Portal 11/11

Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida
5 min readNov 11, 2021

Portal 11/11 seguido de uma lua que me afirma a minha medicina conectada à lua nova. Reafirmo minhas intenções de escrever todos os dias…

Não posso mais me dar ao luxo de não escrever, não me organizar para produzir o que preciso produzir.

O trabalho como gestora é infinitamente interminável e eu gosto de ser como uma grande aranha e ficar tecendo e cuidando, arrumando, servindo, atendendo e organizando mas eu amo muito mais produzir conhecimento, eu amo quando posso estudar e escrever, essa é a origem essencial do meu trabalho e é isto que propriamente eu vim deixar para o mundo.

Me ocupar do que eu sei fazer melhor, organizar as coisas para as pessoas, resolver problemas, ouvir, oferecer empatia, ofertar esperança, amo!! Mas de certa maneira é uma fuga do trabalho essencial e primordial que é a construção e sistematização deste conhecimento que chega através de mim mas vai sendo transmutado, cocriado e inventado neste coletivo, este papel de sistematização, arquivamento, registros, produções, este é o meu papel, é uma loucura fazer tudo isso, dá mesmo vontade de sair correndo, pedir arrego. É muito mais gostoso estar com as crianças, trocar com as pessoas sobre as experiências delas!! É muito mais gostoso viver no flow e só escrever se e quando eu tiver inspiração, mas eu não posso mais me dar ao luxo…

Não posso mais me dar ao luxo de não enfrentar os desafios de escrever diariamente com a intenção de sistematizar um saber que possa ser compartilhável de maneira inteligível para as pessoas.

Minha intenção portanto para este portal 11/11 é que eu nunca perca minha motivação para escrever pois transcreve o que está em minha alma e este processo é visceral, doloroso, profundo, intenso, mas já não posso mais correr dele, apesar de tudo é o meu processo de criação maior recebido e preciso manifestar este dom senão eu vou adoecer…

Paradoxal a travessia… Dolorosa, intensa, que dá vontade de fugir, mas se não fizer também não sobrevivo inteira. Escrever é um jeito de me fazer inteira. Compartilhar o que escrevo, uma missão de alma que me angustia porque não quero de maneira alguma que as pessoas percam tempo com futilidades e nem quero que construam conceitos errôneos no sentido da interpretação do que profundamente em essência quero transmitir.

Que o meu processo de escrita seja menos doloroso, mais ágil, prazeroso e que proporcione às pessoas uma conexão leve, sutil, acolhedora, transformadora também.

Minha pesquisa é autodirigida, não fiz nenhum curso específico e fiz muitos ao longo da vida, vivenciei muitas coisas, li muitos livros, participei de práticas, coletivos. Como contar para as pessoas sobre tudo o que está na minha cabeça? Como compartilhar tantas vivências e estudos que venho realizando?

Não dá mesmo para passar por esta existência sem deixar o meu registro. Dá medo porque escrever é definitivo, depois que você escreve não é mais seu, fica para a posteridade e se fizer sentido para apenas uma pessoa, já tem um poder de transformação gigante, mobiliza, comove, choca, desconstrói.

Eu sei que se faz necessária uma grande transformação, eu sou agente desta transformação, mas não deixo de reconhecer e me sentir responsável pela dor que minhas palavras por vezes podem causar, porque desconstruir gera morte, gera rompimentos, gera processos profundos de transformação e nem todas as pessoas estão dispostas a morrer para renascer (sem nenhuma pretensão de achar que isto é melhor ou pior do que algo), porém são escolhas que geram um posicionamento inverso diante da vida, na maneira de lidar com as relações, consigo mesma, com suas ideias, pensamentos.

Tenho obrigações de gestora para cumprir, mas neste momento pós Imersão o que está batendo forte em meu coração é o desejo de produzir, refletir, compartilhar, sonhar e escrever, escrever, ler e estudar. Eu amo estudar e estudar sempre foi meu melhor remédio, estudar é uma grande parte do meu trabalho, da minha entrega para o mundo. O que preciso agora é aprimorar o compartilhamento a partir do aprimoramento da minha auto confiança principalmente em relação à escrita.

Eu estou em paz com a vida que criei para mim e para a minha família. Eu amo estar com pessoas, eu amo o meu trabalho, mas eu amo ainda mais o silêncio e os momentos em que eu posso processar todas essas informações e relações.

Escrever todos os dias, ainda entrando no estado de flow para isto, afirmando e reafirmando esta prática para que se torne meu exercício de vida, que não me seja algo doloroso e nem mesmo cansativo, que entre nas coisas básicas do meu viver, assim como respirar, tomar banho e comer, escrever faz parte do meu ar, da minha sobrevivência nesta Terra.

Estamos num processo lindo de evolução, eu confio, me entrego ao que está passando através de mim como canal, me humilho diante dos meus próprios saberes, que não são meus propriamente, são saberes universais dos quais me dedico a traduzir através da minha própria linguagem que está muito longe de ser perfeita ou de querer traduzir uma verdade que seja única.

Falo a partir da minha verdade, uma verdade que vem sendo construída através da busca da integridade, da conexão com a sabedoria Universal e em consonância com a busca de compreender qual a minha essência e missão na Terra. Assim como cada ser que encarna tem a sua missão nesta terra.

Como seria pensar em um aprendizado que estivesse atento a esta necessidade única e básica da existência humana? Estar em conexão profunda com a sua própria essência, cumprindo a sua missão na Terra seja ela qual for, ninguém é melhor ou pior, cada um ocupa o seu lugar, sem escala, sem hierarquia e sem ilusão, apenas uma vivência plena, realista, honesta e profundamente respeitosa com todas as pessoas, cada uma em seu papel compondo o processo de evolução da Humanidade que é indissociável do processo de evolução de Gaia.

O que eu preciso é o que eu posso! O que eu posso e quero e devo fazer ?

Não para mim, para atender ao meu ego que precisa o tempo todo chamar a atenção. Mas para atender a minha alma, o meu propósito e missão diante da humanidade. E como seria se todas as pessoas da Terra se direcionassem nessa mesma busca?

--

--

Su Verri
Diário de Bordo de uma Mãe Autodirigida

Mentoria em Educação Autodirigida; Facilitadora Ágil (ALF); Comunidade de Aprendizagem Autodirigida; Desescolarização/Unschooling;Fundadora do ALC Nature