Universo Paralello

Diego Bonetti
Diego Bonetti
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5 min readJun 1, 2018

Festival de ano novo reúne música, arte e cultura nas areias do Nordeste

Pista principal do festival Universo Paralello

Mais que um festival de arte e cultura, o Universo Paralello é uma experiência de renovação. Cada um possui uma interpretação própria. São sete dias imersos à cultura, arte e música. No entanto, a vivência vai além da curtição de uma virada de ano, é um imenso aprendizado.

A proposta é proporcionar o respeito ao próximo, à cultura em suas diversas formas, à expressão do amor, seja ele pelas pessoas, pela natureza ou pela música. É um mundo para expressar a liberdade do corpo, mente e alma. Um universo que muitos compreendem como um estudo do eu interior. Diversas pessoas sentem suas vidas transformadas depois do festival. E neste relato conto um pouco sobre os efeitos da experiência estética que este festival ocasionou na minha vida.

O festival ocorre na paradisíaca praia de Pratigi, localizada no sul da Bahia. A conexão com a natureza é instantânea. Seja pelo azul do mar, ou azul do céu. Músicas de todos os tipos são ouvidas pelas seis tendas que abrigam o festival. Há quem goste da acelerada música eletrônica ou a suavidade de uma deliciosa bossa nova. Ali, se encontram os mais variados estilos e pessoas das mais distintas tribos.

Multidão se reúne em uma das pistas sob o forte sol da Bahia

A ida ao Universo Paralello pede por uma mente aberta. Para entrar na experiência é preciso estar de mente vazia, com zero preocupações, e esta é uma das maiores propostas do evento: se desligar do mundo, para não se distrair de todo o resto que deve ser aproveitado.

Esqueça a maquiagem, a preocupação de estar bem arrumado ou super bem vestido. A ideia aqui é exatamente o contrário, o conforto é quem manda. Não falo daquele conforto que sentimos ao estarmos em casa, pois acampar na Bahia nunca será a tarefa mais simples do mundo. Sim, são sete dias acampando nas quentes areias do Nordeste em pleno verão. Ou seja, dormir pela manhã está fora de cogitação.

É um verdadeiro resgate às coisas simples e dar o devido valor ao que esquecemos quando estamos sendo regidos pelo sistema da cidade grande.

Não existe uma determinada área de camping. O festival é livre para encontrar sua própria sombra.

Defino o Universo Paralello como o playground dos amantes da música. Um verdadeiro parque de diversões abrangendo os mais variados estilos ao começar pelo O UP Club: Palco voltado para o low BPM, onde se apresentaram diversos artistas brasileiros e internacionais, tocando do deep house ao techno e tudo que há de melhor num visual voltado para o mar, numa estrutura toda de bambu, coberto por lycras multicoloridas aflorando todos os sentidos.

Pista UP Club: Decoração vibrante com vista deslubrante

O 303 Stage é um palco voltado 100% ao high BPM das sub vertentes do trance, como o high tech. Já o Chillout possui um nome autoexplicativo. Cada dia você ouve um ritmo diferente: samba, reggae, música indiana, árabe, trip rock, drum n’ bass e por aí vai. De tudo um pouco pra você relaxar de frente para o mar. A maioria das apresentações são performadas ao vivo.

Chillout: Espaço para relaxar sob a marcante estrutura de bambus e lycras coloridas

O Tortuga teve bastante mistura também: hip hop, dubstep, trap… Um palco mais alternativo e a decoração com formato de polvo, cujos tentáculos foram desenvolvidos em lycras causando a sombra necessária para a dança incessante. Enquanto isso, o Palco Paralello recebeu lendas da música brasileira, como Lenine e Gabriel Pensador. Um ambiente bem cultural e mais voltado para bandas, cantores e rappers.

Palco Tortuga: Os tentáculos do polvo são facilmente identificados na imagem aérea

Já o Main Floor é histórico. O coração do festival conta com uma lona em decoração de escama de cobra referente ao conto de Adão e Eva, tema que foi abordado pelo flyer de divulgação do evento. As cores por todo festival se fazem vibrantes e nos remetem ao psicodelismo muito vivo na década de 1970.

Main Floor: Palco principal do festival, onde as principais atrações do evento se apresentaram

O Universo Paralello vai muito além da música. A arte e cultura coexistem em plena harmonia com as pistas de danças e o Circulou é um grande exemplo disso. Trata-se de Zona de Preservação das Culturas do Universo Paralello — um grupo fantástico de pessoas que realizam diversas oficinas e atividades culturais. Neste espaço você encontra teatro, malabares, palhaços, danças, apresentações musicais de todos os tipos, oficinas de artesanato, palestras, reiki e muito mais.

Em quase todos os dias, das 10h às 14h, ocorrem as sessões do Diksha, uma tradição do Universo Paralello que atrai muitas pessoas em busca de um estado meditativo para curtir ainda mais o festival. A Diksha é uma transmissão de energia que busca aquietar a atividade mental, propiciando experiências de transcendência e expansão da consciência.

Circulou: Espaço de manifestações culturais, oficinas e experimentações de yoga e reiki

Inúmeras mostras, documentários e filmes são exibidos no festival. O cenário vai de contra a tudo que pensamos sobre cinema. As imagens são projetadas em lycras presas aos coqueiros e as pessoas se acomodam em almofadas, cangas e estruturas distribuídas pelas areias da praia. Uma experiência realmente incrível.

Frequentadores do festival se acomodam para mais uma sessão de cinema no festival

O festival se parece com uma cidade em pleno funcionamento. De teatro à pista de dança, de cinema à praça de alimentação. E claro, você como habitante dessa aldeia por sete dias respirando arte, cultura e música. Sem dúvidas é a experiência estética mais marcante de tudo que já vivenciei.

E como se não bastasse, os sete dias mencionados compreendem justamente a virada do ano. De 28 de dezembro a 3 de janeiro. De longe o reveillón mais cultural existente no Brasil.

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