Demônios

Luiz Maritan
Diário de um Gordo
2 min readJun 11, 2016

A forma como se enfrenta seus demônios diz muito sobre como é a pessoa. Corajosa se os enfrenta de frente, covarde se foge deles. Mas a verdade é que todos temos nossos demônios pelo caminho. Falo por mim, inclusive.

No meu caso, o principal demônio vem com o nome de dieta e a forma desagradável de uma balança. Duas das piores invenções da humanidade.

Imagine a lógica de, deliberadamente, alguém deixar de comer algo saboroso, que dá prazer a todos os sentidos humanos, e trocar por folhas de alface ou agrião? O bom senso não permitiria isso se fosse justo.

Há algum tempo, voltei à medica que me receitara dieta alguns meses antes. Não fiz, claro, e fui ao encontro com a certeza da crítica. Até que foi leve, confesso. Mas era o meio do dia e falar sobre regime alimentar com fome é inútil. Já foi cientificamente provado que o demônio fica ainda mais feio.

Saí da consulta com os ouvidos e a mente fumegantes. Parei no restaurante próximo para almoçar. Escolhi comidas saudáveis, a ponto de deixar meu prato parecendo um desfile carnavalesco, de tão colorido.

No final do circuito, já ao lado da balança, dou de cara com a mesa de sobremesas. Já havia superada pelas frituras e massas, seria moleza. Afinal de contas, doces são as coisas mais óbvias a serem evitadas em uma dieta.

Só que na última curva, fiquei frente a frente com um pavê de sonho de valsa. Tinha até bombons inteiros na cobertura. Um disparate.

Olhei o inimigo no fundo do seu creme com chocolate e respirei fundo. Encarei meu demônio de frente e segui em frente. Pelo menos, esta batalha eu conquistei. Foi quase um motivo de orgulho.

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Luiz Maritan
Diário de um Gordo

Jornalista, contador de histórias que viram livros ou não e uma pessoa com fortes laços de amizade com o Zorro