Henry e Joel, resistindo e sobrevivendo (The Last of Us, ep.5 — Resistir e sobrevier e The Last of Us, ep.6 — Parentesco)

Leonardo Miranda
Didaticamente
Published in
2 min readFeb 24, 2023

Spoliers a frente

Quais são os limites éticos quando se trata de salvarmos quem amamos?

O certo e o errado, são certo e errado independente da situação que se apresenta?

Dentro de uma situação segura, em nossas casas, assistindo uma série de televisão com comida ou escrevendo um texto para internet enquanto espero o almoço ficar pronto, as respostas são simples.

Mas e com a fome batendo a porta? com o frio? com a insegurança de que haverá um amanhã? O que é aceitável ou não fazer para sobreviver?

Será que Henry deveria ter assistido a morte lenta de seu irmão por uma doença mortal?

Será que Joel deveria ter mantido sua integridade moral ao invés de salvar a pele de Tommy?

O que poderia ser mais importante do que a vida de quem amamos? Será que existe ética maior do que isso?

Longe de mim ter certezas, vivo com dúvidas assim como Joel, Henry, e Tommy vivem com remorso e traumas de seus atos. Com certeza eles não são psicopatas ou sociopatas sem empatia, são homens de carne e osso que no limite da sobrevivência cometeram atos moralmente questionáveis e estão pagando física e mentalmente por isso, não foram atos aleatórios de vileza e sem consequências.

Em situações estáveis de temperatura e pressão, como os professores de física adoram falar, até pode existir uma ética estática. Mas conforme a estabilidade avança e esses seres humanos são colocados em situações insalubres de sobrevivência, não vai se criando também uma zona cinzenta? Não que isso seja uma justificação de atos vis, mas sim um entendimento de que em determinadas situações, pessoas boas cometem atrocidades pela sobrevivência.

Henry foi um herói salvando seu irmão Sam ao delatar e por consequência matar um homem? Não, definitivamente. Mas isso o torna um visão? Com certeza não.

Não existem heróis como gostamos de pensar. Joel é um herói por manter Tommy no passado e Ellie no presente matando outros homens? Não, definitivamente não. Mas ele é um vilão? Também não.

Mas a nossa ânsia por rótulos e caixinhas faz com que busquemos redenção ou condenação para as personagens, quando deveríamos aceitá-las e tentarmos entendê-las pelo o que elas são e não por meio de nossas idealizações.

--

--

Leonardo Miranda
Didaticamente

Cursa Licenciatura em biologia na UFSCar - Campus Sorocaba. Professor de biologia, Filosofo de internet e Teólogo Amador.