Cuidado para não se machucar com a navalha de Ockham (pense um pouco no próximo)

Leonardo Miranda
Didaticamente
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3 min readNov 11, 2017

A navalha de Ockham é um princípio metodológico atribuído a Guilherme de Ockham ( Ou William se preferir), um monge inglês, que realizou trabalhos dentro da teologia e filosofia. Apesar de atribuído a ele, a navalha de Ockham não foi necessariamente inventado por ele e também não pode ser interpretado como um argumento, mas sim como um pressuposto para a construção de um.

Guilherme de Ockham ( 1285–1347)

Esse mesmo tipo de pensamento pode ser encontrado em escritos mais antigos e é denominado como o princípio da parcimônia. Ele postula(em uma explicação simples e grosseira) que em determinadas explicações de um fenômeno, é preferível escolher o caminho mais simples.

Em suma, é possível exemplificar assim: Duas pessoas avistam um fenômeno desconhecido, a primeira propõe uma resolução totalmente absurda e de difícil checagem. Já a segunda tenta explicar de maneira mais sucinta, com explicações mais realistas. Seguindo a parcimônia, a explicação da segunda pessoa deve ser a mais próxima da realidade que explica o fenômeno. Pense em desenhos em plantações, histórias de “chupa-cabra” ou qualquer outra conspiração, com uma simples pesquisa é possível verificar a eficácia da navalha de Ockham e encontrar respostas muito simples.

A pluralidade não deve ser posta sem necessidade — Guilherme de Ockham

Mas apesar de sua eficiência dentro dessas explicações e no campo das ciências da natureza, é preciso tomar um pouco de cuidado. Muitas vezes usamos esse princípio no cotidiano e até em trabalhos acadêmicos dentro áreas totalmente complicadas, nas explicações para fenômenos sociais. Para exemplificar vamos pegar dois comportamentos sociais que são motivos de muitas discussões na atualidade e se pensados de uma maneira reducionista fazem as pessoas caírem em armadilhas perigosas: “Lula é líder das pesquisas para presidente” e “Bolsonaro para presidente em 2018”

Mas apesar de sua eficiência dentro dessas explicações e no campo das ciências da natureza, é preciso tomar um pouco de cuidado. Muitas vezes usamos esse princípio no cotidiano e até em trabalhos acadêmicos dentro áreas totalmente complicadas, nas explicações para fenômenos sociais. Para exemplificar vamos pegar dois comportamentos sociais que são motivos de muitas discussões na atualidade e se pensados de uma maneira reducionista fazem as pessoas caírem em armadilhas perigosas: “Lula é líder das pesquisas para presidente” e “Bolsonaro para presidente em 2018”

Bolsonaro vs Lula preparem suas apostas

Ao simplificar essas atitudes caímos em duas armadilhas principais : (1) São criados preconceitos, que dividem mais as pessoas, tirando a humanidade das conversas e dos comportamentos. Frases como “Esse povo vota na Lula porque é tudo preguiçoso”, “Quem vota no Bolsonaro é fascista, machista e nazista”, criam animosidades, não há diálogo, o perfil é criado e leva ao segundo problema.

(2) Não chegamos nem próximo de discutir o verdadeiro porquê desses comportamentos. Há problema sim em um recém condenado ser o líder das pesquisas para o maior cargo do executivo nacional e também em uma pessoa tão intolerante ser cogitada e ter uma grande voz na disputa para o mesmo cargo.

Mas a etiqueta dos dois já foi posta e se você vota no Bolsonaro, você com certeza é um nazista, assim como votar no Lula te torna um petista que não quer trabalhar. Não é discutido o que realmente se passa pela cabeça das pessoas, o que elas esperam de um político, o que elas querem que melhore e os valores que elas seguem. Porque talvez que veja no Bolsonaro algo de bom, pense na família e os que gostam de Lula tenham esperanças pelo passado. Mas no fim isso não importa, quem vence é a intolerância de ambos os lados.

E isso pode ser colocado em muitas outras divergências, qualquer discussão que se polarizar, pode machucar e fazer sangrar com a navalha de Ockham. Mas isso pode ser evitado, com leve reflexão de que os interesses das pessoas talvez não seja medido por um simples etiqueta.

Os que zombam de tudo põem uma cidade inteira em confusão, mas os sábios mantêm tudo em paz. — Provérbios 29:8

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Leonardo Miranda
Didaticamente

Cursa Licenciatura em biologia na UFSCar - Campus Sorocaba. Professor de biologia, Filosofo de internet e Teólogo Amador.