Crescente rolou o segundo encontro do grupo Mulheres Sagradas que veio como prioridade no momento e se sobrepôs à data do início da Jornada de Mães. Pela segunda vez embarco em uma comunidade de mulheres e estamos estudando juntas o livro mulheres que correm com os lobos. Esse lance dos grupos, de estar em comunidade, de como as coisas vão acontecendo e aparecendo em minha vida a partir desse autodirecionamento é tão fluída e natural que preciso parar para refletir sobre como começou e como vai se construindo o processo.

COMUNIDADE DE MULHERES AUTODIRIGIDAS

Estar com mulheres na perspectiva da autodireção é muito especial porque sinto que é uma condução leve, sem cobranças, pautada na corresponsabilidade e autogestão. Estar entre pessoas que têm a autodireção como valor e unir isto à um estudo tão profundo como o livro Mulheres que correm com os Lobos é uma experiência muito potente e terapêutica e o mais incrível de tudo isso é que é tudo feito sem custos, apenas com a vontade de estar juntas em prol do nosso crescimento pessoal e oferecendo e recebendo apoio de outras mulheres. (Ainda estamos abertas para receber novas mulheres no grupo, interessadas me façam saber que envio as informações).

O último texto parido aconteceu na lua cheia, passou a lua minguante, a nova e só agora consegui reestabelecer meu ritmo de escrita, de conexão, de abertura para o feminino que pulsa em mim, que pulsa em nós, que brota da Terra. O feminino como energia da criação, como energia restaurativa, restauradora. Como a Clarissa diz em seu livro, capítulo após capítulo, não há dor que não tenha fim, existe um oásis interior em cada uma de nós, pode ser árduo encontrá-lo, mas ele existe e quando encontramos o nosso oásis interior nos tornamos fortes, capazes e podemos regenerar a nós mesmas, as nossas relações e toda a Terra.

Por que será que o feminino vem sendo usurpado por tantas gerações? Porque é a energia criadora, a energia da vida, morte, vida. Esta energia precisa se equilibrar com o masculino, somos dois polos que só funcionam com saúde se estiverem em integração.

A autodireção tem muito de ouvir a nossa voz interior e para ouvir a voz interior precisamos deixar de dar ouvidos a outras vozes, externas a nós, que insistem em invadir a nossa autonomia, que desejam tolher a nossa Mulher Selvagem, que desejam que nossa luz não brilhe porque a nossa luz brilhante e reluzente tornará nítidas as sombras, nossa luz forte incentiva e inspira outras pessoas a acenderem a sua própria luz. Isso também é autodireção, podemos até falar de uma autodireção espiritual.

Para embarcar nessa jornada de autoconhecimento autodirigido é preciso ir encontrando tempo e espaço interno para lidar com as nossas dores e traumas. Compreender que existe uma sociedade pautada no medo, na coerção e nos abusos e ela se organiza assim há muitas gerações e esta forma de viver e nos relacionar no mundo é muito enraizada em nossas mentes. Este é um trabalho árduo, individual e solitário que cada um precisa fazer dentro de si para finalmente se ver livre para tomar decisões e verdadeiramente compreender sobre si, sobre suas necessidades e seu servir no mundo.

DIVAGAÇÕES FINAIS

Escrever é um trabalho sim! Escrever é um trabalho espiritual. É a capacidade de me pôr a serviço da canalização. Deixar fluir o que vier e depois encontrar sentido, ordenar, organizar, revisitar, escolher a hora certa de compartilhar, onde, como, com quem, em qual formato?

Existem muitos problemas com as tecnologias que temos e podemos fazer inúmeras divagações sobre os males que podem causar à nossa saúde, por outro lado, para que as pessoas possam compartilhar suas ideias, sua arte, para que possam estudar e se conectar com pessoas de toda parte do mundo é maravilhoso!

O lance que dificulta este processo de se conectar com qualquer pessoa e conhecimento em qualquer parte do mundo é saber filtrar. Apropriar-se de sua força pessoal, de sua autonomia de escolhas e utilizar as ferramentas certas, do jeito certo, sendo quem manuseia e manipula a ferramenta e não o contrário. Novamente se faz necessário o autoconhecimento, saber perceber suas necessidades, interesses, estilo de aprendizagem. Uma história bem ao estilo Frankestein que é real e da qual precisamos falar! O problema não está nas tecnologias, mas na forma como elas vêm sendo utilizadas.

Enfim, voltando ao processo de escrita de um texto, este espaço aqui é um experimento para que meus diários pessoais possam ser compartilhados e talvez venham a servir de apoio e incentivo para outras mães e pessoas como eu de qualquer idade, em qualquer lugar do mundo que tenham acesso à internet para que sigam seus corações, suas intenções e seus anseios de mudar o mundo, mudar a educação, mudar a maneira de viver, aprender, trabalhar, se relacionar.

E antes que a lua mude de fase porque ela já começa a minguar eu finalizo as reflexões que compõem este texto.

Sobre a JORNADA PARA MÃES AUTODIRIGIDAS ela vai rolar sim! A nova data de início é 07/02/2023 e você já pode se inscrever. Todas as informações estão no link em anexo. (Qualquer dúvida é só me chamar!)

Em relação ao grupo do whatsapp MÃES AUTODIRIGIDAS você pode enviar os seus dados e se inscrever para fazer parte dessa comunidade.

E se você preferir tenho um canal do Telegram onde vou atualizando meus movimentos e produções.

E finalmente o meu Instagram caso ainda você não esteja por lá.

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Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida

Mentoria em Educação Autodirigida; Facilitadora Ágil (ALF); Comunidade de Aprendizagem Autodirigida; Desescolarização/Unschooling;Fundadora do ALC Nature