BoxBoy!

Lucas Pinheiro Silva
Diário de um Gamer
2 min readFeb 9, 2018

Em algum lugar da minha mente tem uma lista de “Jogos que Considero uma Obra-Prima de Game Design”. Nela estão inclusos games como Tetris, Prince of Persia, Chrono Trigger, Fallout e Portal. Há jogos que eu possa gostar mais, mas esses aqui foram tão bem projetados que merecem ser, pelo menos, respeitados e estudados. BoxBoy!, lançado para 3DS em 2015, é um novo integrante dessa lista metafórica.

BoxBoy! é um puzzle-platformer simples, muito simples. Você anda pro lado, pula, soluciona quebra-cabeças e tenta chegar ao fim do estágio. Sua única mecânica marcante é o fato de Qbby, o protagonista quadrilátero, poder criar uma série de caixas interconectadas.

O que torna o game especial é seu foco. Nenhum outro tipo de forma de interação é adicionada. Do início ao fim, a única coisa que Qbby é capaz de fazer é criar essa série de caixas. Alguns níveis permitem fazer séries maiores, mas é isso. Nada de novos poderes ou habilidades.

Esse foco permite explorar todas as possibilidades possíveis dessa mecânica. As caixas servem como plataformas, barreiras, soluções para puzzles, defesa, ganchos improvisados, escadas… Cada mundo insere algum novo elemento (lasers, espinhos, botões), mas sua ferramenta para contornar os problemas é sempre a mesma.

“Foco” e “repetitividade” são separados por uma linha bem tênue, mas BoxBoy! é tão bem projetado que ela nunca é cruzada. A mecânica básica se demonstra versátil, os quebra-cabeças são satisfatórios do início ao fim e os níveis compactos e intuitivos.

Demonstrando que game design não é só uma questão de mecânicas, envolvendo também considerações como a plataforma-alvo da obra, o core loop é super curto. Cada nível pode ser concluído em no máximo dois minutinhos, gastando-se cerca de 20 minutos por mundo. É realmente um game perfeito para se jogar na rua, fila de banco ou ônibus. Até parece que foi feito com uma console portátil em mente…

Talvez o minimalismo e simplicidade não precisassem incluir a estética audiovisual. O game tem apenas duas cores, formas simples (quadriláteros para todo lado), história de pano de fundo e trilha sonora não muito marcante. Entretanto, acho que qualquer coisa muito mais elaborada poderia danificar extremo foco e coesão que permeia essa obra. Por mais que BoxBoy! faça apenas uma coisa, a faz com maestria. É mais do que se pode dizer de muitos games por aí.

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Lucas Pinheiro Silva
Diário de um Gamer

Estudante de história e fascinado pela indústria de entretenimento digital. Algumas vezes finjo que sei escrever e publico alguma coisa.