Explicando — 24 de Abril

Tauá Chuá
Diários de Quarentena
2 min readApr 24, 2020

A ideia desse diário é que ele seja uma forma de manter a sanidade e o entendimento sobre o passar dos dias enquanto passamos pelo isolamento social necessário devido ao caos instaurado pela pandemia de coronavírus e, no meu caso, também pela adaptação a medicação psiquiátrica, Venlafaxina, que comecei poucos dias antes da quarentena ser parte do nosso cotidiano.

Isso apesar de ser baseado na realidade mundial ainda será uma visão permeada pela minha própria vida, então sendo assim, me permitirei certo grau de literatura no relato, sendo assim, qualquer coisa escrita aqui é passível de eu negar veementemente no futuro, pois pode inclusive ser mentira ou algo que eu pensei apenas no momento, e os momentos passam muito rápido num contexto de sensação apocalíptica e ansiedade.
Quando comecei a escrever, pretendia fazê-lo com frequência, porém no dia seguinte, dia 21 de Março, senti pesadamente a realidade de que esse é o relato do fim de um mundo como conhecemos e que nada será como antes quando esse processo terminar e que o processo em si não será rápido como um meteoro, ou a invasão alienígena, mas lento e consciente. E senti que essa consciência me aproximava em tempo presente de relatos históricos outros que não acabara em nada positivo. Eu senti que seria a Anne Frank da nossa geração, que é uma fama que eu gostaria de não ter, porque eu não quero que coisas horríveis aconteçam como nesse livro. Então, diante desses pensamentos eu suspendi a escrita e passei dias alterando entre dormir muitas horas repondo todo o sono que a graduação vinha me privando e evitando estar consciente por muitas horas seguidas, fazendo refeições por obrigação visto que um dos efeitos da medicação foi justamente desaparecer com meu apetite e assistir vídeo-aulas sobre agricultura familiar.
Até que eu entendi que o que me faltava para manter esse relato em funcionamento é que eu não queria passar por isso sozinha, sendo assim, inclui uma proposta aos meus companheiros de moradia estudantil e que estão longe nesse momento, o hábito de mandar relatos orais contando sobre os seus dias, para mantermos uma conexão e rede de apoio mesmo que a distância e também manter um registro minimo do passar dos dias.
Este é então, um relato coletivo, narrado por universitários e diversas áreas do conhecimento, sobre suas experiências pessoais durante o confinamento e a pandemia.

Começo hoje a transcrever nossas vozes em caracteres.

Bom proveito a todos e espero que eu esteja errada sobre todas as minhas previsões.

Tauá — 24/04/2020

--

--

Tauá Chuá
Diários de Quarentena

Amarga, vibrando os pensamentos, odiando cada letra escrita, mas persistindo.