“Há pesadelos para quem dorme imprudentemente.”
O início do ano, em nosso clube do livro, é sempre carregado de expectativas. Aquele anseio em se ler coisas totalmente novas, ou obras que já estavam em nossas listas pessoais há um tempo.
Optamos, em conjunto, por ler algo que tivesse apelo, ódio, que aguçasse nossa imaginação e, também, nossos medos. Escolhemos, para nosso primeiro encontro do ano, a obra mais famosa de Abraham (Bram) Stoker: DRÁCULA (1897).
O sujeito é um dos principais personagens da cultura pop, um dos maiores inimigos da Santa Igreja e da cristandade; profano, cruel, famoso na literatura, no cinema, nos jogos, nas séries, na TV — do terror à comédia.
Eu acho que por conta da magnitude do monstro noturno de Bram Stoker, uma das bases da literatura de terror, há uma necessidade de nós, leitores, nos voltarmos com um olhar curioso ao mito, para além do vampiro charmoso e sedutor que povoa, vulgarmente, nosso imaginário.
É importante que compreendamos os instintos do Conde Drácula, os seus anseios, filosofia, devir. A criatura repulsiva que precisa se embebecer em/de sangue e se embrenhar nas entranhas das trevas para garantir sua existência, e vivências, com suas sombrias e animalescas noivas.
Decidi convidar duas leitoras e um leitor (irei citar os nomes, então não serão mais anônimos — piada bem ruim mesmo)para descrever as suas expectativas ante a leitura de Drácula. Sem spoilers. Sem grandes descrições da trama.
Ana Claudia:
“Minha primeira experiência como leitora de terror é bem recente: ocorreu no encontro especial de halloween do clube Leitores Anônimos, em outubro de 2019. Desde então, fiquei instigada a ler mais obras do gênero e não sabia ao certo por onde começar. Acredito que ler um dos maiores clássicos do terror é um ótimo caminho para conhecer — e admirar ainda mais — esse gênero, que exige tanta criatividade do autor. Por isso, acredito que Drácula veio no momento certo. Apesar de conhecer, mesmo que superficialmente, a história de Drácula — que já faz parte do conhecimento comum –, a experiência de leitura é sempre única: a linguagem, as descrições, a própria estrutura do livro, enfim, os detalhes da obra são aspectos que só a leitura pode nos mostrar. Assim, acredito que, com a leitura, será possível compreender os motivos de Drácula ter se tornado um clássico e fazer tanto sucesso ao longo dos anos.”
Lucas:
“Comecei a ler o Drácula, pois sempre tive interesse por histórias que beiram o bizarro. Drácula sempre esteve preso ao imaginário quando pensamos na figura do Vampiro. Histórias de terror e mistério sempre me chamaram a atenção, esperava encontrar muito do que já conhecia dos filmes e histórias de vampiro. Saber como um personagem formado por lendas se constrói é sempre interessante. Bram Stoker é um daqueles autores consagrados ao se pensar em histórias de terror, e ler essa obra parecia ser, também, uma ótima escolha para conhecer mais desse escritor e entender como a figura lendária do vampiro nasceu em nossa imaginação, dando origem a tantas outras obras artísticas, como livros, filmes e músicas que carregam essa temática mais sombria.”
Naianna:
“Li o Drácula na adolescência, mas minhas lembranças eram um tanto vagas. Decidi revisitar a obra porque além de gostar bastante da narrativa epistolar, recurso que Bram Stoker utiliza com maestria, tenho um profundo apreço pelo gótico na literatura. Apesar de não ter sido o primeiro livro a trazer a figura vampiresca, boa parte daquilo que se construiu no imaginário popular acerca dos vampiros adveio do Drácula, que é um grande clássico e acaba por ser uma leitura obrigatória para todos os amantes do terror.”
Sem mais delongas. Na próxima sexta-feira, 07/02, às 19 horas, os Leitores Anônimos irão se reunir na Livraria LDM para discutir essa obra clássica e tão icônica. O convite está feito, Drácula espreita e espera por você.
Um boa leitura é sempre o melhor remédio para uma boa noite de sono. Afinal, como diz o Conde Drácula, há pesadelos para quem dorme imprudentemente.