O evangelho adulterado

Alexandre Amin
diarioreformado
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3 min readJan 25, 2018

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho,o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” — Gálatas 1.6–9 (RA).

Ao contrário do costume da época e do próprio Paulo, a seção de ações de graças é pulada, e o apóstolo passa rapidamente à repreensão que demonstra o propósito de sua carta: defender o Evangelho dos que o adulteravam.

Paulo está admirado, pois não esperava que aqueles que tinham sido chamados na graça de Cristo, negassem tão rapidamente o favor imerecido de Deus e se apegassem à falsos ensinamentos que conduziam à morte. Outro evangelho estava sendo pregado, que pervertida o verdadeiro Evangelho de Cristo, pois adicionava elementos à mensagem suficiente e verdadeira. Nesse caso específico, tratava-se da circuncisão como condição para salvação (Gl 5.2; At 15.1). Talvez alguns pensassem que não seria um problema, pois eram apenas adições mínimas e pontuais. Mas como a própria Palavra de Deus nos orienta, quando adicionamos pouco de fermento à massa, toda ela ficará levedada (Gl 5.9; Mt 16.5–12; 1Co 5.6). É como adicionar uma gota de veneno a uma bebida saudável, ela se tornará letal. “Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl 5.2).A repreensão de Paulo é severa, ele invoca efetivamente uma maldição sobre todos que tentarem adulterar o conteúdo do Evangelho, mesmo que seja ele mesmo ou até um anjo vindo do céu.

Fica claro, portanto, que o conteúdo do Evangelho não pode ser alterado (nem diminuído, nem acrescentado), pois é suficiente para a salvação. O Evangelho de Cristo é: “o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 2.16); “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Crer ou pregar um evangelho diferente é afastar-se da graça de Cristo (Gl 5.4), que nos chamou mediante sua morte na cruz e ressurreição. Além disso, pregar um evangelho adulterado é incorrer na maldição de Deus.

Quanto mais conhecemos e nos apegamos ao conteúdo do Evangelho verdadeiro, mais nos alegramos e desfrutamos da graça de Cristo em nosso favor. Por isso, precisamos cuidar com as tendências e modismos que visam alterar o Evangelho, mesmo que na intenção de explica-lo. O engano é sempre sutil e sedutor, mas comprometerá a integridade do ensino de Cristo e nos levará para longe do Pai. Cuidemos com as ideologias políticas dos nossos tempos, que oferecem explicações e soluções para os problemas da sociedade que são diferentes do Evangelho de Cristo. Cuidemos com as novidades e adições no culto público, que se mostram interessantes do ponto de vista pragmático, mas que nos afastam da obediência como resposta de amor ao nosso Senhor. Cuidemos com a nossa natureza de pecado, que buscará a todo tempo nos afastar da mensagem suficiente da graça de Cristo e nos transportar para o erro de confiar em nós mesmos ou em qualquer outra coisa que não seja a Palavra do nosso Pai amoroso.

“No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na tua salvação” (Salmos 13.5).

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