Viemos, vimos e vencemos! O Acampamento NR — ADJ — UNIFESP 2020 (parte 1)
A frase “Jamais volte para um lugar onde foi feliz” não se aplica neste sentimento e contexto. Jamais é tarde para aprender, educar e ir além dos seus limites, você pode ser jovem e pensar longe demais, ou pode ser mais velho e idealizar objetivos que não agregarão em quase nada.
Eu sou grato pelo que a minha vontade e o desejo de tantas outras pessoas em fazer algo dar certo… Rumarem para que algo realmente dê certo. E deu muito certo!
Após oito anos voltei para um lugar realmente inesquecível que fisicamente está um pouco longe (O NR1 fica em Sapucaí Mirim, uma cidade do sul de Minas Gerais que dista 489 Km da capital Belo Horizonte e 157 Km da cidade de São Paulo), mas que está sempre perto quando o assunto é uma boa história.
Como se não bastasse ser um acampamento direcionado para crianças e adolescentes e que desde 1953 funciona como um meio de unir pessoas e natureza de forma cooperativa, também existe o Acampamento NR — ADJ — Unifesp desde 1980, são 40 anos dedicados a educação de diabetes para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos. Não são apenas eles que aprendem.
Na temporada de 2020 o acampamento aconteceu entre os dias 28 de janeiro e 2 de fevereiro, quase uma semana em que você se desliga do mundo sem necessariamente sair dele. Entendeu? Tudo bem, vou explicar.
Quando uma pessoa está em outro país e outra cultura, sem conhecer ninguém, ela precisa se adaptar e mudar algumas ações para viver bem e com o diabetes e o acampamento é parecido, todos ali já convivem com ele, mas jamais pararam para pensar sobre ou refletir sobre o diabetes e é neste ponto em que o NR e toda a equipe atua: todos são iguais e todos querem aprender e passar ensinamentos, mesmo que não percebam que são exemplos.
Como eu entro na história? Eu falei que voltei após oito anos, certo? Só que desta vez como monitor, mas acima de tudo um Jovem Líder em Diabetes. Estar como um JLD reúne muitos direitos e deveres, responsabilidades que visam apenas o bem do próximo. Ok, tenho experiência em diabetes (são mais de 11 anos com DM1) e mesmo não sabendo tudo me sentia capaz de ser um exemplo, mas eu jamais trabalhei diretamente com crianças e ainda mais por um tempo elevado como este.
A verdade é que um dia antes de ir para lá eu estava muito ansioso sobre como seria tudo, quase um “Por que somos o que somos?” e “Por que fazemos o que fazemos?”. Eu estava ali porque sabia o que queria e estava feliz por isso. Se o sorriso é verdadeiro não tem nada que o abata.
EU VOLTEI PARA O NR COMO MONITOR!!!
E eu queria ser monitor há algum tempo, mas sempre ficava com o pé atrás e na dúvida de fazer o certo, mas desde outubro de 2019 quando voltei para a ADJ (Associação de Diabetes Juvenil) eu mergulhei de cabeça, fui leve e sabia que me levaria para coisas boas. No alvo!
EU FUI UM JLD E MONITOR!!!
Foram noites de pouco sono, é verdade, mas tudo valeu a pena, todas atividades, todas as preocupações, todas as comidas (e não foram poucas), mas se relacionar diretamente com quem não é diferente de você chama muito a atenção. E não é preconceito inverso é apenas um sentimento de pertencer ao lugar, com ou sem diabetes, todos ali desfrutaram de tudo.
No quarto que fiquei ficaram sete meninos entre 10 e 11 anos, mais um professor de educação física e um monitor do NR, todos eles, inclusive eu, com diabetes, todos contavam carboidratos, mediam suas glicemias e aplicavam insulina. Teve acampante que aprendeu aplicar em lugares novos.
ME ENCHE DE ORGULHO QUANDO ALGUÉM SUPERA SEUS “LIMITES”
Um dos acampantes do quarto não conseguia e reclamava muito sobre a aplicação de insulina nos flancos, uma região um pouco acima das nádegas e um dos melhores lugares de aplicação de insulina. No começo ele não queria, até quase chorou. Mas não chorou, ele mesmo ressalta. Quando finalmente ele teve a firmeza e a certeza de fazer o certo, deu certo, ele conseguiu, falou apenas que ardeu um pouco, mas isso é questão de experiência e aprendizado, o mais importante ele conseguiu.
Não consigo contar tudo em apenas um texto, mas considere a parte um de alguns artigos. E sim, deu certo!