Bárbara Ariola
diário do céu
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2 min readMay 19, 2018

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na noite de ontem houve um insight importante sobre aquele papo da luz morar dentro de nós. e sobre escutar que 90% dos nossos problemas reais somos nós que criamos. meu desafio, e eu sei disso, é saber silenciar a mente. acho que de muita gente nesse mundo contemporâneo de redes sociais, imagens, sons, textos e informação informação informação. é tanta coisa que às vezes até receio escrever isso ou desenhar mais alguma coisa receando que seja mais um conteúdo pra botar na cabeça em meio a tanta gente dizendo coisas o tempo todo. sufocante.

a Lua está em Câncer, é a Lua no signo que ela rege, além disso está crescente. fico pensando que é um lindo momento de crescimento daquilo que é realmente nosso, e não só mais uma informação. não digo só por dizer. pensar em matéria real é algo muito sutil e por isso escapa do nosso entendimento.

o caranguejo vive no mangue. ele já tem uma casca dura, mas vive no meio de um lodo espesso e seguro. a Lua fala de matéria, daquilo que a gente já tem como lugar seguro. tipo a terra debaixo de nossos pés. ou como o corpo que a gente habita. fala-se tanto de vida material, se esquece que a matéria primordial é o corpo. e o corpo é deveras sutil. tão habituados a morar dentro dele que assimilação é tanta que nem o vemos como morada.

ontem observei os pretos velhos de dentro e de fora, a luz que emana e a que irradia. aquela coisa simples e doce de remexer a terra, de apreciar o fumo, de comer com as mãos. o primordial, o simples, o que é tão esquecido nesse mundo de informação.

voltei pra casa pensando em desapego. do cabelo, do dinheiro, do reconhecimento. talvez outra coisa tão difícil. aquilo dito sobre mente não silenciosa se da justamente porque um dia nos enchemos de ambições que nos rasgam dia a dia.

mas a gente podia ser mais simples.

a gente podia largar as coisas pra viver mais. desejar menos. ter paciência. se realizar por dentro e não por aparência.

que sutileza mais difícil dentro de um vagão de metrô onde vozes ecoam, coisas se vendem, apitos tocam. constantemente.

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Bárbara Ariola
diário do céu

sapatão historiadora da arte, antropóloga e astróloga. saturada por palavras a serem ditas, mitos a serem escutados, perspectivas a serem compreendidas.