A vida sem ternura não é lá grande coisa

Victor Lima
BLOG DO LA
Published in
5 min readFeb 29, 2020

Para José Mauro de Vasconcelos (1920–1984), “a literatura é a arte mais difícil, porque a palavra tem que dar ao todo as cores e as nuanças da pintura, o som e a harmonia da música, o movimento. Escrever é a maneira que encontrei para transmitir minhas vivências, o bem e o mal, e um sentimento que anda muito esquecido: a ternura. E a vida sem ternura não vale nada”.

Zé Mauro é o brilhante autor de O Meu Pé de Laranja Lima, livro infanto-juvenil escolhido pelos Leitores Anônimos, para o mês de Março. A obra vendeu mais de 2 milhões de exemplares, possui mais de 150 edições no Brasil, foi traduzida para 15 idiomas e publicada em 23 países. Um clássico da literatura nacional, original de 1968, com adaptações para a televisão, cinema e teatro.

É atemporal, a combinação perfeita de alegria e tristeza, que compõe, de modo terno, a história do menino Zezé, de 6 anos, que vive com a pobre família, num bairro modesto na zona norte do Rio de Janeiro.

O livro é antigo e muito popular, em gerações diferentes. Por isso, decidimos convidar, para compor este diário, quatro pessoas, um pouquinho mais velhas que a maior parte dos membros de nosso clube, para falar da experiência de leitura do livro, há alguns anos. Dizem que era uma historinha bem polêmica, carregada de sabor de infância e valores familiares mais conservadores, principalmente no modo dos mais velhos se relacionarem com as crianças. Além disso, imagine o falatório que não devia haver sobre um livro infanto-juvenil que tinha “palavrão”? Mas no fim, a gente percebe que todos têm uma memória afetiva muito interessante sobre a história de Zezé e seu pé de laranja lima. Vamos lá?

“Quando estudava, no ensino médio, a professora passou esse livro para a gente ler, e ele me marcou muito, por me fazer lembrar da minha infância. Na minha casa tinha um pé de goiaba, que a gente vendia para os vizinhos, para comprar os materiais escolares. Minha casa também era cheia de crianças, pra um pai só sustentar, e a gente aprontava igual a Zezé, mas a diferença era que mainha acobertava tudo.”

— Janete Santos Souto (mãe de Jeniffer Souto), 49 anos

“Quando li O Meu Pé de Laranja Lima, o livro já era antigo. Não me lembro muito bem, mas acho que achei na casa dos meus avós paternos. O que me marcou foi a vida de Zezé, fiquei emocionada, pois eu era uma criança que vivia numa casa confortável e protegida pelos meus pais, enquanto Zezé tinha muitos desafios e vivenciava e descrevia a vida de maneira emocionante.”

— Livyan Martinho Bicalho (mãe de Lucas Bicalho), 44 anos

“Uma história de vivência real, onde há Zezé e seu amigo, o pé de laranja lima. É um livro para todas as idades e, como gosto de histórias infantis, recomendo que todos conheçam a história de Zezé, com suas travessuras.”

— Marias das Graças Pena de Oliveira (mãe de Jamilly Oliveira), 56 anos.

“Quando eu li o livro O Meu Pé de Laranja Lima, eu tinha, aproximadamente, entre 9 e 12 anos de idade. O que eu posso dizer do livro, e eu não lembro exatamente da história, porque faz muito tempo…mas o que eu posso dizer é que é um livro que me despertou muito o gosto pela leitura. E me traz boas recordações da minha infância. Era um livro que, eu lembro, tinha um pouquinho de aventura, um pouquinho de drama, nos conflitos, ali. E um pouquinho de bom humor, também. Então, até hoje eu gosto desse tipo de filme ou de livro, que têm um pouco dessa mistura. Esse livro, certamente, ele, entre outros, que li na minha infância, me despertou o gosto pela leitura. É algo que até hoje eu tenho o hábito de fazer.” *transcrição de áudio.

— Moacyr Bagatelli (Tio de Ana Claudia), 47 anos.

“Já tem muito tempo que li o livro. Ainda frequentava o antigo ginásio. Não foi por minha escolha, foi uma leitura para a realização de uma prova de Língua Portuguesa. Como sempre, gostei de ler, tudo foi prazeroso, apesar de lembrar de ter chorado muito, em vários trechos da história. Era um livro que abordava assuntos que, em algum momento, fizeram parte da minha vida e que eram comuns e, ainda são, no dia a dia de muitas crianças — desemprego do pai, o alcoolismo, e as perdas em nossas vidas. Não tenho lembranças da história completa, mas tenho, na memória, alguns sentimentos despertados pela leitura. Poucas pessoas conhecem a importância disso.”

— Silvana Azevedo Cardanha (tia de Ana Claudia), 53 anos.

Legal, não é? É isso!

No dia 06/03 (sexta-feira), às 19 horas, vamos nos reunir para a discussão dessa obra tão importante, embalados pelas nuanças do mundo de Zezé. Aguardamos você!

--

--