“O fato de ter Diabetes é algo comum e que não me impede de executar minhas atividades”

Vítor Moura
Diabetes tipo isso!
4 min readJul 19, 2019

Guilherme Eustáquio sempre encontrou o apoio que precisava com seus pais e amigos

(Foto: arquivo pessoal)

Ter apoio e não desistir. Talvez esses cinco palavras possam ser o lema de qualquer pessoa, seja homem ou mulher, com diabetes ou sem diabetes, e em qualquer momento da vida.

Guilherme Eustáquio, de 24 anos, estuda Direito na UFMG e desde os cinco anos, quando descobriu ser portador do Diabetes tipo 1, também encontrou nas pessoas próximas a ele o incentivo necessário para sempre levar uma vida tranquila e sem problemas. Ele também contou que se conhecer é fundamental para que qualquer pessoa que queira crescer e evoluir.

Em entrevista para o “Diabetes tipo isso!” Guilherme falou sobre o período de quando descobriu ter Diabetes, deu sua opinião sobre uma possível cura da doença e também deu uma importante definição sobre o que é ser diabético.

Confira a entrevista completa

Quando descobriu ser diabético? Como lidou com a descoberta na época?

Descobri o diabetes em 1999, quando eu tinha cinco anos. Não lembro se foi um susto pra mim, provavelmente não, pois era muito novo e não tinha dimensão de como seria tornar-se diabético, mas lembro bem que minha família sofreu muito e eu não entendia o porquê, visto que apesar de algumas internações e episódios de hipoglicemias e hiperglicemias, minha vida continuava normal. Porém, depois de um tempo, percebi que passei a ter muitas restrições alimentares e pelo fato da pouca noção, não entendia muito.

Você já enfrentou preconceitos e/ou problemas pessoais e profissionais, devido o Diabetes?

Acredito que sou um felizardo em relação a esse problema que muitos diabéticos enfrentam. Desde a descoberta, meus pais e pessoas próximas reforçavam muito que minha vida continuava normal e que o fato de ser diabético era algo comum e que não me impediria de executar minhas atividades. Desde sempre fui muito claro com as pessoas em relação a ser diabético tanto na escola, quanto em qualquer outro lugar, e sempre fiz questão de falar pras pessoas também, porque sempre falava para mim que ser diabético é ser normal, e isso me fez crescer não me sentindo inferior por causa do diagnóstico. Talvez por essa criação de como eu deveria enxergar o diabetes eu tenha criado essa percepção. Entendo que o preconceito e problemas enfrentados por portadores do diabetes sejam muito comuns, mas até hoje nunca passei por algo constrangedor ou que me deixasse mal em relação a isso. Geralmente o único inimigo que tenho sou eu mesmo, quando estou naquelas fases de esgotamento pelo fato de ser diabético, mas fases estas que sempre passam.

Quando falam que Diabetes tem cura, você responde…

Eu respondo que não, de fato não tem. Mas acredito que existam sim grandes chances da cura do diabetes estar mais próxima do que imaginamos, visto que a ciência está cada vez mais desenvolvida.

Como considera seu controle quanto à alimentação: bom, aceitável ou ruim?

Minha alimentação foi muito boa quando eu era criança e minha mãe me dava assistência quanto a isso. Atualmente, como um universitário e devido à correria dos prazos da vida, em certos momentos acabo não dando a devida atenção para o controle e minha alimentação fica entre aceitável e ruim.

(Foto: arquivo pessoal)

Tem alguma história curiosa de sua vida relacionada ao Diabetes?

Acredito que a empatia dos outros ao meu redor seja uma história curiosa em relação ao meu diagnóstico. No ensino básico, meus lanches eram preparados exclusivamente para mim, lembro que não colocavam açúcar em minhas refeições e sempre separavam minhas porções. Também, é bem comum eu ir a festas e algo do tipo e ter sempre reservado pra mim uma bebida zero (açúcar) e algum tipo de alimento. Acredito que em relação a este último relato é mais em consequência da minha infância, onde o tratamento não era tão moderno, inexistindo a contagem de carboidratos e, devido a isso, a alimentação era bastante restrita.

Você frequenta algum grupo ou associação que tem como foco o auxílio a pessoas com Diabetes?

Faço acompanhamento no Hospital das Clinicas da UFMG em Belo Horizonte e lá, após as consultas, tem uma roda de conversa sobre o diabetes com profissionais da saúde e com os pacientes do dia. Porém, quando criança, eu frequentava a Associação de Diabéticos Infantil da minha cidade e gostava bastante, pois não me sentia a única pessoa que tinha o diagnóstico.

Se alguém que acabou de ser diagnosticado com Diabetes te pedisse um conselho, qual você daria?

Tenha calma e paciência. É possível ter uma vida tranquila e sem problemas provocados pelo diabetes, mas é preciso disciplina, saber fazer boas escolhas e ter noção das consequências dessas escolhas. E que embora o desânimo se faça presente, é sempre hora de recomeçar.

Quem é a pessoa que mais te acompanha e fica em cima para te ajudar no controle glicêmico?

Todos que convivem comigo, principalmente meus pais. Mas desde sempre meus amigos, primos e conhecidos me chamavam atenção quando eu dava algum descuido e acabava fazendo as escolhas erradas.

Ter diabetes é…

… Ter que fazer escolhas. É acertar e errar. É chutar o balde. É recomeçar. É ser maleável. É ter que aprender a ter disciplina. E é também aprender a ser paciente.

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