[Savage Worlds; Accursed] Prólogo: Irmãos.
Bom dia, companheiros de batalha. Esse primeiro post serve de prólogo par os jogadores da minha campanha em Morden. Ela tem o objetivo de animar os jogadores, dando mais detalhes sobre os personagens e locais que tem envolvimento na campanha. Vamos lá?
Alguns anos atrás.
Hrothgar caminhou atravessando as cortinas vermelhas que deixavam a corte. Ele era corpulento e grande, por isso era um pouco desajeitado e tinha dificuldades de se mover silenciosamente.
Ele caminhou por entre os corredores de pedra de Escudoprotetor o mais rápido que conseguiu, sem entregar sua posição e por cada cômodo que cruzava mais pilhas de corpos ele encontrava no caminho. O sangue encharcada o chão e o fazia deixar rastros pelo caminho. Aquelas pessoas morreram sequer sem conseguir lutar, grandes homens que dariam sua vida por seu país.
Finalmente ele alcançou o quarto real, ele sabia que estava sem tempo e precisava ser rápido. A porta era bela, feita de madeira com detalhes a mão que resistiram desde a fundação da nação. Ele a empurrou com força e ela rapidamente abriu relevando uma cena que ele jamais esqueceria. O quarto real era amplo, ornamentado com cortinas vermelhas e madeira da melhor qualidade. Uma mesa redonda estava a frente de Hrothgar, com três cadeiras a sua volta. Um quarto do lado direito mostrava a imagem do primeiro Alto Rei, segurando a espada ancestral de sua casa. No lado esquerdo havia uma enorme janela, em que se era possível ver quase todo Escudoprotetor e permitiam uma brisa leve e aconchegante entrar no aposentando agitando as cortinas da janela. Mas Hrothgar não teve tempo de apreciar os detalhes da acomodação real. Do lado oposto a porta que havia entrado, no fundo do aposento, havia uma cama luxuosa com lençóis brancos. Sangue escorria por entre as cobertas, caindo no chão e se espalhando na borda da cama. A Rainha e seus amados filhos estavam sobre a cama, um túmulo de ódio e desgraça.
— Pelos Deuses! - Exclamou Hrothgar logo antes de tapar com uma de suas mãos sua boca, segurando uma ânsia de vômito.
Sua atenção rapidamente foi desviada da atrocidade para o homem que permanecia em silêncio nas sombras, próximo a janela do amplo quarto. Hrothgar segurou com força seu machado de duas mãos caminhando na direção do homem.
Ele possuía cabelos negros e cumpridos, amarrados por uma trança no centro. Ele era branco, mas estava muito mais pálido naquele dia. Os ossos de seu rosto estavam visíveis, demonstrando que ele havia perdido muito peso em pouco tempo. Galion era seu nome, o Rei de Cairn Kainen e guardião do Escudoprotetor, primeiro de seu nome e o unificador de Clãs.
— Galion… o que a Bruxa fez com você, meu Rei? - Hrothgar não demonstrava fúria, mas sim uma tristeza sem igual. Amigos desde a infância, irmãos de armas, Hrothgar tinha grande consideração pelo Rei Galion e toda sua família.
Não houve resposta alguma e Galion partiu com sua espada em mãos para golpear o guerreiro. Hrothgar se moveu rapidamente para trás desviando do golpe, apesar do tamanho ele ainda era um ágil guerreiro. Em seguida, segurou com as duas mãos seu machado e moveu ele na direção de seu oponente com um ataque de cima para baixo. Galion defendeu com sua lâmina ancestral e Hrothgar sentiu uma estranha sensação, maligna. O machado de Hrothgar se despedaçou como vidro e se espalhou por toda a sala. Galion olhou na direção de seu antigo amigo e pronunciou: "Aard!"
O ar por volta do corpo de Hrothgar mudou, induzido pelo nome do vento. Hrothgar foi rápido ao colocar suas duas mãos em frente ao seu tórax, protegendo ele e então sentiu uma enorme pressão o puxando em direção a Galion e em seguida, jogando na direção oposta. A pancada o fez ser arremessado no ar pela sala, chocando suas costas nas pedras da parede do cômodo. Hrothgar caiu no chão em seguida, sentindo como se todos os ossos do seu corpo houvessem sido quebrados.
Galion caminhou na direção de seu amigo e sem que este pudesse se defender cravou sua espada no tórax do homem. Sua visão ficou turva e finalmente, se apagou em uma escuridão sem fim. E em seus últimos segundos, sua mente desistia reconhecendo seu fim.
Hrothgar permaneceu caindo com a espada do Rei Galion encravada em seu tórax por horas e então, um barulho dentro do aposento o fez despertar. No início ele não entendeu, demorou para recobrar sua consciência e sanidade, desafiando a morte Hrothgar se concentrou e finalmente entendeu que barulho era aquele: "o som da esperança."
Dias atuais.
Caer Trolde já foi uma poderosa fortaleza nos antigos dias de glória. Majestosa e poderosa, a casa do Clã an Craite governou as terras ao suldeste da antiga capital de Cairn Kainen durante séculos, superando guerras entre os clãs e outros reinos. Mas o tempo de glória é muito antigo para ser lembrado, desde a traição do Rei Galion e do fim da Guerra Maldita, apenas miséria e morte se aproximam da cidade fortaleza. Amaldiçoada pela Rainha Negra, Morrigan, Caer Trolde vive cercada por legiões de mortos e qualquer um que encontre a morte próximo da cidade retorna como um Renascido para assombrar as muralhas.
Dentro desta guerra infinita, Hrothgar an Craite liderá o pouco que sobrou de seu povo, defendendo as muralhas e governando com justiça e mão de ferro em um mundo assombrado pelas trevas.
Do alto de sua fortaleza, Hrothgar observa as legiões atacando seus portões, a fortaleza sitiada era como Caer Trolde agora era conhecida. Uma guerra que ele sabia, não poder vencer. Ele permanecia observando até ser interrompido por uma bela mulher de cabelos vermelhos como o fogo, herança de sua mãe e amor de Hrothgar. Cerys caminhou até próxima de seu pai.
— Meu Rei, poucos responderam ao nosso chamado, mas já é o bastante. Em breve eles estarão na cidade e estaremos prontos para a viagem. - Cerys entendia a angústia de seu pai. Enquanto ela estava reunindo os amaldiçoados, Hjalmar, seu irmão, estava liderando as forças do Clã no portão principal.
— Os ataques estão ficando cada vez mais frequentes, minha filha. E nossas forças… não passam de um bando de camponeses mal treinados. O tempo de glória do Clã an Craite está acabando…
— Eu não falharei, meu Rei. Por nosso Clã, por você e meu irmão, eu não falharei de forma alguma! Se necessário, darei minha vida para cumprir esta missão. Não permitirei que o Clã an Craite seja derrotado desta forma. - Cerys estava determinada, suas palavras eram ditas com confiança e calma.
Hrothgar pareceu satisfeito com a resposta, apesar do perigo que sabia estar enviando sua filha. Seu coração pesou, mas seus olhos não desviaram de sua amada Caer Trolde devastada pela guerra, miséria, fome e morte.
— Eu confio em você, minha filha. O nosso legado está em suas mãos.
Bom, é isso. Espero que tenham gostado da introdução e espero poder avançar nessa história. Estou realmente empolgado com o enredo e me esforçando bastante para criar algo de qualidade para meus jogadores. Espero que minha primeira aventura em Morden seja memorável!
Até.
